ARTIGOS ORIGINAIS

Antagonismo de bactérias ácido láticas autóctones de leite cru contra Staphylococcus aureus ATCC 12600 e Escherichia coli ATTC 25922

Antagonism of autochthonous lactic acid bacteria from raw milk against Staphylococcus aureus ATCC 12600 and Escherichia coli ATTC 25922

Antagonismo de bacterias ácido lácticas autóctonas de la leche cruda contra Staphylococcus aureus ATCC 12600 y Escherichia coli ATTC 25922

Lohany Pedrosa Mateini Silveira 1
Brasil
Nykole de Oliveira Salazar Dias 2
Brasil
Priscila Siqueira de Almeida 3
Brasil
Paula Aparecida Martins Borges Bastos 4
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense, Brasil

Antagonismo de bactérias ácido láticas autóctones de leite cru contra Staphylococcus aureus ATCC 12600 e Escherichia coli ATTC 25922

Vértices (Campos dos Goitacazes), vol. 21, núm. 3, 2019

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense

Este documento é protegido por Copyright © 2019 pelos Autores

Recepción: 13 Agosto 2019

Aprobación: 29 Octubre 2019

Resumo: O objetivo da pesquisa foi isolar e detectar o efeito antimicrobiano in vitro de bactérias ácido láticas (BAL) autóctones isoladas de leite cru, proveniente de Bom Jesus do Itabapoana/RJ-Brasil, contra Staphylococcus aureus ATCC 12600 e Escherichia coli ATTC 25922. As amostras de leite cru foram submetidas a contagem e isolamento, através da técnica de profundidade, em ágar MRS e M17. Os isolados de BAL foram confirmados após a realização da prova da catalase e coloração de Gram. A etapa de atividade antimicrobiana consistiu no teste de sobrecamada a partir do plaqueamento de superfície em ágar MRS e M17 e, por cima, o meio TSA com o patógeno inoculado. Foram analisadas 10 amostras, nas quais 55% dos resultados da contagem prevaleceram no 4 log UFC/mL. Das 95 cepas isoladas, 74 apresentaram características de BAL, e destes, 37 foram avaliados quanto à sua atividade antagônica sobre S. aureus e E. coli. Aproximadamente 76% dos isolados utilizados para teste de atividade antimicrobiana contra S. aureus e E.coli apresentaram ação inibitória contra pelo menos um dos patógenos testados. Ao que se tem conhecimento, esse é o primeiro estudo envolvendo cepas de BAL autóctones oriundas de leite da região Noroeste Fluminense.

Palavras-chave: Atividade antimicrobiana, BAL, Ação inibitória, Microrganismos patogênicos.

Abstract: The objective of this research was to isolate and detect the in vitro antimicrobial effect of autochthonous lactic acid bacteria (LAB) isolated from raw milk from Bom Jesus do Itabapoana (Brazil) against Staphylococcus aureus ATCC 12600 and Escherichia coli ATTC 25922. The raw milk samples were counted and isolated by pour plate technique on MRS and M17 agar. LAB isolates were confirmed after catalase test and Gram staining. The antimicrobial activity step consisted of the overlayed test by spread plate on MRS and M17 agar and, above, the TSA medium with the inoculated pathogen. Ten samples were analyzed, in which 55% of the counting results prevailed at 4 log CFU/mL of the 95 isolated strains, 74 presented LAB characteristics, and of these, 37 were evaluated for their antagonistic activities on S. aureus and E. coli. Approximately 76% of the isolates used for antimicrobial activity against S. aureus and E. coli showed inhibitory action against at least one of the pathogens tested. As far as it is known, this is the first study involving autochthonous LAB strains from milk in northwestern Rio de Janeiro.

Keywords: Antimicrobial activity, LAB, Inhibitory action, Pathogenic microorganisms.

Resumen: El objetivo de este estudio fue aislar y detectar el efecto antimicrobiano in vitro de las bacterias ácido lácticas autóctonas (BAL) aisladas de la leche cruda de Bom Jesus do Itabapoana (Brasil) contra Staphylococcus aureus ATCC 12600 y Escherichia coli ATTC 25922. Las muestras de leche cruda se contaron y aislaron por técnica de profundidad en agar MRS y M17. Los aislados de BAL se confirmaron después de la prueba de catalasa y la tinción de Gram. El paso de la actividad antimicrobiana consistió en la prueba de superposición de la superficie de placas en agar MRS y M17 y, arriba, el medio TSA con el patógeno inoculado. Se analizaron diez muestras, en las que el 55% de los resultados del recuento prevalecieron a 4 log UFC / mL. De las 95 colonias aisladas, 74 tenían características BAL, siendo que 37 de ellas fueron testadas cuanto a actividad antimicrobiana contra S. aureus e E. coli. Aproximadamente el 76% de los aislamientos utilizados para la actividad antimicrobiana contra S. aureus y E. coli mostraron acción inhibitoria contra al menos uno de los patógenos probados. Según nuestro conocimiento, ese es el primer estudio acerca de aislados que involucra cepas de BAL autóctonas de leche del noroeste de Rio de Janeiro.

Palabras clave: Actividad antimicrobiana, BAL, Acción inhibitoria, Microorganismos patógenos.

1 Introdução

Bactérias Ácido Láticas (BAL) são bactérias caracterizadas como cocos ou bastonetes Gram-positivas, não formadoras de esporos, tolerantes a ácidos, capazes de fermentar os carboidratos, anaeróbicas, porém aerotolerantes, catalase negativas e geralmente imóveis (POFFO; SILVA, 2011; DJADOUNI; KIHAL, 2012). Essas bactérias estão amplamente distribuídas em diversos alimentos, principalmente o leite, carne e produtos fermentados, compondo a microbiota natural e contribuindo para as características sensoriais favoráveis nos produtos (MEZAINI et al., 2009).

A caracterização de novos isolados de BAL presentes em diversos produtos fermentados tradicionais tem sido objeto de pesquisa em várias partes do mundo, buscando compreender, identificar e explorar as atividades que desempenham no alimento (MEZAINI et al., 2009; MACHADO et al., 2011; YUSRA et al., 2013; COTELO et al., 2013; BISCOLA et al., 2014; QUERO et al., 2014; MANGIA et al., 2014; NOURI et al., 2015; FGUIRI et al., 2015; FRAU et al., 2016; ISPIRLI; DERTLI, 2017; SARI; SURYANTO; YURNALIZA, 2018; QIAN et al., 2018; DIAS; SILVA; TIMM, 2018; ADEYEMO; AGUN; OGUNLUSI, 2018). A microbiota autóctone desses produtos pode incluir cepas bacterianas com propriedades diferentes, como produção de compostos antimicrobianos, que podem afetar o crescimento de patógenos, e, consequentemente, aumentar a segurança alimentar (ISPIRLI; DERTLI, 2017; SARI; SURYANTO; YURNALIZA, 2018).

De acordo com Suskovic et al. (2010), o foco primário das pesquisas relacionadas à segurança e qualidade dos alimentos continua a ser o controle das bactérias indesejáveis, incluindo a Escherichia coli (E. coli) e Staphylococcus aureus (S. aureus) (COSTA et al., 2012). A presença dessas bactérias aponta, na maioria das vezes, que o alimento obteve condições sanitárias insatisfatórias no decorrer do caminho até a mesa do consumidor (MANGIA et al., 2014). A E. coli é uma bactéria Gram-negativa que indica uma contaminação de origem fecal (DUARTE et al., 2013), enquanto a bactéria S. aureus é Gram-positiva e sua presença nos alimentos é um indicativo de manipulação sem cuidados de higiene (MACHADO et al., 2011).

As BAL são conhecidas por inibir um grande número de bactérias patogênicas Gram-positivas e Gram-negativas. Sob esta perspectiva, Nouri et al. (2015) investigaram o efeito antagonista de BAL isoladas de diferentes queijos. Foi relatada a presença de atividade antagônica contra E. coli, S. aureus, Bacillus cereus e Citrobacter freundii. Múltiplos fatores são relacionados com essa atividade exercida pelas BAL, tais como a competição por nutrientes e produção de metabólitos, como bacteriocinas, diacetil, peróxido de hidrogênio e, principalmente, os ácidos orgânicos (ácido láctico e ácido acético) que diminuem o pH do meio e impossibilitam a proliferação de microrganismos não resistentes ao meio ácido (REIS et al., 2012; DUARTE et al., 2013).

Atualmente, há um crescente interesse na indústria de alimentos para o desenvolvimento de técnicas que possibilitem a inibição ou retardamento à multiplicação bacteriana, na tentativa de satisfazer os consumidores que estão mais exigentes e atentos aos conservantes artificiais contidos nos produtos alimentícios (CHESCA et al., 2009; NOURI et al., 2015). Duarte et al. (2013) destacam a técnica de biopreservação ou bioconservação utilizada pela indústria, que consiste no uso de microrganismos inócuos com capacidade de exercer atividade inibitória frente a microrganismos indesejáveis. Na mesma linha, as bactérias ácido láticas despertaram muito interesse e têm sido objeto intensivo de investigação devido ao seu potencial de aplicação na bioconservação em alimentos, pois são úteis para controlar o desenvolvimento frequente de microrganismos deteriorantes e patogênicos (SUSKOVIC et al., 2010; ADEYEMO; AGUN; OGUNLUSI, 2018).

A presente pesquisa teve como objetivo isolar e detectar o efeito antimicrobiano in vitro de bactérias ácido láticas autóctones isoladas de leite cru, proveniente de Bom Jesus do Itabapoana/RJ-Brasil, contra Staphylococcus aureus ATCC 12600 e Escherichia coli ATTC 25922.

2 Metodologia

Foram analisadas dez amostras de leite cru provenientes de tanques de expansão individuais e comunitários do 1° e 4° Distrito de Bom Jesus do Itabapoana/RJ, cuja destinação é uma Cooperativa de Laticínios localizada na região Noroeste Fluminense.

Cada volume da amostra de leite foi coletado em frasco estéril e transportado em caixa isotérmica com gelo para o Laboratório de Microbiologia de Alimentos e Água do Instituto Federal Fluminense (IFF) Campus Bom Jesus do Itabapoana para realização das análises.

2.1 Contagem

A contagem das BAL foi realizada por meio do plaqueamento em profundidade utilizando como solução diluente o Caldo Citrato de Sódio 2% e os meios de cultura Ágar De Man, Rogosa e Sharpe (MRS) e Ágar M17 (Himedia®) incubadas em jarras de anaerobiose com atmosfera de CO2 a 37/30 °C, respectivamente, por 48 horas. Os resultados foram expressos em UFC/mL.

2.2 Isolamento

Após a contagem de BAL, as colônias morfologicamente diferentes foram isoladas em Caldo MRS, sendo em seguida estriadas em Ágar MRS a 37 °C/48 horas para comprovação de cepas puras. Coloração de Gram e prova bioquímica da catalase foram realizadas para confirmação de bactérias ácido láticas.

2.3 Atividade antagonista

Dos isolados confirmados como BAL, 37 foram testados para detecção de atividade antagonista in vitro contra cepas de Staphylococcus aureus ATCC 12600 e Escherichia coli ATTC 25922 utilizando a técnica de sobrecamada tendo por base a metodologia descrita por Nero et al. (2009) e Voulgari et al. (2010). Inicialmente, realizou-se plaqueamento em superfície das BAL em Ágar MRS e M17, com incubação em jarra de anaerobiose com ambiente de CO2 por 48 horas a 37/30 °C, respectivamente. O inóculo patogênico foi semeado em Ágar Nutriente a 37 °C/18 horas e diluído em Solução Salina (0,85%) em uma concentração de 1,5 x 108 UFC/mL, conforme a escala 0,5 de Mac Farland. Posteriormente, o inóculo foi adicionado ao meio de cultura Tripticase Soy Agar (TSA/Prodimol®) e vertido nas placas contendo BAL, sendo reincubadas a 37 °C/48 horas. Após esse período, realizou-se a leitura, sendo considerados indicativos de inibição as amostras contendo menos de 25% da placa com crescimento do patógeno inoculado e a formação de um halo translúcido na sobrecamada de TSA ao redor das colônias de BAL.

3 Resultados e Discussão

3.1 Contagem

Na presente pesquisa, a contagem microbiana de bactérias ácido láticas das amostras analisadas variou de 3 log a 6 log UFC/mL. Os valores encontrados nesta pesquisa se assemelham ao encontrado por Cotelo et al. (2013) na microbiota do leite, com uma ampla oscilação entre 1 x 102 e 1 x 108 UFC/mL na contagem de BAL presentes nesse alimento. Segundo Delavenne et al. (2012 apudOLIVEIRA et al., 2016), a contagem de bactérias ácido láticas corresponde a 20-30% da microbiota total existente no leite cru. Freire et al. (2017), em um trabalho sobre isolamento e caracterização das BAL a partir de leite cru comercializado em Minas Gerais/Brasil, encontraram uma contagem de 1,94-2,68 x 106 UFC/mL. Uma quantidade menor de BAL (8×105 C22) foram encontradas por Melia et al. (2017) em trabalho similar, ao identificar BAL nativas de leite cru de búfala na Indonésia. Do mesmo modo, Bluma e Ciprovica (2015) detectaram uma população média de BAL de 9,27 × 103 UFC/mL no leite cru. De acordo com Elgadi, Gadir e Dirar (2008), as amostras de leite analisadas continham Lactobacillus e Lactococcus na faixa de 3,50-6,30 e 3,48-6,31 log mL-1, respectivamente. Logo, é difícil estabelecer um padrão de BAL presentes no leite cru, porém vale ressaltar que ORDÓÑEZ et al. (2005) atribuem a proliferação microbiana das BAL no leite a três fatores principais: a microbiota do interior do úbere, a contaminação externa (desde o momento que sai do úbere) e aos equipamentos de ordenha e outros utensílios. Em contrapartida, Hermanns et al. (2013) afirmam que o crescimento de BAL em produtos lácteos é totalmente influenciado pela região geográfica onde foi produzido.

3.2 Isolamento

Das 95 colônias isoladas, 74 foram Gram-positivas e catalase negativas, sendo confirmadas como BAL. O leite cru é composto por uma microbiota rica em BAL, podendo apresentar bactérias dos seguintes gêneros: Enterococcus, Lactococcus, Streptococcus, Leuconostoc e Lactobacillus (JAY, 2005). Nossos resultados revelaram que a maioria das BAL isoladas desse alimento apresentaram morfologia de cocos (94,6%), sendo apenas 5,4% de bacilos. Outros estudos também têm apontado uma maior proporção de cocos que bacilos em BAL oriundas de leite cru. Karakas-Sen e Karakas (2018), isolando e identificando BAL a partir de leite cru de vaca de diferentes fazendas leiteiras localizadas em Bursa/Turquia, demonstraram que 62,22% das BAL eram cocos e 37,78% bacilos. Ainda, Freire et al. (2017), através do isolamento de BAL de leite cru comercializado na cidade de Salinas, Minas Gerais/Brasil, identificaram 80% dos seus isolados como cocos e 20% bacilos. Os resultados relatados pressupõem que as BAL isoladas do leite cru de uma determinada região contêm suas próprias características regionais, além de uma microbiota diversificada.

3.3 Atividade antimicrobiana

Para teste de potencial antagonista, foram utilizados 37 dos isolados de BAL (35 cocos e 2 bacilos).

Dos 37 isolados testados contra os dois patógenos, 24 (64,9%) apresentaram atividade inibitória no teste de sobrecamada contra os dois patógenos; 9 (24,3%) não apresentaram atividade inibitória contra nenhum dos dois patógenos; 2 (5,4%) isolados apresentaram atividade inibitória somente contra E. coli; e outros 2 (5,4%) apresentaram atividade inibitória somente contra S. aureus. Os resultados encontrados são semelhantes aos relatados por muitos autores sobre a atividade antimicrobiana de BAL frente a patógenos comuns em alimentos. Karakas-Sen e Karakas (2018) demonstraram que a maioria dos isolados de BAL provenientes do leite cru apresentou ação antimicrobiana sobre Listeria monocytogenes ATCC 7644, Staphylococcus aureus ATCC 25923 e Clostridium perfringes ATCC 13124. Dias, Silva e Timm (2012), estudando a atividade inibitória de BAL isoladas de grãos de kefir frente a Escherichia coli O157:H7 (ATCC 43895), Salmonella enterica subsp. enterica sorotipos Typhimurium (ATCC 13311) e Enteritidis (ATCC 13076), Staphylococcus aureus (ATCC 14458) e Listeria monocytogenes (ATCC 7644), observaram que todos os isolados apresentaram atividade antimicrobiana contra pelo menos um dos patógenos analisados. Mezaini et al. (2009) também observaram ação antagônica de algumas BAL isoladas de produtos lácteos fermentados tradicionais preparados a partir de leite cru (Raib) sobre bactérias Gram-negativas e Gram-positivas, incluindo Staphylococcus aureus ATCC 25923 e Escherichia coli ATCC 25922. Ainda, outros autores revelaram níveis importantes de efeito antibacteriano e antifúngico em cepas de BAL obtidas de produto lácteo típico da Ásia Central (Koumiss e Kurut). Nesse estudo, as cepas foram testadas contra E. coli BC 1402, S. aureus ATCC 25923, B. cereus BC 6830, Y. enterocolitica ATCC 27729 e S. typhimurium RSSK 95091 (ISPIRLI; DERTLI, 2017). Sari, Suryanto e Yurnaliza (2018) mostraram que as BAL provenientes do Bekasam (produto cárneo fermentado típico da Indonésia) foram capazes de inibir os patógenos S. aureus ATCC 25923, E. coli ATCC 25922 e Salmonella sp. em alguma extensão. Costa et al. (2012) confirmaram capacidade de inibição pelos microrganismos L. acidophilus LA5, L. plantarum DCTA 8420 e B. lactis DCTA 8724 para S. aureus FRI 196, B. cereus ATCC 25923, E. coli ATCC 25922 e S. Enteritidis. Djadouni e Kihal (2012), usando Lactobacillus sp. isolado de leite vaca, encontraram uma ampla zona de inibição por essa bactéria ácido lática contra todos os microrganismos testados (Escherichia coli, Pseudomonas sp., Salmonella typhimurium, Salmonella para-typhimurium B, Clostidium sp., Staphylococcus aureus, Streptococcus sp., Listeria ivanovii, B. megaterium ID 07817 e B. megaterium ID 07818).

Diferentemente do efeito inibitório encontrado no presente estudo e nos autores anteriormente citados, Machado et al. (2011) constataram que a microbiota autóctone das amostras de queijo coalho analisadas não afetou o desenvolvimento do microrganismo Staphylococcus coagulase positiva. Castilho et al. (2012) também verificaram que não houve atividade antagonista de BAL de leites fermentados comercializados em Viçosa, MG/Brasil nas bactérias patogênicas Salmonella enterica, Escherichia coli e Staphylococcus aureus. Isso demonstra a importância de se caracterizar as BAL autóctones quanto a seu perfil antimicrobiano, tendo em vista as amplas potencialidades de uso de BAL autóctones em inovação de produtos alimentares ou mesmo alimentos tradicionais que possam vir a ser considerados IG (Índice Geográfico) – ou de origem. A utilização de BAL autóctone com atividade comprovadamente antimicrobiana pode ter grande aplicação na indústria de alimentos, melhorando a segurança e qualidade dos alimentos e preservação das características tradicionais que definem a identidade de onde o produto foi obtido.

Ao que se tem conhecimento, esse é o primeiro estudo envolvendo cepas de bactérias ácido láticas autóctones oriundas de leite da região Noroeste Fluminense. Com a criação de um repositório das cepas comprovadamente com perfil de atividade antimicrobiana, será possível realizar estudos posteriores que permitam a detecção de suas potencialidades para uso em alimento funcional e/ou como cultura starter em produtos fermentados regionais.

4 Considerações finais

Setenta e quatro cepas de BAL foram isoladas de leite cru, das quais 37 foram utilizadas para teste de atividade antagônica contra S. aureus e E. coli. Aproximadamente 76% dos isolados apresentaram ação inibitória contra pelo menos um dos patógenos testados. Os resultados gerais desta pesquisa sugerem a presença de microbiota autóctone viável nas amostras de leite do município de Bom Jesus do Itabapoana. A compreensão da diversidade e características de BAL no leite cru de uma região fornece informações para a seleção de cepas com propriedades potenciais para uma futura utilização em alimentos que possam satisfazer as demandas dos consumidores, os quais exigem cada vez mais produtos diferenciados com identidade e padrões de qualidade.

Agradecimentos

As autoras agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela concessão da bolsa de Iniciação Científica (PIBIC), ao servidor Flávio Henrique da Silva Basílio, do Laboratório de Microbiologia de Alimentos e Água do IFF Campus Bom Jesus do Itabapoana, e às alunas do ensino médio, Layza Aparecida de Paula Silva (bolsista ICJ) e Raquel da Silva Oscar (bolsista Jovens Talentos), pelo apoio e colaboração com as diversas etapas da pesquisa.

Referências

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Notas de autor

1 Graduanda em Ciência e Tecnologia de Alimentos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense Campus Bom Jesus do Itabapoana – Bom Jesus do Itabapoana/RJ – Brasil. E-mail: lohany.lidere@gmail.com.
2 Graduanda em Ciência e Tecnologia de Alimentos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense Campus Bom Jesus do Itabapoana – Bom Jesus do Itabapoana/RJ – Brasil. E-mail: nyckdias12@gmail.com
3 Graduanda em Ciência e Tecnologia de Alimentos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense Campus Bom Jesus do Itabapoana – Bom Jesus do Itabapoana/RJ – Brasil. E-mail: pri_dealmeida@hotmail.com.
4 Doutora em Medicina Veterinária (UFF). Médica Veterinária do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense Campus Bom Jesus do Itabapoana – Bom Jesus do Itabapoana/RJ – Brasil. E-mail: pabastos@iff.edu.br.
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