DOSSIÊ TEMÁTICO: "RISCOS E DESASTRES SOCIOAMBIENTAIS"

Experimentar as mudanças ambientais com atores múltiplos e ativar um olhar crítico

Experiencing environmental changes with multiple players and taking a critical look

Experimentar el cambio ambiental con múltiples actores y estimular un ojo crítico

Caterine Reginensi 1
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), Brasil

Experimentar as mudanças ambientais com atores múltiplos e ativar um olhar crítico

Vértices (Campos dos Goitacazes), vol. 23, núm. 1, 2021

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense

Este documento é protegido por Copyright © 2021 pelos Autores.

Recepción: 25 Septiembre 2020

Aprobación: 20 Marzo 2021

Resumo: Nossa reflexão sobre mudanças ambientais analisa a ação de coletivos de arte em espaços alternativos em que sujeitos são atingidos por inundações derivadas de rios com barragens hidráulicas e por contaminação de ecossistemas terrestres e aquáticos por rejeitos oriundos de rompimento de barragem de minério. Mais além de afetar as atividades socioeconômicas (a pesca em particular), impactam a vida dos sujeitos como um todo. Situações de risco em relação à saúde, às enchentes, a desastres serão tratadas com uma abordagem transversal de experiências que cruzam antropologia, arte e desenvolvimento dos territórios. Vamos contemplar, por isso, duas intervenções: uma brasileira e outra europeia, que implicam artistas, antropólogos e urbanistas. Nosso questionamento deveria permitir uma nova grade de leitura dos desafios pelo desenvolvimento harmonioso dos territórios que irá trabalhar junto com os sujeitos (moradores/pescadores da Vila de Regência/ES, afetados pela intoxicação do rio Doce, no exemplo brasileiro, e os moradores de uma cidade média francesa, na beira do rio Loire, submetidos ao risco de enchente e participando de um plano de prevenção de risco). Nos dois casos, a participação de um coletivo de artistas permite um debate original e rico com as populações locais.

Palavras-chave: Experiências, Mudanças ambientais, Populações locais.

Abstract: Our reflection on environmental changes analyzes the action of art collectives in alternative spaces in which subjects are affected by floods derived from rivers with hydraulic dams and by contamination of terrestrial and aquatic ecosystems by tailings arising from the rupture of an ore dam. Apart from affecting socio-economic activities (fishing in particular), they impact the lives of individuals as a whole. Risk situations regarding health, floods, and disasters will be treated with a cross-cutting approach of experiences that combine anthropology, art, and territory development. We will, therefore, contemplate two interventions: a Brazilian and a European one involving artists, anthropologists, and urban planners. Our questioning should enable a new reading of the challenges for the balanced development of the territories that will work together with the subjects (residents/fishermen of the Vila de Regência (Brazil), affected by the poisoning of the Doce river, in the Brazilian example, and the residents of a French medium-sized city, on the banks of the Loire River, submitted to the risk of flooding and participating in a risk prevention plan). In both cases, the participation of an artist collective allows an original and rich debate with local populations.

Keywords: Experiences, Environmental changes, Local populations.

Resumen: Nuestra reflexión sobre los cambios ambientales analiza la acción de los colectivos de arte en espacios alternativos en los que los sujetos se ven afectados por inundaciones derivadas de ríos con presas hidráulicas y por la contaminación de ecosistemas terrestres y acuáticos por relaves provenientes de la ruptura de una presa mineral. Además de afectar las actividades socioeconómicas (la pesca en particular), repercuten en la vida de las personas en su conjunto. Las situaciones de riesgo en materia de salud, inundaciones y desastres serán tratadas con un enfoque transversal de experiencias que atraviesan la antropología, el arte y el desarrollo de los territorios. Por lo tanto, contemplaremos dos intervenciones: una brasileña y otra europea, en la que participan artistas, antropólogos y urbanistas. Nuestro cuestionamiento debe permitir una nueva lectura de los desafíos para el desarrollo armónico de los territorios que trabajarán en conjunto con los sujetos (residentes / pescadores de Vila de Regência (Brasil), afectados por la intoxicación del río Doce, en el ejemplo brasileño, y los residentes de una ciudad francesa de tamaño mediano, a orillas del río Loire, sometidos al riesgo de inundaciones y participando en un plan de prevención de riesgos). En ambos casos, la participación de un colectivo de artistas permite un debate original y rico con las poblaciones locales.

Palabras clave: Experiencias, Cambios ambientales, Poblaciones locales.

1 Introdução

Este artigo é parte de uma reflexão sobre as transformações socioambientais e as práticas dos atores, em particular dos artistas, que atuam como coletivos. Não se trata de estudar as intervenções artísticas ou a mobilização da arte como instrumento de políticas urbanas ou de inovação territorial que, pelo menos na França, foram submetidas a análises e muitas vezes criticadas (AUBRY; BLEIN; VIVANT, 2015). Significa adotar uma perspetiva que mostre como os artistas são mobilizados a experimentarem junto com outros atores da sociedade local experiências que redefinam um quadro de intervenção, mas também reposicionem o cidadão comum em um papel ativo (ARAB; OZDIRLIK; VIVANT, 2016).

Nossa reflexão sobre mudanças ambientais analisa a ação de coletivos de arte em espaços alternativos em que sujeitos foram impactados por inundações e pela contaminação de ecossistemas terrestres e aquáticos por rejeitos oriundos de rompimento de barragem de minério. Situações de risco em relação à saúde, às inundações, a desastres serão tratadas com uma abordagem transversal de experiências que cruzam antropologia, arte e desenvolvimento dos territórios.

O principal objetivo deste trabalho é discutir o potencial transformador de tais coletivos e espaços criativos alternativos por meio de um exame minucioso de duas intervenções realizadas em áreas em processo de desastres. Vamos contemplar, por isso, duas experiências: uma brasileira e outra europeia, colocada em perspectiva1, que implicam artistas, antropólogos e urbanistas.

A experiência brasileira é o projeto Foz afora, residência artística no Rio Doce, na Vila de Regência Augusta (município de Linhares-ES), aldeia de pescadores com 1.800 habitantes, que vivem da pesca e do turismo em torno do rio e do mar. O projeto envolve o Coletivo Líquida Ação, formado em 2006 e que realiza performances com artistas de diversas áreas. Durante a residência artística na Vila de Regência, suportes de anotações etnográficas e poéticas foram utilizadas nas experiências cênicas e performances de intervenção na foz do Rio Doce. Artistas de dança, artes visuais, arte sonora, teatro e um antropólogo trabalharam em conjunto com os moradores.

O projeto francês Le Grand Débordement (A grande enchente), que valoriza a experiência e a subjetividade, é uma experimentação que ocorre na cidade de Rivecastel, à beira do rio Loire, com o Coletivo Art urbain, o qual apresenta um espetáculo de rua com o objetivo de envolver profissionais de urbanismo e moradores das proximidades do rio e da cidade (usuários) no tema das enchentes.

Vale ressaltar que não foi fácil encontrar dados sobre o contexto do local, na beira do rio Loire que é o maior rio da França. Sua bacia hidrográfica de 117.000 km2 ocupa mais de um quinto do território francês. Seu curso é descrito em várias bacias hidrológicas sucessivas e a cidade onde aconteceu a experiência situa-se perto de Tours. O rio está lá, mas não se pode vê-lo. Economicamente morto, mas muito vivo. O rio é um prazer e uma ameaça. A questão do risco de inundação é atualmente objeto de discussões essencialmente técnicas e tecnocráticas, objetivadas em um Plano de Prevenção2.

2 Metodologia

Pelos problemas socioambientais, a questão que surge é a abordagem ecológica como deve ser concebida quando se aplica ao homem, isto é, quando assume uma dimensão antropológica. É uma antropologia da existência, que finalmente traz de volta a questão ambiental. Assim, em pesquisas anteriores, minha preocupação foi resgatar a construção social e teórica da noção de desenvolvimento sustentável. Essas experiências de pesquisa3 permitiram mostrar que as interações observadas nas esferas do social, do econômico e do ambiental constituem um desafio científico de envergadura para o pesquisador de qualquer disciplina, que requer um processo de desconstrução e reconstrução permanentes.

Defendo a ideia de que o desenvolvimento sustentável não é apenas um conhecimento ou uma técnica nova, deve ser também um processo negociado e participativo. Neste sentido, a antropologia ajuda na análise dos modos culturais e de interação dinâmica e conflituosa dos distintos grupos sociais no meio urbano, que tem uma dimensão ambiental. O uso de uma metodologia etnográfica e o cruzamento do olhar com outras disciplinas representam um aporte significativo: o antropológico precisa identificar os diferentes atores sociais, os recursos mobilizados (ambientais, econômicos, culturais), os conflitos latentes e manifestos. Conforme Paul Elliot Little (2006, p. 92):

O etnógrafo também deve analisar as variadas táticas e estratégias utilizadas pelos grupos sociais e perfilar as distintas tentativas de resolução. Dessa forma, a etnografia dos conflitos sociais se insere plenamente no paradigma ecológico: tem foco nas relações; usa uma metodologia processual; e contextualiza o conhecimento produzido.

A ideia de uma abordagem estética à questão do meio ambiente atende às preocupações de diversos pesquisadores em nível internacional. Nathalie Blanc e Jacques Lolive (2009)4 consideram a questão que articula estética e meio ambiente sob três ângulos: o da estetização do espaço público; o da "arte ecológica", que transforma as relações entre as artes, pesquisa e ética, para associar as operações ecológicas, simbólicas e estéticas; e, finalmente, o das mobilizações associativas, que usam a temática estética para justificar sua luta.

Essa abertura para um conceito popular e aberto de estética refere-se à filosofia de John Dewey (1934). Esse autor se opõe à “concepção da arte como museu”, que separa a estética da vida vivida para mantê-la em um domínio isolado, longe das preocupações de homens e mulheres comuns.

Por fim, a perspectiva da partilha do sensível conforme Jacques Rancière (2000) será também mobilizada como referencial teórico. A “partilha” deve ser interpretada não apenas como o compartilhamento de algo comum (a cultura, o meio ambiente, os direitos civis, a liberdade), mas como um “lugar de disputas” por esse “comum” — disputas que, baseadas na diversidade das atividades humanas, definem “competências ou incompetências” para a partilha. A noção significa a união e divisão de “espaços, tempos e atividades que determinam a maneira como um ‘comum’ se presta à participação e como uns e outros tomam parte nesta partilha” (p. 15).

A questão das construções hidráulicas e das enchentes será estudada a partir da perspectiva dos riscos sociais do desenvolvimento e do habitante. A leitura da coletânea organizada por Blanc e Bonin (2008) permite abordar melhor esta dimensão do habitante.

O autor Michael M. Cernea (2008, p. 57-76) enfatiza a importância de levar em conta o impacto das grandes estruturas, de modo que a avaliação de sua relevância não seja feita apenas de acordo com parâmetros macroeconômicos (custo de eletricidade ou irrigação), mas também levando em conta os impactos e benefícios esperados para as populações locais diretamente afetadas. O autor lembra que, por muito tempo, o paradigma gerencialista postulava a primazia do interesse geral muitas vezes formulada pelo Estado e seus órgãos em detrimento do que se apresentava como egoísmo local.

Os artigos dos antropólogos Wateau e Faure (2008, p. 77-124) ilustram dois casos conflituosos de gestão de impacto para as sociedades locais: o de uma reconstrução idêntica de uma aldeia portuguesa perto da recente barragem de Alqueva (Vale do Guadiana, Alentejo) cujo interesse econômico é, no entanto, discutido; e o das barragens mais antigas no vale do Dordogne, para fins hidrelétricos, onde o trauma das populações locais foi profundo. Com o caso das barragens alpinas, o historiador Dalmasso (2008, p. 141-156), também demonstra o impossível ou difícil diálogo entre engenheiros e habitantes, um equilíbrio de poder que muda com o tempo ao medir os objetivos das barragens, e estrutura sua oposição, domando o discurso dos engenheiros.

Por fim, Nathalie Blanc e Denis Chartier (2008, p.169-190), nesta mesma coletânea, tratam do complexo hidráulico de Belo Monte, na Amazônia brasileira como um projeto de controvérsia:

(…) a barragem é apresentada como quase perfeita por alguns membros da Eletronorte, que se posicionam dizendo que não cometerão os mesmos erros ocorridos na construção das barragens anteriores, como a de Tucuruí, arquétipo de um projeto ecológico e socialmente desastroso. Do ponto de vista dos impactos sociais, a Eletronorte afirma que apenas 550 famílias (incluindo 200 famílias indígenas) serão diretamente afetadas pela barragem de Belo Monte, enquanto milhares serão indiretamente afetadas.

Os problemas indiretos causam um maior número de adversidades, afetando a vida cotidiana dos povos indígenas. Três pequenos grupos indígenas (Xipaya, Kuruaya e Arara) de 98 pessoas que vivem nas grandes quedas, e os Juruna (73 pessoas), da tribo Paquiçamba, estão em risco de perder o acesso ao rio por causa do desvio. O Xikrin (390 pessoas), da terra indígena Trincheira/Bacajá, corre o risco de ser afetado negativamente pela subida das águas causada pela barragem planejada no rio Bacajá (LITTLE, 2003, p. 14-15). Além destas, cerca de 300 pessoas do município de Altamira ou Vitória do Xingu terão que ser realocadas por causa dos impactos da barragem. Notemos também que a cidade de Altamira pode passar de 80.000 habitantes para 200.000 habitantes em muito pouco tempo, enquanto a de Vitória do Xingu passará de 11.000 para 60.000 (p. 182) [tradução livre - grifos da autora].

Para a análise das experiências trabalhadas neste artigo, realizo um estudo de bibliografia — ainda em andamento — que pretende elaborar um referencial teórico-metodológico para pesquisa. Na sequência, com base nas publicações dos dois coletivos (Foz AFora e Art Urbain e Folie Kilomètre) e conteúdo de entrevistas realizadas com dois diretores do Foz Afora, analiso as intervenções feitas por eles ​​por meio de três temas-chave: 1. Condições de emergência da intervenção; 2. Intervenções artístico-urbanas; e 3. Capacidade de criar redes culturais coletivas e articular-se com movimentos sociourbanos mais amplos.

3 O corpus de intervenções artísticas e sua análise

3.1 Condição da emergência e intervenções nos dois exemplos

3.1.1 A experiência Foz Afora

Viver com o rio, viver com a água. A abundância de água nos rios varia de acordo com as estações e o clima. Regência é um distrito do município de Linhares-ES, localizado na margem direita do rio Doce, com cerca de 1.800 habitantes (IBGE, 2010). É uma vila de pescadores que vivia da pesca e do turismo em torno do rio e do mar. A praia protegida como reserva ecológica desde 1985 (Projeto TAMAR)5 garante a desova de tartarugas marinhas que sempre retornam ao local onde nasceram para depositarem seus ovos. Além da beleza natural, a qualidade das ondas para a prática do surfe atrai muitos turistas. As tradições locais do Congo do Caboclo Bernardo (herói) testemunham a riqueza do lugar. Antes da colonização branca que iniciou a exploração predatória do Rio Doce, o local foi habitado pelos índios botocudos, que sofreram todo tipo de violência dos colonizadores, dedicados ao seu extermínio6.

A Ocupação Foz Afora é, antes de tudo, um projeto de pesquisa do Coletivo Líquida Ação baseado em uma residência artística realizada na foz do Rio Doce no mês de junho de 2017, um ano e meio após o rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco, em Mariana (MG).

Capa da publicação Foz Afora
Figura 1.
Capa da publicação Foz Afora
Fonte: Coletivo Líquida Ação (2017, p. 16)

O rompimento da barragem de rejeitos do Fundão, da mineradora Samarco, em Bento Gonçalves, distrito de Mariana/MG, em março de 2015, teve consequências no rio Doce. A “lama” percorreu o rio até a sua foz em Regência, atingindo as famílias em seu modo de vida entre o rio e o mar, onde a história dos moradores não tem como ser dissociada das águas (CREADO et al., 2016).

Mapa do local de rompimento da barragem até o mar
Figura 2.
Mapa do local de rompimento da barragem até o mar
Fonte: Coletivo Líquida Ação (2017, p. 13)

3.1.2 A experiência de A grande enchente

A experiência com o Coletivo Arturbain na cidade de Rivecastel refere-se a uma encomenda pública visando, junto com artistas, sensibilizar a população local sobre o risco das enchentes do rio Loire. Como foi dito na introdução, poucos dados existem sobre Rivecastel e Arturbain. Mas o método foi também experimentado com o coletivo de artistas “La Folie Kilomètre” que trabalhou sobre esta questão de enchentes na cidade de Tours (OKAMURA; LOLIVE, 2015, p. 8). Tours é uma cidade no oeste da França, às margens dos rios Loire e Cher, no departamento de Indre-et-Loire, da qual é a capital. A cidade, com 136.463 habitantes em 2018, encontra-se no centro de uma unidade urbana de 355.587 habitantes (em 2018). A cidade é a capital da metrópole Tours Val de Loire e, com sua autoridade intercomunitária, é uma das 22 metrópoles francesas oficiais. A universidade François Rabelais é parceira da experiência com o coletivo ‘La folie Kilomètre’’ no tema das enchentes.

A experiência de 24 horas do dia da inundação na cidade de Tours
Figura 3.
A experiência de 24 horas do dia da inundação na cidade de Tours
Fonte: http://polau.org/ressources-en-ligne-etudes/

3.2 Intervenções a partir da experiência dos dois coletivos

3.2.1 Foz Afora

As experiências cênicas e performances de intervenção na vila de pescadores pretendem traçar conexões corpo-memória-ambiente por meio da sobreposição de vozes, imagens, ações, espaços, textos e outras materialidades geradas pelos encontros entre a equipe e os moradores. Em nenhum momento o coletivo fala de espetáculo; trata-se, primeiramente, de uma residência artística e, depois, de uma experiência cênica. Quatro espaços/tempos desta residência/experiência organizam a publicação: abertura, paisagens e imaginário geofísico, Da pesca e dos peixes na foz do rio Doce, corpos atingidos, resistência e resiliências. No primeiro momento, a voz da Mãe Edna, moradora de Regência abre a residência: “Eu amava pescar. Eu passava a noite com papai na beira do mar, perto da barra, da boca do rio” (COLETIVO LÍQUIDA AÇÃO, 2017, p. 11). Em seguida, o coletivo apresenta o projeto de residência nesse lugar “onde os reservatórios de água estavam secando, e a proposta era investigar modos de sobrevivência” (COLETIVO LÍQUIDA AÇÃO, 2017, p. 15). O rio Doce, com 853 km de extensão, agonizava, chamando atenção dos membros do Coletivo Líquida Ação (2017). O Coletivo enviou a proposta no Edital Rumos Itaú Cultural e, dias depois, rompeu-se a barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais7, o que provocou despejo de lama de rejeitos de minérios, gerando uma mudança considerável em todo o rio Doce. Assim, após a chegada da lama na foz do rio, no dia 20 de novembro 2015, a pesca foi interditada e a água para consumo passou a ser fornecida por caminhões-pipa.

Com a lama, o rio voltou a desaguar no mar, agora expelindo um vômito marrom […] foi um desastre, um crime socioambiental sem precedentes […] o projeto inicial redimensionou-se e intensificou o engajamento dos membros do projeto (entrevista com Eloisa Brantes, agosto de 2018).

A residência começou um ano e meio depois da catástrofe de Mariana, e, em junho de 2017, a equipe ficou 22 dias em residência. Torna-se relevante o como chegar lá. Os membros do Coletivo decidiram percorrer grande parte do rio, viajando no trem da Vale — Estrada de Ferró Vitória-Minas (EFVM). Durante 12 horas de viagem, observaram as máquinas de extração e a lama tóxica.8

A residência foi uma convivência com os moradores, pescadores, comerciantes, biólogos, ativistas, surfistas e artistas da Vila Regência, mas também foi o encontro de moradores da comunidade Areal, da comunidade indígena da reserva de Comboios e da comunidade ribeirinha de Povoação, situada na outra margem do rio Doce.

A equipe composta de nove pessoas (profissionais da dança, artes visuais, arte sonora, teatro, antropologia social) viveu experiências únicas e intensas que contam histórias do cotidiano. Nas três comunidades impactadas pela catástrofe, a equipe chegou “como artistas dispostos a criar coletivamente outras possibilidades de ouvir e contar histórias do lugar, ativando memórias e imaginários no rio” (entrevista com Eloisa Brantes).

O antropólogo Jerôme Souty chama atenção sobre as invisibilidades do rio Doce (COLETIVO LÍQUIDA AÇÃO, 2017, p. 26-31), mostrando como o rio é, antes de mais nada, um organismo frágil de grande complexidade. Lembra as primeiras ocupações do território da bacia por povos indígenas, das dificuldades de navegação no rio, que, progressivamente desde o início da colonização, conduziam ao longo de tempo à exploração de minerais e ao extermínio de povos indígenas. Os Botocudos (chamados assim porque usavam botoques nos lábios e nas orelhas) foram “pacificados” no início do século XX. De fato, a história dos povos indígenas é uma história de deslocamentos e exílios forçados. “Esta invisibilização dos índios pelo poder oficial continua até hoje” (entrevista com J. Souty, agosto de 2018).

O antropólogo fala dos ritmos da vida local guiada pela pesca artesanal. Segundo Jerôme Souty indica na entrevista9, existem muitas formas de pesca, e ressalta a convivência do coletivo com pescadores: Aprender a fazer rede e a pururucar “É pegar o peixe com a mão […] enfiar a mão e puxar o camarão ou a lagosta dentro do buraquinho […]” (COLETIVO LÍQUIDA AÇÃO, 2017, p. 55). A cultura do congo resgatada no tempo da residência e na publicação explora a figura do índio perseguido que se torna o caboclo herói (REIS, 2003; COLETIVO LÍQUIDA AÇÃO, 2017, p. 102 -103).

Hoje em dia, existe a banda do Congo10:

No ritmo do Congo, as pessoas se entregam ao corpo, que é alma. Na alegria dos encontros, quase ninguém se cansa. Quem cansa descansa para tornar a tocar e a dançar. A intensidade do tempo é infinita. No fim da festa, Zé da Casaca, um homem forte, exímio tocador de casaca e bom bebedor de cachaça, me confessa sua tristeza em retornar ao trabalho no dia seguinte. Mas sorrindo ele tem a certeza de voltar no próximo ano.

Deve-se ressaltar que o mestre do Congo é também um pescador de alto-mar (COLETIVO LÍQUIDA AÇÃO, 2017, p. 107), pescador que ocupa dois papéis na aldeia com sua música sendo inspirada pelo mar — balanço do mar, balanço do som…

3.2.2 Intervenção A grande enchente

O que pretende a experiência no caso francês:

4 Discussão

Primeiramente, é preciso destacar o caráter experimental e a duração de cada experiência, o que torna a comparação quase impossível. No caso do projeto Foz Afora, os artistas vivem 22 dias com os atores locais. No projeto A grande enchente, os artistas recebem uma encomenda e organizam, em parceria com atores do poder local, uma deambulação/espetáculo com cerca de 100 pessoas locais. Estas fazem um cadastro alguns dias antes, para, no dia marcado, participarem sem saber muito bem do quê. A deambulação é apresentada por eles como um passeio que dura 24 horas. Esta é a principal limitação da experiência; os artistas envolvidos sublinham que esta experiência é única e que provavelmente não poderia ser reproduzida (em particular o deslocamento das pessoas) em outros lugares onde uma verdadeira enchente tivesse acontecido, provocando um trauma. De outro lado, os comanditários que financiam a experiência sublinham o número pequeno de participantes, a dificuldade de reproduzir esta experiência para sensibilizar de forma preventiva e eficiente as pessoas sobre o risco de enchentes. O projeto Foz Afora está na contramão da experiência francesa, e junta artistas, pesquisadores e atores locais que vivenciaram uma realidade traumática para tentar trabalhar uma pergunta principal: de que forma a imersão de artistas-pesquisadores nesta realidade traumática pode participar e contribuir com a reelaboração do imaginário coletivo?11

Finalmente, e depois dos encontros? A grande enchente deixa poucas marcas. A minha busca na internet sempre me reenviava ao texto da publicação (ARAB; OZDIRLIK; VIVANT, 2016), apesar de ler no referido texto que o Coletivo Art urbain captou imagens e vídeos que foram divulgados em plataforma na internet.

O projeto Foz Afora, a partir dos encontros e depois deles, desenvolvem um trabalho que articula experiências artísticas e políticas. Os encontros, a convivência in loco com atores tão diversificados, como pescadores, bandas do congo, dançarinos locais, biólogos, são tipo de ações. A esta ação, chamada convivências locais, juntam-se três outras: iniciativas e ações compartilhadas com moradores (participação nas festas em creches e escolas locais, ações performativas com adolescentes, filmagem e edição e projeção da peça teatral Auto do Caboclo Bernardo com uma companhia local); ativação e escuta e registro de memórias: pesquisas documentais e antropológicas, contato direto com formas de espiritualidade tradicionais ligadas à umbanda; e experimentação cênicas entre corpos e paisagens. performance coletiva e participação dos moradores (COLETIVO LÍQUIDA AÇÃO, 2017, p. 22-23). Mas, além da residência, o projeto recebeu convites do coordenador cultural do projeto Tamar e do diretor teatral da Companhia de Artes de Regência. E, assim, o projeto Foz Afora vem se desdobrando, potencializando encontros e deslocamentos. Porém, na entrevista com Eloisa Brantes, foi destacada a dificuldade de contemplar todas as ações para um desdobramento por falta de recursos financeiros. O projeto inicial contou com a verba do Itaú Cultural, que permitiu com que a residência e a publicação acontecessem, mas faltam agora outras possibilidades financeiras que permitam dar continuidade ao projeto e à experiência.

A cultura de risco (OKAMURA, LOLIVE, 2019) que emerge das duas experiências pode ser entendida como formas de experimentar novas práticas para tornar possível viver em um lugar hostil, problemático e em constante transformação.

Trata-se de testar metodologias para que os moradores, usuários:

  1. - No caso francês façam a experiência de uma situação de inundação para entender o significado do risco e compreender melhor efeitos secundários.

  2. - No caso brasileiro, os moradores - que já estavam confrontados à uma situação de poluição do rio e que foram atingidos pela catástrofe do rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco, em Mariana (MG), pudessem viver melhor nesta aldeia. Neste caso, é importante considerar a região não somente como zona de risco, mas como um meio de vida no qual seus habitantes têm um conhecimento do território e possuem saberes a serem reconhecidos.

5 Considerações finais

A singularidade das experiências potencializa a noção de resistência como força transformadora. Pouco antes de finalizar esta publicação, encontramos o nome Foz Afora: o que deságua mar adentro (COLETIVO LÍQUIDA AÇÃO, 2017, p. 16).

Refletir sobre as interferências artísticas, a antropologia, a arte e o desenvolvimento dos territórios na contemporaneidade sugerem questões a serem trabalhadas em profundidade, no futuro, como por exemplo: Quais são as relações estéticas, e políticas, entre as formas de expressão e o contexto no qual elas tomam forma? O que lembrar sobre esses cruzamentos entre antropologia e arte, para tentar estudar desastres e/ou riscos socioambientais?

A abordagem a partir das duas experiências que juntam antropólogos, artistas e profissionais do urbanismo12 e a intensidade dos encontros que essas convivências provocam trazem caminhos desafiadores. Colocar em perspectiva toda a riqueza e as dificuldades de práticas artístico-políticas mostra a importância de estudar a realidade com os atingidos e de contribuir de alguma maneira para informar sobre os custos que numerosos indivíduos e grupos sociais pagam para manter um tipo de modelo energético no caso brasileiro13. O caso francês associando profissionais do urbanismo e artistas oferece uma reflexão sobre novas colaborações numa abordagem sensível do espaço urbano e da prevenção dos riscos. Dirigindo-se ao público em geral, a experiência conscientiza sobre as questões de risco em áreas inundáveis ​​por meio da combinação de dramaturgia, ciência e questões territoriais.

Retrabalhando o material coletado poderia ser pensado que existe, nessas experiências, a ideia subjacente de que o artista é (ou pode ser) um produtor de dissenso (RANCIÈRE, 2008). Mas para além disso, interessa também a ideia do agente articulador, que componha, junto com outros agentes em diferentes posições, um elemento de presença no espaço físico e simbólico.

Trata-se de refletir sobre o lugar onde vivemos, contemplá-lo com um compromisso de pensamento para, de alguma maneira se tornar um "espectador emancipado" (RANCIÈRE, 2008) que possa ser crítico em relação a seu momento presente14.

Este texto é um convite para refletir além dos casos estudados e continuar a explorar outros casos não apenas a partir de um corpus de experiências, mas praticando uma etnografia multilocalizada (MARCUS, 2011) e em uma perspectiva situacional (BUROWOY, 2003).

Através das narrativas produzidas por diferentes atores, tais experiências podem ser vistas como sendo "…uma concepção testemunhal de verdade e para uma relação imediata e intensa com os fatos." (SANTOS, 2019, p. 125). Essas experiências compõem o que será considerado como sendo "conhecimento artesanal", conforme Santos (SANTOS, 2019). Por outro lado, a experiência vivida de luta e resistência de populações vulnerabilizadas coloca uma dificuldade ao conhecimento científico por conta da sua incompletude e incerteza (SANTOS, 2019).

Pensar antropologia, arte e política a partir das experiências cotidianas dos sujeitos ocasiona uma desestabilização nos pesquisadores e artistas. O caráter experimental indica que não existem fórmulas nem resposta definitiva a partir das experiências às vezes curtas, ou incompletas, ou insuficientes. O mais importante é a relação que se estabelece entre diferentes vozes que contam histórias a serem escritas por vários atores. Narrativas podem ser entendidas como sendo o produto de um processo de construção reflexivo a partir das ações, experiências dos sujeitos através das suas interações cotidianas com os vários elementos constituintes de seu território.

Referências

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Notas

1 De fato, será difícil comparar as duas experiências, porque o caso francês foi examinado somente a partir da leitura desta experiência numa coletânea (ARAB; OZDIRLIK; VIVANT, 2016). Quanto à experiência de Foz afora, foi discutida com atores do projeto (entrevistas, consulta do site do coletivo e leitura da publicação do coletivo (COLETIVO LÍQUIDA AÇÃO, 2017).
2 Disponível em: http://polau.org/ressources-en-ligne-etudes/ Acesso em: set. 2019.
3 Pesquisas desenvolvidas entre 2005 e 2010 na metrópole do Rio de Janeiro: a primeira pesquisa, internacional, intitulada “A pequena fábrica local do desenvolvimento sustentável”, e a segunda que realizei como pesquisadora-visitante no biênio 2009-2010.
4 O Programa de Pesquisa Ambiental — que abrange o compromisso estético e de espaço público por sua preocupação em se concentrar em quais coisas poderiam verificar a relevância dos experimentos e a riqueza dos mundos que criam — se encaixa totalmente nesta perspectiva.
5 Disponível em: http://www.tamar.org.br/acesso. Acesso em: 12 maio 2018.
6 Disponível em: https://www.coletivoliquidaacao.com. Acesso em: 12 abr. 2018. As entrevistas com a diretora do Coletivo de agosto e com o antropólogo Jerôme Souty foram realizadas pela autora em 8 de agosto de 2018.
7 A barragem de rejeitos de mineração do Fundão pertence à mineradora Samarco S.A., uma joint venture entre a brasileira Vale S.A. e a anglo-australiana BHP Billiton.
9 Na publicação do Coletivo Liquida Ação (p. 72-77), Jerôme Souty explicita, de forma detalhada, essas diferentes formas de pesca em relação a competências locais de saber transitar entre o rio, os brejos, os pântanos, o mangue, os alagados, a lagoa e o mar. São assim descritos os inumeráveis tipos de pesca artesanal de caceio de rede de espera, pesca com espinhel, pesca de arrasta, de calão, de redinha (perto do mangue), pesca de dia, de noite, pesca de lanterna, de faca… a arte das armadilhas como escreve Souty mostrando como várias dessas técnicas de pesca se inspiram nas técnicas indígenas, dando uma atenção maior aos jequiás ou jequis para pegar camarão, pitu e lagostas de água doce.
11 Disponível em: https://www.coletivoliquidaacao.com/projetofozafora. Acesso em: 10 jun. 2018. Ver ampla bibliografia nas páginas 23 e 31.
12 Confira também a continuidade de intervenções, na região Loire no site http://polau.org/incubations/les-expeditions-renversantes/. Acesso em: 20 jun. 2020.
13 Vale lembrar que o processo de julgamento da empresa Samarco pelo maior crime ambiental da história da mineração foi suspenso em agosto de 2017.
14 Vale ressaltar a experiência de roda de conversa, no caso de uma pesquisa de extensão que convidou um artista junto com lideranças comunitárias, na favela da Rocinha. https://vimeo.com/429650039. Senha: rocinha2shy2019. Acesso em: 20 jun. 2020.

Notas de autor

1 Doutora em Sociologia pela Université de Paris VIII (1986). Professora titular no LEEA/CCH da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) – Campos dos Goytacazes/RJ – Brasil. E-mail: creginensi@gmail.com.

Información adicional

COMO CITAR (ABNT): REGINENSI, C. Experimentar as mudanças ambientais com atores múltiplos e ativar um olhar crítico. Vértices (Campos dos Goitacazes), v. 23, n. 1, p. 284-298, 2021. DOI: https://doi.org/10.19180/1809-2667.v23n12021p284-298. Disponível em: http://www.essentiaeditora.iff.edu.br/index.php/vertices/article/view/15879.

COMO CITAR (APA): Reginensi, C. (2021). Experimentar as mudanças ambientais com atores múltiplos e ativar um olhar crítico. Vértices (Campos dos Goitacazes), 23(1), 284-298. https://doi.org/10.19180/1809-2667.v23n12021p284-298.

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