Dossiê Temático: “A pesquisa em Educação Profissional e Tecnológica: temas, abordagens e fontes”

Viagens pedagógicas e circulação de ideias sobre modelos educacionais para o ensino técnico no Brasil (1909 a 1946)

Pedagogical trips and the circulation of ideas about educational models for technical education in Brazil (1909 to 1946)

Los viajes pedagógicos y la circulación de ideas sobre modelos educativos para la enseñanza técnica en Brasil (1909 a 1946)

Sandra Maria de Assis 1
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), Brasil
Olivia Morais de Medeiros Neta 2
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), Brasil

Viagens pedagógicas e circulação de ideias sobre modelos educacionais para o ensino técnico no Brasil (1909 a 1946)

Vértices (Campos dos Goitacazes), vol. 24, núm. 2, 2022

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense

Este documento é protegido por Copyright © 2022 pelos autores.

Recepción: 01 Diciembre 2021

Aprobación: 15 Julio 2022

Resumo: Esta pesquisa teve como objetivo apresentar um levantamento da produção do conhecimento relacionado às viagens pedagógicas, realizadas ao exterior por engenheiros educadores e financiadas pelo governo brasileiro, entre os anos de 1909 e 1946, com finalidades relativas à estruturação do ensino técnico. Foram analisadas produções acadêmicas disponibilizadas no Catálogo de Teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) e no Google Acadêmico. Optou-se pela busca em artigos científicos, dissertações e teses utilizando os descritores “Viagens Pedagógicas”, “Ensino Técnico”, e “Circulação de ideias e modelos pedagógicos”. A escrita do artigo ancora-se nos conceitos de viagens pedagógicas (VIÑAO FRAGO, 2007; VIDAL, 2017; CUNHA, 2012), redes (FUCHS, 2007; PORTUGAL, 2007) e ensino técnico (FONSECA, 1961; MANFREDI, 2002; PEDROSA; SANTOS, 2014). Os resultados revelam que a pesquisa e a produção do conhecimento acerca do tema viagens pedagógicas, especialmente, as que foram realizadas com fins relacionados à estruturação do ensino técnico, é, relativamente, modesta, justificando a necessidade e a relevância de novas pesquisas que abordem essa temática.

Palavras-chave: Viagens pedagógicas, Ensino Técnico, Circulação de ideias, Engenheiros educadores, Modelos educacionais.

Abstract: This research aimed to present a survey of the production of knowledge related to the pedagogical trips abroad by educator engineers and funded by the Brazilian government between 1909 and 1946, for purposes related to the structuring of technical education. We analyzed academic production available in the Catálogo de Teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), in the Brazilian Digital Library of Theses and Dissertations (BDTD) and in Scholar Google. We chose to search in scientific articles, dissertations and theses using the descriptors "Educational Trips", "Technical Education", and "Circulation of ideas and pedagogical models". The writing of the article is anchored in the concepts of educational trips (VIÑAO FRAGO, 2007; VIDAL, 2017; CUNHA, 2012), networks (FUCHS, 2007; PORTUGAL, 2007) and technical education (FONSECA, 1961; MANFREDI, 2002; PEDROSA; SANTOS, 2014). The results reveal that the research and the production of knowledge about the theme of educational trips, especially those carried out with purposes related to the structuring of technical education, is relatively modest, justifying the need and the relevance of new researches that address this theme.

Keywords: Educational Trips, Technical Education, Circulation of ideas, Educator Engineers, Educational models.

Resumen: Este estudio objetivó presentar una investigación de la producción de conocimiento relacionado con los viajes pedagógicos realizados al extranjero por ingenieros educadores y financiados por el gobierno brasileño entre 1909 y 1946, con fines relacionados con la estructuración de la enseñanza técnica. Analizamos la producción académica disponible en el Catálogo de Teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), en la Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) y en Google Académico. Elegimos buscar en artículos científicos, disertaciones y tesis utilizando los descriptores "Viajes educativos", "Educación técnica" y "Circulación de ideas y modelos pedagógicos". La redacción del artículo se basa en los conceptos de viajes pedagógicos (VIÑAO FRAGO, 2007; VIDAL, 2017; CUNHA, 2012), redes (FUCHS, 2007; PORTUGAL, 2007) y educación técnica (FONSECA, 1961; MANFREDI, 2002; PEDROSA; SANTOS, 2014). Los resultados revelan que la investigación y la producción de conocimiento sobre el tema de los viajes pedagógicos, especialmente los realizados con fines de la estructuración de la educación técnica, es, relativamente, modesta, lo que justifica la necesidad y relevancia de nuevas investigaciones del tema.

Palabras clave: Viajes educativos, Enseñanza técnica, Circulación de ideas, Los ingenieros educadores, Modelos educativos.

1 Introdução

Os educadores, professores com ou sem formação pedagógica, pelo que nos confirmam as pesquisas, sempre se valeram das viagens e dos contatos estabelecidos com seus pares de outros lugares para fazerem intercâmbio de ideias e de modelos pedagógicos. As viagens sobre as quais nos referimos, e conforme o conceito de viagens pedagógicas elaborado por Viñao Frago (2007), abarcam aquelas que se ocorreram por iniciativa própria, por missão governamental e, até mesmo, as que aconteceram em situação de exílio.

Algumas dessas viagens se deram com destino ao estrangeiro promovidas com participação governamental, na busca por referências para o ensino técnico a ser oferecido no Brasil, de uma forma que atendesse às demandas socioeconômicas e políticas do país no período correspondente ao recorte cronológico da pesquisa que ora pretendemos. Assim, faz-se necessário iniciar o presente texto expondo seu objetivo, qual seja: apresentar um levantamento da produção do conhecimento relacionado às viagens pedagógicas, realizadas ao exterior por engenheiros educadores e financiadas pelo governo brasileiro, entre os anos de 1909 e 1946, com finalidades relativas à estruturação do ensino técnico. Diante disso, a pergunta que nos cabe, ao término do levantamento, é: a referida produção acadêmica e científica sobre o tema proposto, obtida após a pesquisa, pode corroborar a ideia inicial acerca da relação presumida entre as viagens pedagógicas e as interações dos educadores viajantes com a circulação de ideias que influenciaram a organização do ensino técnico industrial no Brasil?

Foram consideradas nesse processo inicial da pesquisa as missões dos viajantes com finalidade de visitas para conhecer a experiência de outros países, de sondagens para contratação de funcionários e de participação em eventos. Nesse ponto, a pesquisa não tenciona aprofundar sobre o impacto que essas viagens tiveram no ensino técnico, mas se propõe a expor as possibilidades de investigação pela sistematização do que se sabe até então acerca dessas viagens.

O texto discute, inicialmente, o sentido de se pesquisar o estado do conhecimento para a pesquisa acadêmica; a importância das viagens pedagógicas na constituição de redes de sociabilidades e seu estudo pela história da educação, bem como a reestruturação do ensino técnico em curso no período de abrangência da pesquisa, e por fim, apresentam-se os resultados da busca de artigos científicos, dissertações e teses disponibilizadas no Google Acadêmico, no Banco de Teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), e na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD). A escolha das referidas plataformas de repositórios deve-se ao fato de elas serem depositárias da maior parte da produção do conhecimento acadêmico realizada no Brasil. A busca foi realizada utilizando os descritores “Viagens Pedagógicas”, “Ensino Técnico”, “Ensino Industrial” e “Circulação de ideias e modelos pedagógicos”.

2 Sentido da produção do conhecimento para a pesquisa acadêmica: as viagens, a possível constituição de redes e a circulação de ideias

Sobre o estado do conhecimento como ponto de partida para a pesquisa acadêmica e científica, convém esclarecer seu significado e contribuição. Morosini e Fernandes (2014) afirmam que é uma ferramenta essencial ao possibilitar tanto a leitura do que se está discutindo na comunidade acadêmica quanto o aprimoramento da escrita e formalização metodológica inerente ao percurso da pesquisa. Assim, para as autoras, “o estado de conhecimento é identificação, registro, categorização que levem à reflexão e síntese sobre a produção cientifica de uma determinada área, em um determinado espaço de tempo, congregando periódicos, teses, dissertações e livros sobre uma temática específica.” (MOROSINI; FERNANDES, 2014, p. 155).

Ressaltamos que neste estudo, optamos por fazer um levantamento da produção do conhecimento e não, propriamente, um estudo de estado do conhecimento, embora atenda um de seus requisitos, que é a síntese do levantamento da referida produção.

Para o corpus de análise desta pesquisa, optamos pela busca da temática em artigos científicos, dissertações e teses disponibilizadas no Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES, na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD)1 no Google Acadêmico. Considera-se, pois, que a construção de uma pesquisa se relaciona ao pesquisador e as influências da instituição em que está inserido, bem como às perspectivas do seu lugar de fala no plano local e global. Neste caso específico a produção científica insere-se no campo da Educação Profissional.

A pesquisa sobre viagens pedagógicas e circulação de ideias e modelos educacionais para o ensino técnico no Brasil (1909 a 1946) pressupõe uma discussão sobre redes na perspectiva de interação e sociabilidades. Nesse sentido, Fuchs (2007) aborda a questão de como as teorias desta plataforma e redes podem ser aplicadas à pesquisa histórica, especialmente de uma perspectiva transnacional, afirmando que as redes são relações condensadas e pretendidas entre atores confinados a espaços específicos.

Para o referido autor, a análise de redes históricas é a reconstrução de redes, seus modos de inter-relações, e a base de sua estabilidade, bem como de sua gênese e mecânica. Os historiadores abordaram a questão das redes e forneceram estudos que remontam ao século XVI. A maioria desses estudos objetivou a investigação de redes de correspondência, redes familiares, redes acadêmicas, redes religiosas.

As teorias das redes ainda não encontraram seu caminho na história da educação, mas levantam questões mais gerais a serem consideradas em pesquisas futuras sobre a história da educação. Fuchs (2007) questiona o que realmente define uma rede educacional e se as rotas de viagem ou meios de divulgação e comunicação constituem redes. Nesse sentido, temos indícios que podem corroborar a ideia de que educadores de diferentes países, que tinham em comum o fato de lecionarem em escolas de ensino técnico e que mantinham contatos uns com os outros compartilhando saberes e expectativas e que se encontravam em eventos como congressos ou visitas técnicas e às vezes até chegavam a trabalhar juntos, poderiam constituir uma rede de sociabilidades.

Portugal (2007), ao abordar a teoria das redes, discute o seu impacto na análise sociológica. De acordo com sua abordagem, a análise das redes permite focar a atenção no comportamento individual sem perder de vista a sua inserção nas estruturas sociais. A investigação sobre redes sociais mostra como as trajetórias sociais dos indivíduos não são determinadas integralmente nem pelas suas posições estruturais, nem pelas suas decisões individuais.

Aproximando-se o conceito de redes com o conceito de capital social e tomando-se por base a perspectiva de Bourdieu (1980), a autora mostra que as redes são construídas através de estratégias de investimento nas relações sociais, passíveis de serem utilizadas como fontes de benefícios. A definição do autor torna clara a existência de dois elementos no capital social: as relações que permitem aos indivíduos aceder aos recursos e a qualidade e quantidade desses recursos.

Do ponto de vista metodológico, a abordagem à luz da teoria das redes permite usufruir de um conjunto de dispositivos analíticos solidamente estruturados e testados. A linguagem, os conceitos, os indicadores, os métodos de recolha e tratamento de dados da network analysis constituem um corpo analítico que oferece inúmeras possibilidades heurísticas e grande flexibilidade temática.

A network analysis trouxe novos princípios analíticos, novas linguagens e novos dados para a teoria sociológica, permitindo analisar a estrutura social a partir de uma perspectiva relacional e (re) colocando no centro do questionamento o elemento básico da sociologia: a interação social.

O que realmente define uma rede educacional? As 'rotas de viagem' ou meios de divulgação e comunicação já constituem redes? De acordo com o referencial técnico-social da noção de rede que permanece até os dias de hoje,

[…] as redes descrevem as relações entre entidades sociais em interação e seus padrões e as implicações dessas relações. Em geral, pode-se afirmar que as redes são elos comunicativos e principalmente horizontais entre agentes interdependentes - atores individuais, corporativos ou coletivos - que são relativamente iguais, confiam uns nos outros e compartilham interesses ou valores semelhantes. Essas ligações ou laços diretos ou indiretos entre atores (ou nós) - tais como interação comportamental, relações de parentesco, troca de produtos, fluxo de informações, transferência, migração e comunicação - são os meios pelos quais ocorre a transferência de recursos materiais ou não materiais. No entanto, os laços são frequentemente recíprocos assimetricamente e variam em relação à densidade, intensidade, duração, etc. Eles podem ser fortes, principalmente dentro de um grupo (por exemplo, amigos), ou fracos, principalmente entre diferentes grupos de atores (por exemplo, conhecidos). Eles fornecem capital social de quatro maneiras: solidariedade particular específica de grupo; confiança na autoridade dos valores; acesso a informação; e autonomia estrutural (FUCHS, 2007, p. 187).

As relações criadas pelos sujeitos, em nível nacional e internacional, favorecem os intercâmbios através de exposições, congressos, associações com instituições transnacionais, cooperações diversas. O autor afirma que os congressos internacionais se tornaram, no início do século XX, a principal forma de internacionalizar o saber científico, fornecendo não só a possibilidade dos encontros para trocas e divulgação de descobertas recentes, como também a oportunidade para a criação de organizações científicas e internacionais. Ou seja, essa cooperação entre os sujeitos de diferentes lugares, mas compartilhando interesses comuns, concorria para a constituição das redes.

Da mesma maneira, Caruso (2014) refere-se ao surgimento de um nível supranacional na educação, a partir de 1850, em que organizações governamentais e não governamentais atuaram em nível internacional possibilitando o surgimento de redes internacionais. Isso pode ser percebido nas exposições, feiras e congressos internacionais como a Feira Mundial da Filadélfia em 1876. Esses eventos geraram impacto na internacionalização através de “reuniões e organizações que reuniram identidades, tradições, estereótipos nacionais, etc.” (CARUSO, 2014, p. 21).

Outras formas de cooperação internacional como intercâmbios de alunos e professores, por exemplo, ajudaram a criar uma ideia de ordenamento da diversidade do mundo. A prática de enviar professores e outros estudiosos da educação brasileiros ao exterior também tinha, algumas vezes, o objetivo de divulgar por meio de missões e congressos, o que se fazia aqui, assim como professores estrangeiros também estiveram no Brasil com o mesmo objetivo. É certo que esses encontros e trocas de experiências iam forjando a constituição das redes transnacionais.

Rabelo (2019), em estudo sobre a viagem que o educador Isaac Kandell fez na década de 1920 à América do Sul, afirma que foi possível identificar indícios que sinalizam para a constituição de redes no processo de intercâmbio, de ideias e sujeitos, entre os EUA e o Brasil. A ida de vários educadores brasileiros nos anos seguintes para temporadas de estudos, breves ou longas, nos EUA indicaria que a tessitura de uma rede de educadores estaria a se formar. No entanto, como assevera Fuchs (2007), as conexões formadoras de redes são frequentes e assimetricamente recíprocas, indicando que sua intensidade é variável, assim como sua densidade e duração, mas independente de qual tenha sido a natureza dessas relações, se intelectuais, profissionais ou sociais, importa destacar a relevância da viagem de Kandell pelo Brasil nesse contexto em que se busca clarificar a questão da constituição das redes transnacionais de educação.

Vidal (2017) diz que há registros de viagens de professores brasileiros ao exterior da época do Império: Abílio César Borges para a Europa em 1866, 1870 e 1879 com o objetivo de aprender sobre pedagogia, práticas e modelos de escola que ele esperava adotar em suas escolas; Antonio Herculano de Souza Bandeira Filho à França, Áustria e Alemanha em 1883, onde foi contratado para visitar jardins de infância e escolas normais; Maria Guilhermina Loureiro de Andrade entre 1883 e 1887, para estudar a pedagogia de Friedrich Fröbel, métodos e processos de aprendizagem intuitivos; além de Joaquim José Menezes Vieira que viajou para a França, Itália, Bélgica, Alemanha e Suíça em 1882 e em 1888-1889 em busca de inovações pedagógicas no estrangeiro.

Os viajantes e os objetivos de viagem indicam

[…] que a natureza impressionante dos novos desenvolvimentos na educação e pedagogia […] mobilizou indivíduos e o governo para investir em tais viagens, e revitalizou o comércio entre nações. Essas visitas ao exterior estavam associadas à propagação de práticas de ensino seguindo a instituição de ensino obrigatório na maioria das nações durante a segunda metade do século XIX, incluindo o Brasil (VIDAL, 2017, p. 231).

A mobilização de educadores brasileiros na busca por conhecer as possíveis inovações educacionais, aprender novas práticas, atualizar-se sobre novos métodos e teorias pedagógicas sugere que estes educadores também foram agentes da circulação das ideias trazidas dessas viagens.

A participação de educadores nas Exposições Universais, o comissionamento de professores viagens ao exterior e as visitas ao exterior realizadas com recursos próprios demonstram o interesse em aprender sobre inovações educacionais e modelos pedagógicos em circulação na Europa e nos EUA. Educadores e governos reconheceram a importância das missões no exterior como forma de promover a modernização da educação por meio da aquisição de materiais, e pelo contato com soluções pedagógicas exógenas (VIDAL, 2017, p. 241).

Havia a preocupação, no Brasil, que os modelos trazidos do exterior não fossem reproduzidos aqui como meras cópias, mas que fossem adaptados ao ambiente educacional nacional, ou seja, houvesse uma “hibridização cultural, mesclando-se especificidades e ideias pedagógicas que circularam internacionalmente” (VIDAL, 2017, p. 241).

Na perspectiva de que as viagens pedagógicas favorecem a constituição de redes de interações e sociabilidades, busca-se amparo em Viñao Frago (2007), para quem as viagens “educam, mesmo que seja para abrir ao viajante uma realidade diferente da sua. Mas umas educam mais que outras, ou de forma diferente” e algumas são mais representativas para a compreensão desses processos, podendo ser entendidas como viagens pedagógicas.

O autor discute viagens e viajantes que, na Espanha do século XIX, viajaram ou residiram em outros países, com a intenção, ou não, de conhecer seus sistemas e instituições de ensino, elaborando algum tipo de relatório, livro ou redação em que, em decorrência das referidas viagens ou estadias, deem conta da situação da educação no exterior, seja com intuito meramente informativo, seja para contribuir, desta forma, para a melhoria da educação em Espanha.

A amplitude do conceito de viagens pedagógicas elaborado por Viñao Frago (2007) abarca aquelas que se deram por iniciativa própria, por missão governamental e, até mesmo, as que aconteceram em situação de exílio. Nesta pesquisa, contudo, serão consideradas apenas viagens ao estrangeiro promovidas com participação governamental no período entre os anos de 1909 e 1946, na busca por referências para o ensino técnico a ser oferecido no Brasil, de uma forma que atendesse às demandas socioeconômicas e políticas do país. Foram consideradas nesse processo missões com finalidade de visitas para conhecer a experiência dos outros países, de sondagens para contratação de funcionários e de participação em eventos.

3 A reestruturação do ensino técnico em curso na primeira metade do século XX

Quando, nas primeiras décadas do século XX, o processo de desenvolvimento industrial tomou impulso no Brasil, tornou-se evidente a necessidade de construir, no país, uma estrutura para garantir a oferta de ensino profissional. A exemplo dos países europeus e dos EUA, que já vivenciavam seus processos industriais, e, consequentemente, tinham consolidado suas redes de ensino e formação de trabalhadores, visando às demandas das indústrias.

O Brasil, embora já tivesse algumas poucas escolas de formação para o trabalho, ainda carecia de instituições que pudessem formar mão de obra em larga escala e a curto prazo, que suprisse as demandas da indústria em ascensão. A favor do Brasil, nessa corrida para atender essas demandas da indústria, havia experiências bem-sucedidas, na Europa e Estados Unidos da América (EUA), nas quais os gestores e técnicos poderiam se inspirar para dar forma a um modelo de educação profissional a ser aplicado no Brasil.

No seio do governo do Presidente Getúlio Vargas (1930-1945) existiam disputas, de natureza política e ideológica, entre os agentes que foram responsáveis pela concepção, planejamento e montagem das duas redes nacionais de ensino industrial constituídas no Brasil: as escolas técnicas e o SENAI2. Essas diferenças se expressaram nas escolhas dos modelos e das referências que influenciaram as duas redes. (GAMA, 2016).

As redes de ensino profissional eram uma realidade em países como Alemanha, França e Suíça, assim como nos EUA. Como afirma Pedrosa e Santos (2014), a Europa, nessa época, tinha escolas para o trabalho com oficinas, testes psicotécnicos e uma pedagogia do trabalho. Os EUA, por sua vez, contavam com escolas profissionalizantes com metodologias destinadas ao ensino industrial e psicologia para os docentes que atuavam no ensino industrial.

De acordo com Pedrosa e Santos (2014), a organização do ensino industrial brasileiro foi definida por debates/embates perpetrados nos anos de 1920 e 1930 motivados pelo desejo que seus agentes tinham de oferecer uma educação de bases modernas, amparada em concepções práticas e racionais. Distinguem-se nomes como Leon Renault, Rodolfo Fuchs, Francisco Montojos, João Luderitz, Roberto Mange, Faria Góes Filho, Horácio da Silveira, Lourenço Filho, Anísio Teixeira e Fernando de Azevêdo, sendo os dois últimos, expoentes do movimento “Escola Nova” e partícipes da construção do Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, cujas ideias influenciaram as discussões acerca da educação profissional do período.

Convém ressaltar que a sociedade brasileira, em 1930, ainda carregava as marcas da estrutura herdada de séculos de colonização europeia (1500-1822), que persistiram no período imperial (1822-1889), entre eles a escravidão e a economia centrada na agroexportação. Essas marcas começaram a ser lentamente apagadas, para dar espaço a outros sujeitos sociais, como a burguesia industrial e o operariado urbano, no período republicano, bem recente.

Ideias pedagógicas e modelos de ensino industrial circularam no Brasil e referenciaram a experiência brasileira de preparação das redes nacionais de ensino na década de 1940. Sobre tal, Pedrosa e Santos (2014) apontam os intercâmbios, viagens técnicas, participação em congressos, celebração de acordos, importação e adaptação de modelos, tradução de livros e contratação de professores como elementos essenciais para a estruturação dessas redes de ensino industrial, bem como a mobilização de educadores e engenheiros que se tornaram os agentes dessas ações. Os autores trazem evidências de que o ensino industrial brasileiro, no período citado, espelhou-se em modelos europeus e americanos. O foco da abordagem eram os agentes do ensino industrial e suas referências internacionais e um movimento dos anos 1920-30-40 em diante, relacionado à educação para o trabalho, que culmina no ensino industrial em diferentes sistemas: o industrial e o técnico.

Sobre o ensino técnico, convém lembrar que Cunha (2000) discute o significado da expressão técnico que, segundo ele, quase sempre é empregada de forma equivocada, definindo, ora uma pessoa que desempenha uma função determinada, ora pessoas que concluíram estudos em escola que forme técnicos e que possa utilizar os conhecimentos teóricos e práticos para desempenhar funções produtivas no mundo do trabalho. Portanto, o ensino técnico a que nos referimos neste texto é o que o governo brasileiro, os empresários da indústria, os trabalhadores, os sindicatos buscavam construir no Brasil, nas décadas de 1920, 1930 e 1940. A esse propósito, as viagens pedagógicas dos professores, engenheiros educadores e políticos serviram: buscar referências para o ensino técnico e industrial a ser oferecido no Brasil. De uma forma que atendessem as demandas econômicas e políticas do Brasil num contexto diverso.

O ensino voltado à formação profissional, outrora chamado de ensino de ofícios, existira no Brasil desde os tempos coloniais e foi passando por mudanças e adaptações conforme a ação do tempo e as necessidades socioeconômicas e arranjos produtivos o exigiram. E nesse processo de mudanças o ensino profissional se assume técnico, para formar técnicos no âmbito de uma sociedade que também se transformava.3

Assim, a produção do conhecimento acerca das viagens pedagógicas realizada nas bases de dados informadas anteriormente, foi analisada a partir de uma caracterização dos trabalhos sem a análise textual deles4, tendo o cuidado de organizá-los de acordo com a cronologia das produções, o quantitativo, os tipos de trabalhos (se artigos, dissertações ou teses) e seus respectivos repositórios.

4 Sistematizando os dados obtidos pela pesquisa nas plataformas e repositórios digitais

Da pesquisa digital nas plataformas do Google Acadêmico; da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) e no Catálogo de Dissertações e Teses da CAPES - utilizando os descritores: “viagens pedagógicas”; “viagens pedagógicas” and “ensino técnico”; e “circulação de modelos e ideias pedagógicas” – foram obtidos os resultados apresentados na sequência do texto.

Sobre o Google Acadêmico, Ciriaco (2022) informa que se trata de um sistema do Google que oferece ferramentas específicas para que pesquisadores busquem e encontrem literatura acadêmica. Artigos científicos, teses de mestrado ou doutorado, livros, resumos, bibliotecas de pré-publicações e material produzido por organizações profissionais e acadêmicas. O buscador indexa conteúdos de bases de acesso abertos como a Scielo, Altametric e Wiley ou de materiais que estejam disponíveis no Google Livros permitindo, inclusive, que os próprios usuários adicionem suas produções científicas.

Na plataforma do Google Acadêmico, por ser mais ampla, encontramos muitos trabalhos que aparecem como resultados gerais (Quadro 1). Utilizamos como filtro o critério de ser artigo já publicado, tese, dissertação, livro ou capítulo de livro publicado. Não obtivemos nenhum resultado para os descritores “viagens pedagógicas” e “circulação de modelos e ideias pedagógicas” que atendesse ao referido critério. Todas as pesquisas foram realizadas e publicadas entre os anos de 2007 e 2020.

Quadro 1.
Levantamento do Google Acadêmico
DESCRITORRESULTADO GERALRELACIONADOS AO TEMATIPO DE PUBLICAÇÃOPERÍODO DAS PUBLICAÇÕES
“Viagens Pedagógicas” and “Ensino Técnico”40 publicações16 publicaçõesArtigo062007-2020
Livro02
Capítulo de livro02
Dissertação02
Tese04
Fonte: Elaboração das autoras

O portal da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) constitui um acervo público que reúne e dissemina, em acesso aberto, textos completos de teses e dissertações defendidas em instituições brasileiras de ensino e pesquisa, assim como teses e dissertações defendidas no exterior por brasileiros. O acesso a essa base pode ser realizado através do endereço eletrônico https://bdtd.ibict.br/vufind/.

O referido acervo foi desenvolvido e é coordenado pelo IBICT (Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia) integrando os sistemas de informação de teses e dissertações existentes nas instituições de ensino e pesquisa brasileiras, estimula a publicação de teses e dissertações em meio eletrônico, dando maior visibilidade à produção científica nacional podendo ser utilizado pela comunidade científica, bibliotecas e pelo público em geral.

No levantamento realizado na base da BDTD, utilizando os descritores “viagens pedagógicas” e “circulação de modelos e ideias pedagógicas”, optamos por levantar o quantitativo de pesquisas, o título, o objetivo, o tipo (se tese ou dissertação), o ano da defesa pública e qual o repositório (instituição), conforme aparece nos Quadros 2 e 3. Verificamos que todas as pesquisas encontradas foram finalizadas/defendidas entre os anos de 2006 e 2020. Obtivemos os seguintes resultados: com o descritor “viagens pedagógicas encontramos 02 teses e 02 dissertações (Quadro 2); com o descritor “circulação de modelos e ideias pedagógicas” encontramos 11 dissertações e 08 teses (Quadro 3).

Quadro 2.
Levantamento da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) – Descritor “viagens pedagógicas
TÍTULO DA PESQUISATIPO ANO/INSTITUIÇÃOOBJETIVO
Viajar é inventar o futuro: narrativas de formação e o ideário educacional brasileiro nos diários e relatórios de Anísio Teixeira em viagem à Europa e aos Estados Unidos (1925-1927)Dissertação 2011 - USPEste trabalho tem por pretensão analisar as viagens de Anísio Teixeira à Europa em 1925 e aos Estados Unidos em 1927. Anísio partiu a países estrangeiros com o propósito de peregrinação, passeio e lazer, mas, também com o objetivo de entrar em contato com uma cultura diferente da sua, civilizada e conhecer um modelo educacional referencial, sobretudo, o norte-americano, considerado um dos mais eficazes neste momento. De suas viagens ele produziu uma escrita diarística, cujos registros são do cotidiano a bordo, dos sujeitos americanos, das cidades, de suas reflexões em relação à vida, à si, à política, à educação, à religião católica, à América, além dos objetivos e propósitos de suas viagens.
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Por uma pedagogia da viagem, do turismo e do acolhimento: itinerários pelos significados e contribuições das viagens na (trans) formação de si. Tese 2008 - UFBAA educação em turismo é uma alternativa para a transformação do processo de acolhimento em espaços de viagem, turismo e lazer. E o acolhimento é o elemento capaz de unificar os significados da viagem e do turismo. Este estudo, na interseção da educação, da viagem e do turismo, aborda experiências de aprendizagem, de formação e de educação pelas viagens (EAFEV) a fim de contribuir para a formação do docente e do profissional bem como dos viajantes confrontados a outras culturas e a uma possível (trans) formação deles próprios. Centrado nas realidades brasileira e francesa, reflete um panorama tanto nacional quanto internacional que poderá informar outros estudos em diferentes regiões e países.
Fonte: Elaboração das autoras

Conforme o Quadro 2, as pesquisas sobre as viagens pedagógicas corroboram a importância desses estudos para a compreensão dos movimentos educacionais e para a circulação das ideias que tais eventos proporcionavam. Embora nenhum desses trabalhos versem diretamente sobre o ensino técnico, eles nos mostram a relevância dessas viagens para o intercâmbio e a renovação das ideias pedagógicas dos viajantes, dada a influência que eles exerceram sobre os seus pares à época.

Houssaye (2007) diz que, ao mesmo tempo que reconhecemos que há circulação de ideias, precisamos sublinhar os limites desses intercâmbios e considerá-los, tanto quanto, constitutivos da pedagogia. Conforme o autor, para implantar-se e desabrochar, cada pedagogo se fixa num dado lugar, numa dada época, numa dada situação. Ilustrar esse aspecto é relativamente simples, tão numerosos são os exemplos.

As pesquisas indicam que as viagens dos educadores, mesmo quando à primeira vista não tinham esses objetivos pedagógicos, contribuíram para alargar seus horizontes formativos, bem como as suas redes de sociabilidades, como podemos observar nos textos pesquisados. Sobre isso Houssaye (2007), diz que a pedagogia só pode ser concebida no âmbito internacional e os pedagogos sempre foram grandes viajantes que funcionaram em rede.

Quadro 3.
Levantamento da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) – Descritor “circulação de modelos e ideias pedagógicas”
TÍTULO DA PESQUISATIPO ANO/INSTITUIÇÃOOBJETIVO
José Scaramelli: um bandeirante do ensino paulista na implementação e divulgação de uma didática e metodologia da educação nova para a infância brasileira.Dissertação 2013 - UFSCA pesquisa tem por tema o estudo do movimento das ideias pedagógicas em circulação no Brasil no período da Primeira República, mediante a trajetória de vida e das interlocuções de um intelectual da educação brasileira, José Scaramelli, intelectual partícipe das missões de professores paulistas. Seu objetivo consiste em apreender, analisar e compreender como os ideais do Movimento da Educação Nova adentram no cenário educacional brasileiro, sendo apropriados e adaptados.
A Aritmética no ensino primário de Brasília: 1957-1970 Tese 2018 - Universidade AnhangueraA tese teve por objetivo analisar, na perspectiva da História Cultural, como se constituiu o ensino de aritmética nas escolas primárias de Brasília no período de 1957 a 1970.
A circulação do ideário escolanovista no Estado de Goiás: a revista de educação (1937-1962) Dissertação 2013 - UNESPO estudo apresenta uma descrição de como circulou o ideário escola novista no Estado de Goiás por meio da Revista de Educação no período de 1937 a 1962. Essa delimitação temporal corresponde aos anos datados nos números da Revista que foram localizados. O objetivo foi apresentar como o poder público colocou em circulação o novo modelo pedagógico para o Estado de Goiás, por meio da Revista de Educação.
A escola, o esporte e a energização do caráter: projetos culturais em circulação na Associação Brasileira de Educação (1925-1935) Tese 2006 - UFMGEste estudo aborda as relações estabelecidas entre o esporte e a educação escolar e tem como lugar da narrativa as práticas discursivas e institucionais produzidas e realizadas pela Associação Brasileira de Educação (ABE), em 1920 e 1930. Ao estabelecer esse recorte, meu principal propósito foi compreender como e por que as práticas esportivas, na época já disseminadas como experiência moderna e urbana, participaram de um projeto cultural que apostou na eficiência da escola como possibilidade de organização e disciplinarização da vida social.
O ideário da escola nova na Paraíba: circulação de novos saberes nos discursos de José Baptista de Mello (1930-1936) Dissertação 2015 - UFPBO objetivo principal é analisar a circulação do ideário da Escola Nova no estado da Paraíba, através dos discursos do professor José Baptista de Mello encontrados nos jornais A União e A Imprensa. Considerando a influência desses discursos na circulação e propagação de um novo ideário pedagógico, que rompe com um modelo de ensino tradicional, para métodos de ensino moderno, enriquecido pelo pragmatismo e interesses comuns da época.
Colecionando livros, formando mestres: a Biblioteca Pedagógica da Escola Normal de São Paulo (1883)Dissertação 2011 - PUC -SPO objetivo deste estudo foi mapear as principais ideias pedagógicas que os livros adquiridos pelo professor Paulo Bourroul colocaram em circulação e assim conhecer os modelos por eles apontados para a formação dos professores da Escola Normal de São Paulo no último quartel do século XIX.
Saberes em viagem nos manuais pedagógicos: construções da escola em Portugal e no Brasil (1870-1970)Tese 2006 - USPNesta tese de doutorado foram tomados como objeto de análise os livros usados pelos normalistas quando eles estudaram as questões relativas ao ofício de ensinar. Chamados aqui de manuais pedagógicos, esses textos começaram a ser publicados em períodos muito próximos em Portugal e no Brasil.
Um professor em dois mundos: a viagem do professor Luiz Augusto dos Reis à Europa (1891)Tese 2011 - USPEsta tese examina o relatório produzido pelo professor primário Luiz Augusto dos Reis que, em 1891, partiu do Rio de Janeiro para a Europa com destino a Portugal, Espanha, França e Bélgica, a fim de verificar as condições da instrução pública nas regiões descritas como representantes do mundo civilizado.
Educar para o desenvolvimento: críticas a esse modelo em consolidação na educação infantilTese 2008 - UNESPEste trabalho discute a função educativa desenvolvida com as crianças de 03 a 06 anos de idade nos Centros de Recreação do Município de Araraquara-SP, com vistas a evidenciar as semelhanças entre o projeto educacional que subsidia as práticas ali desenvolvidas e as discussões em âmbito internacional e nacional quanto ao papel das instituições de Educação Infantil.
Leituras das regras de escrita de cartas: manual epistolar novo secretario portuguez ou código epistolar como dispositivo de formação pedagógicaDissertação 2015 - UFPBO tema da pesquisa de mestrado é a educação para a civilidade, analisada por meio do dispositivo de formação educacional e fonte da pesquisa, o manual epistolar Novo Secretario Portuguez ou Código Epistolar, de J. I. Roquette, buscando contribuir com as pesquisas em História da Educação, evidenciando-se a importância histórica dos manuais na constituição do ensino da leitura e da escrita.
O modelo militar no ensino de Enfermagem: um olhar histórico sob a perspectiva foucaultianaTese 2014 - USPO estudo resgatou a reconfiguração da Escola de Enfermagem da Cruz Vermelha Filial Estado de São Paulo (EECVB-FESP) nos anos de 1940-1945, cuja instituição foi propagadora do modelo militar de ensino na enfermagem, caracterizado por relações disciplinadas e hierarquizadas dos saberes e das práticas da enfermagem.
História e memórias de uma escola maranhense: Colégio Santa Teresa Dissertação 2016 Universidade Metodista - SPEsta pesquisa pretende reconstruir a história e as memórias da experiência educacional popular, que ocorreu no final da década dos anos de 1970, em um pequeno povoado maranhense, denominado Santa Teresa do Paruá, hoje, Presidente Médici. Nesta pequena vila de agricultores, movida pelos ideais comunitários, foi construído o Colégio Santa Teresa – protagonizando o nascimento de uma educação popular de qualidade. Acrescenta-se, ainda, recorrer às memórias, para saber quais os efeitos e contribuições da presença da Pedagogia Lassalista no colégio.
História da educação primária na Atenas Norte-Rio-Grandense: das escolas de primeiras letras ao Grupo Escolar Tenente Coronel José Correia (1829-1929)Dissertação 2017 - UFRNO objetivo desta dissertação é analisar a importância da História da Educação Primária para a construção da identidade da cidade do Assú (RN) como Atenas Norte-rio-grandense. Dentro dessa proposição de trabalho, consideramos o movimento de interação que se estabelece entre as práticas culturais e literárias desenvolvidas na cidade e o processo de escolarização.
Letramento literário: materiais didáticos e o ensino da literaturaDissertação 2008 - UEMO objetivo principal deste trabalho foi traçar as orientações e os modelos de letramento literário em materiais pedagógicos e que também fazem a mediação do texto literário. O conceito de letramento pode ser entendido, aqui, como um conjunto de práticas sociais que utilizam a escrita como sistema simbólico.
Arquitetura dos edifícios da escola pública no brasil (1870- 1930): construindo os espaços para a educaçãoTese 2010 - UFMSA pesquisa concentra-se em analisar a arquitetura e a educação, a partir das relações históricas entre a normatização na produção do edifício escolar público no Brasil e como ele passou a existir como produto de um processo histórico, especificamente a partir do surgimento das Escolas do Imperador, no ano de 1870 até os anos de 1930
Representação e subjetividades infantis nos livros para crianças em Salvador no início do século XXTese 2017 - UFSCEste estudo tem como objetivo analisar o surgimento de uma rede de produção e circulação de livros infantis em Salvador no final do século XIX e início do século XX. A literatura infantil desse período caracterizou-se pelo caráter pedagógico e pela vinculação de modelos ideais de infância, que influenciaram a formação de meninos e meninas na Bahia republicana.
A partir da inspetoria de Educação Física de Minas Gerais (1927-1937): movimentos para a escolarização da educação física no estadoDissertação 2009 - UFMGEste estudo aborda o movimento de criação, de atividade e de declínio da Inspetoria de Educação Física de Minas Gerais, instituída no Regulamento do Ensino Primário em 1927 e que teve seu decaimento em 1937. O propósito principal foi compreender como tal órgão investiu no processo de escolarização da Educação Física no Estado.
Pop management jornalístico e espírito do capitalismo: os cadernos de emprego no jornal Zero Hora (2012/2013).Dissertação 2014 Universidade Federal de PelotasEste estudo discute as transformações no mundo do trabalho, a partir do conceito de “novo espírito capitalismo” como a ideologia que justifica o engajamento no capitalismo. Revela aspectos de como se configura o novo espírito do capitalismo no Rio Grande do Sul, de acordo com o discurso difundido pelo pop management jornalístico.
Minicontos multimodais a partir de tiras da Turma da MônicaDissertação 2015 - UFS O relatório tem o propósito de apresentar os resultados da primeira aplicação, realizada numa turma de 7º ano, do Caderno Pedagógico intitulado Produzindo minicontos multimodais a partir de tiras da Turma da Mônica.
Fonte: Elaboração das autoras

A circulação das ideias e dos modelos e práticas pedagógicas se dava no movimento das viagens tanto no âmbito nacional como no âmbito internacional, mas também através das publicações de revistas e livros. Entender o itinerário, as razões e os efeitos das viagens, nos parece um caminho bastante promissor para a compreensão de quando e quanto dessas ideias circularam e se foram relevantes nos processos de organização do ensino técnico no Brasil.

Assim como a BDTD, o Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior)5 é uma plataforma que tem como objetivo facilitar o acesso a informações sobre teses e dissertações defendidas junto a programas de pós-graduação do país, além de disponibilizar informações estatísticas acerca desse tipo de produção intelectual, e faz parte do Portal de Periódicos da Instituição. Para acessá-lo utilizamos o endereço eletrônico http://bancodeteses.capes.gov.br/, mas também é possível acessá-lo através da página inicial do Portal de Periódicos da Capes.

Na busca na referida plataforma utilizamos os descritores “Viagens pedagógicas”, “viagens pedagógicas” and “ensino técnico” e “viagens pedagógicas” and “ensino industrial”. Os resultados obtidos foram organizados no Quadro 4 em que constam o descritor, o quantitativo, o tipo de pesquisa, assim como o repositório e ano de defesa ou publicação do trabalho.

Quadro 4.
Levantamento no Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES
DESCRITORRESULTADOSTIPO DE PESQUISAREPOSITÓRIO/ANO
“Viagens Pedagógicas”04 PesquisasDissertações02USP (2011)
UFRN (2020)
Teses02USP (2011)
UFS (2019)
“Circulação de modelos e ideias pedagógicas”13 PesquisasDissertações07UFMG (2019); PUC_SP (2011); UFSC (2013); UNESP (2013); UFRN (2014); UFPB (2015; UFPB (2015)
Teses06USP (2006, 2011 e 2014); UFMG (2006); UFMS (2010 e 2017)
“Circulação de modelos e ideias pedagógicas” and “Ensino Técnico”02 PesquisasTeses02PUC-SP (2018) USP (2019)
“Viagens pedagógicas” and “Ensino Industrial”20 PesquisasTeses 05USP (2004; 2011); UERJ (2008); UNICAMP (2010); UFRS (2017);
Dissertações15CEFET-MG [ 2000 (1); 2013 (2); 2014 (4) e 2017 (2)]; UFU (2008); UFS (2002); PUC-RJ (2002); UNIVERSIDADE DE TUIUTI DO PARANÁ (2014); UNICAMP (2012 e 2019)
Fonte: Elaboração das autoras

Na pesquisa com o descritor “viagens pedagógicas” encontramos 04 trabalhos, sendo uma dissertação e três teses; já com os descritor “viagens pedagógicas” and “ensino técnico” encontramos apenas 01 tese; e por fim, os descritores “viagens pedagógicas” and “ensino industrial” encontramos um quantitativo de 20 pesquisas realizadas sendo 05 teses e 15 dissertações das quais 09 foram realizadas por pesquisadores vinculados ao Programa de Pós-Graduação em Educação Tecnológica (PPGET) do CEFET-MG que oferece o curso de Mestrado, cujas linhas de pesquisa estão assim distribuídas:

Nesse levantamento as pesquisas foram finalizadas/defendidas entre os anos de 2000 e 2020. Observamos que há algumas coincidências em relação às buscas realizadas no portal da BDTD, ou seja, aparecem em mais de uma plataforma, mas optamos por preservá-los na forma em que aparecem.

5 Algumas considerações

Não obstante a existência de algumas fontes bibliográficas, visto que alguns pesquisadores já percorrerem essa trilha das viagens pedagógicas; de sabidamente outras fontes como jornais e documentos oficiais nos indicarem a existência e a importância das viagens pedagógicas dos engenheiros educadores ao exterior, sobretudo Europa e Estados Unidos6, na busca por ideias, modelos, contratação de docentes e técnicos e inspiração para o que seria a reestruturação do ensino técnico, constatamos que a produção acadêmica, no que se refere a teses e dissertações que se debrucem sobre o tema, ainda é modesta e bastante recente, considerando que os trabalhos encontrados foram produzidos entre os anos de 2000 e 2020. No entanto, é perceptível um aumento progressivo dessas produções, o que pode indicar um maior interesse dos pesquisadores do campo da História da Educação e consequentemente novas abordagens e novos resultados poderão surgir.

No que se refere à pesquisa da qual deriva essa busca pelo estado do conhecimento: viagens pedagógicas e a circulação de ideias e modelos educacionais para o ensino técnico no Brasil (1909 a 1946), da consulta às fontes, depreende-se a importância das viagens, inicialmente como observatório das experiências de ensino técnico no exterior, e, posteriormente, para a adoção dos modelos que seriam utilizados na reforma do ensino profissional e técnico que o governo brasileiro implantou na década de 1940.

O levantamento da produção acadêmica relacionada ao tema citado revelou que: sobre as viagens dos engenheiros educadores, bem como dos demais envolvidos com a estruturação do ensino técnico e a própria reforma educacional pretendida e realizada no período de abrangência da pesquisa, sobretudo nas década de 1930 e 1940, não é tão vasta, se considerarmos a sua importância histórica, mas os resultados encontrados nos imprime relevância à temática investigada na produção do conhecimento aqui apresentada.

Percebeu-se que os objetivos das pesquisas convergem no sentido de mostrar a importância das interações dos viajantes com a cultura de formação dos lugares visitados e a preocupação em produzir relatórios dando conta disso para seus interlocutores ou autoridades a quem se reportavam a fim de que pudessem tirar proveito desse conhecimento e influenciar a organização do ensino e das escolas no Brasil.

Os indícios permitem vislumbrar certo protagonismo dos agentes que atuaram na constituição do ensino técnico brasileiro. Dessa forma, os dados obtidos no levantamento das fontes e das pesquisas da produção acadêmica e científica sobre o tema proposto, nos sugerem que sim, que há uma relação possível entre as viagens pedagógicas e as interações dos educadores viajantes com a circulação de ideias que influenciaram a organização do ensino técnico industrial no Brasil, que inclusive contribuíram com a organização da estruturação física e jurídica desse ramo do ensino profissional no recorte cronológico no qual se inseriu a busca. Por fim, reiteramos que se trata de pesquisa de tese, ainda em curso, e espera-se que tenha desdobramentos com contribuições efetivas para o campo da história da educação profissional no Brasil.

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Notas

1 Para a busca na CAPES e BDTD optamos por uma busca ampla sem delimitações em relação aos referidos repositórios, uma vez que ambas contêm repositórios de muitas universidades.
2 Por meio do Decreto-lei n. 4.048 de 1942, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) foi criado, com a participação dos industriais e em convênio com a CNI (Confederação Nacional da Indústria). Quatro anos depois, foi criado o Serviço de Aprendizagem Comercial (SENAC), pelo Decreto-lei n. 8,621 de 1946, dirigido pela Confederação Nacional do Comércio (CNC). Ambos foram criados para atender as demandas de qualificação para o trabalho. Cf. Batista (2015).
3 Para aprofundar os estudos sobre a formação para o trabalho no Brasil ver Medeiros Neta et al. (2018).
4 A análise referida demandaria um tempo de que não dispúnhamos na ocasião em que escrevemos este texto. Por essa razão optamos por apresentar o resultado do levantamento realizado na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD), no Banco de Teses e Dissertações da CAPES e no Google Acadêmico.
5 Trata-se de uma fundação do Ministério da Educação (MEC), que é responsável pela expansão e consolidação da pós-graduação – mestrado e doutorado – em todos os estados da Federação. É a responsável pela avaliação quadrienal de todos os cursos de pós-graduação do País. É a única entidade que tem tradição de determinar o descredenciamento (na prática, o fechamento) dos cursos que apresentam nota baixa ou deficiente.
6 A relação do Brasil com os Estados Unidos da América no que se refere à formação para o trabalho se apresenta como tema emergente à historiografia da educação profissional, sendo um desses temas que carece estudo o financiamento dos Estados Unidos, mediante os acordos MEC-USAID para os Ginásios Orientados para o Trabalho, também conhecidos como Ginásios ou Escolas Polivalentes, planejados e implantados nas décadas de 1960 e 1970, portanto, no contexto da ditadura civil-militar brasileira e da Lei 5.692/1971. (SOUZA, 2019).

Notas de autor

1 Mestre e Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional (IFRN). Professora de história no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) – Natal/RN – Brasil. E-mail: acgeml@hotmail.com.
2 Doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Professora do Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e atua como professora-orientadora no Programa de Pós-Graduação em Educação (UFRN) e no Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) – Natal/RN – Brasil. E-mail: olivianeta@gmail.com.

Información adicional

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