Dossiê Temático: “A pesquisa em Educação Profissional e Tecnológica: temas, abordagens e fontes”

Percepção da qualidade de vida a partir do ensino de filosofia em cursos técnicos do Instituto Federal da Paraíba

Perception of quality of life from the teaching of philosophy in technical courses at the Federal Institute of Paraiba

Percepción de la calidad de vida a partir de la enseñanza de filosofía en los cursos técnicos del Instituto Federal da Paraíba

Gilcean Silva Alves 1
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba, Brasil
Diógenes Oliveira Pereira 2
Brasil

Percepção da qualidade de vida a partir do ensino de filosofia em cursos técnicos do Instituto Federal da Paraíba

Vértices (Campos dos Goitacazes), vol. 24, núm. 2, 2022

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense

Este documento é protegido por Copyright © 2022 pelos autores.

Recepción: 13 Febrero 2022

Aprobación: 11 Julio 2022

Resumo: A partir do potencial do ensino de Filosofia na reflexão sobre Qualidade de Vida, esta pesquisa exploratória, com abordagem qualiquantitativa, investigou a Qualidade de Vida discente e docente em turmas dos cursos técnicos integrados Contabilidade e Informática do Instituto Federal da Paraíba Campus João Pessoa. Foram utilizados dois instrumentos mistos adaptados de um formulário da Organização Mundial de Saúde, nos Domínios Físico, Psicológico, Relações Sociais e Meio Ambiente, com amostra de 14 discentes e 4 docentes. Os dados quantitativos dos discentes e docentes destacaram níveis maiores no Domínio Relações Sociais e menores no Domínio Físico. A autoavaliação Docente quanto à Qualidade de vida obteve índice médio 4,00; a avaliação Discente nesse item alcançou 3,85. Em cada caso, sugere-se um maior autocuidado, demandando atenção da Instituição e dos aparelhos sociais. Verificaram-se a vulnerabilidade financeira de discentes, demandando apoio financeiro, emocional e psicológico, e a necessidade de maior atenção e apoio à saúde mental docente. Foram analisados os conteúdos das questões abertas, mediante metodologia de Bardin (1977), trazendo relevantes contribuições sobre a percepção do conceito de Qualidade de Vida.

Palavras-chave: Qualidade de vida, Percepção da Qualidade de Vida, Educação Profissional e Tecnológica, Ensino de Filosofia, Formação humana.

Abstract: Based on the potential of teaching Philosophy in the reflection on Quality of Life, with a qualiquantitative approach, this exploratory research investigated the Quality of Life of students and teachers in classes of integrated technical Accounting and Informatics courses at the Federal Institute of Paraíba, at João Pessoa campus. Two mixed instruments were used in the Physical, Psychological, Social Relations and Environment Domains, adapted from a form of the World Health Organization, with a sample of 14 students and 4 professors. Quantitative data from students and professors highlighted higher levels in the Social Relations Domain and lower levels in the Physical Domain. The Teacher's self-assessment regarding Quality of life obtained an average index of 4.00; the Students’ rating for this item reached 3.85. In each case, greater self-care is suggested, demanding attention from the Institution and the social apparatus. The financial vulnerability of students was verified, demanding financial, emotional and psychological support, and the need for greater attention and support to teachers' mental health. The contents of the open questions were analyzed, using the methodology of Bardin (1977), bringing relevant contributions on the perception of the Quality of Life concept.

Keywords: Quality of life, Perception of Quality of life, TVET (Technical and Vocational Education and Training), Teaching of Philosophy, Human formation.

Resumen: Con base en el potencial de la enseñanza de Filosofía en la reflexión sobre la Calidad de Vida, esta investigación exploratoria, con enfoque cualicuantitativo, investigó la Calidad de Vida de estudiantes y profesores en clases de cursos técnicos integrados Contabilidad e Informática en el Instituto Federal da Paraíba, campus João Pessoa. Se utilizaron dos instrumentos mixtos adaptados de un formulario de la Organización Mundial de la Salud, en los Dominios Físico, Psicológico, Relaciones Sociales y Medio Ambiente, con una muestra de 14 estudiantes y 4 profesores. Los datos cuantitativos de estudiantes y profesores destacaron niveles más altos en el Dominio de Relaciones Sociales y niveles más bajos en el Dominio Físico. La Autoevaluación Docente sobre Calidad de vida obtuvo un índice promedio de 4,00; la calificación de los Estudiantes para este ítem alcanzó 3.85. En cada caso, se sugiere un mayor autocuidado, demandando atención de la Institución y del aparato social. Se constató la vulnerabilidad económica de los estudiantes, demandando apoyo económico, emocional y psicológico, y la necesidad de mayor atención y apoyo a la salud mental de los docentes. Los contenidos de las preguntas abiertas fueron analizados, utilizando la metodología de Bardin (1977), trayendo aportes relevantes sobre la percepción del concepto de Calidad de Vida.

Palabras clave: Calidad de vida, Percepción de Calidad de Vida, Educación Profesional y Tecnológica, Enseñanza de Filosofía, Formación humana.

1 Introdução

De acordo com a Resolução nº 1/2021 do Conselho Nacional de Educação (CNE), a Educação Profissional e Tecnológica (EPT) é uma modalidade educacional que perpassa os diversos níveis da educação brasileira, estando integrada às outras modalidades de educação e às realidades do trabalho, ciência, cultura e tecnologia. A EPT, então, “é organizada por eixos tecnológicos, em consonância com a estrutura sócio-ocupacional do trabalho e as exigências da formação profissional nos diferentes níveis de desenvolvimento, observadas as leis e normas vigentes” (BRASIL, 2021).

A Educação Profissional e Tecnológica, nesse ínterim, projeta-se como formação integral para desenvolver a autonomia dos sujeitos, articulando tecnologia e ciência, cultura e trabalho (PEREIRA, 2021). Tal arquétipo pedagógico visibiliza, assim, “derrubar as barreiras entre o ensino técnico e o científico, articulando trabalho, ciência e cultura na perspectiva da emancipação humana” (PACHECO, 2010, p. 14).

Uma educação que abarca esse patamar mais amplo deve destacar-se por seu aspecto integrador, multifacetado e multicognitivo, na dinâmica da construção de saberes que perpassam vários componentes curriculares e, quiçá, várias áreas do conhecimento. A esse respeito, Ramos (2005) preconiza uma interrelação entre os saberes e as práticas pedagógicas, concebendo que o currículo integrado se desenvolve mediante a interdisciplinaridade.

A partir desse viés que caracteriza a EPT, denota-se a importância de contemplar uma formação humanística, que seja contínua e permanente, vindo a contribuir de maneira incisiva com novas formas de transformação social diante da responsabilidade cidadã do sujeito e das suas potencialidades de intervenção na realidade. Assim, pressupõe-se o ser humano como ente histórico e social, com potencial para produzir e transformar o mundo mediante o trabalho. Ao mesmo tempo, tal perspectiva concebe a realidade como síntese globalizante, numa rede complexa de relações, demandando para o educando, de acordo com Paula e Henrique (2016), uma sólida formação nos domínios histórico-crítico e político.

No ideal dessa educação enquanto construção integradora, no itinerário formativo da EPT, destaca-se a reflexão filosófica como olhar analítico sobre as diversas realidades que incidem sobre os sujeitos da educação. De forma incisiva, o ensino de Filosofia pode auxiliar na formação de uma perspectiva crítica acerca dos processos que permeiam as dinâmicas sociais, políticas, econômicas, culturais e ambientais, contribuindo com a elaboração dos projetos de vida e de atuação profissional.

Assim, a Filosofia se torna insubstituível enquanto componente curricular, singularizando-se como referência de reflexividade sociotransformadora, levando o indivíduo a uma autonomia no seu pensar. Acerca dessa temática, Amaral Filho e Juk (2018, p. 236) indicam “a Filosofia para repensar essa realidade educacional concreta, em vista da modificação do status quo, que se revela obstáculo para uma formação técnica integral em uma perspectiva de emancipação humana”.

Ao passo que contribui para que o indivíduo amadureça sua consciência crítica sobre as conjecturas que abarcam a existência humana, as práticas do ensino de filosofia podem auxiliar na discussão sobre a qualidade de vida dos grupos e populações. Outrossim, tal estudo pode replicar na análise dos docentes e discentes sobre suas próprias condições de vida, trabalho, saúde e bem-estar, bem como sobre os projetos e ações delineadas pelas instituições pedagógicas que trabalham com EPT.

Destarte, concebe-se que a Qualidade de Vida nos remete a todos os elementos que tocam o bem-estar: “múltiplos fatores interferem na sua obtenção e manutenção e envolvem várias dimensões: a dimensão física, a social, a profissional, a intelectual, a emocional e a espiritual, dentre outras” (PASCOAL, 2004, p. 38). Em vista disso, a Agenda 21 Brasileira se destaca como um instrumental de planejamento e ação participativa. Tal documento vem apontar que a Qualidade de Vida urbana, de forma geral, pode ser inferida levando-se em conta o atendimento das necessidades econômicas e sociais, quais sejam: educação, transporte, saúde, segurança, renda e emprego, qualidade ambiental, saneamento básico e infraestrutura (BRASIL, 2004).

Outro instrumento participativo relevante é a Agenda 2030, com vislumbre mais atualizado, direcionado ao desenvolvimento sustentável de todo o planeta. O documento estabelece, então, 17 objetivos para uma mudança da realidade socioglobal, entre os quais destacamos: “assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades’’ (TONELLI; WILNER, 2017, p. 3). O referido instrumental estabelece, também, 169 metas para a ação, envolvendo o legado da Agenda 21, indicando os avanços e a necessidade de efetivar as metas ainda não atingidas.

Esse entendimento sobre Qualidade de Vida se articula precisamente com o ideal da sustentabilidade, coadunando-se com parâmetros referenciais para o desenvolvimento global. Nesse aspecto, para Pelicioni (1998), a sustentabilidade está intimamente associada à qualidade de vida, abarcando o necessário equilíbrio da dinâmica ambiental dos ecossistemas, bem como o cuidado com os recursos naturais. Então, percebe-se que a corresponsabilidade e o engajamento social pela emancipação do ambiente, promovendo-lhe condições de salubridade e preservação, poderão trazer consequências reais no melhoramento do bem-estar de toda a população (JANKE; TOZONI-REIS, 2008).

A discussão a respeito da Qualidade de Vida engloba, de fato, a abrangência e as incumbências das políticas públicas. Estas são compreendidas por Buss (2000) como mecanismos operacionais atuantes na gestão da sociedade a partir de iniciativas pontuadas no desenvolvimento local. Esses parâmetros são pautados, de acordo com Minayo, Hartz e Buss (2000), nos conceitos de bem-estar, conforto, e realização pessoal e coletiva interligados com a sustentabilidade.

A esse respeito, de acordo com Castellanos (1997), a concepção de Qualidade de Vida abarca um campo semântico plural, fazendo referência a condições, modos e estilos de vida. Em outro aspecto, tal conceito

inclui as idéias (sic) de desenvolvimento sustentável e ecologia humana. E, por fim, relaciona-se ao campo da democracia, do desenvolvimento e dos direitos humanos e sociais. No que concerne à saúde, as noções se unem em uma resultante social da construção coletiva dos padrões de conforto e tolerância que determinada sociedade estabelece como parâmetros. (MINAYO; HARTZ; BUSS, 2000, p. 10).

Desta feita, podemos compreender a Qualidade de Vida enquanto “condição humana resultante de um conjunto de parâmetros individuais e socioambientais, modificáveis ou não, que caracterizam as condições em que vive o ser humano” (NAHAS, 2006, p. 5). Essa concepção decorre da possibilidade de elaborarmos uma síntese sociocultural que contemple os elementos mais essenciais que uma sociedade valoriza na busca do bem-estar de seus indivíduos. Assim, o conceito de Qualidade de Vida corresponde à categorização tipológica das condições satisfatórias à existência.

Sobre esse aspecto, salientam-se cada vez mais estudos sobre a percepção da qualidade de vida, em particular no espaço da ação educacional, como o de Monteiro (2011), Giusti (2014), Gordia et al. (2015), Nunes et al. (2019) e Alvarenga et al. (2020). Nesse patamar, torna-se viável e, ademais, necessário, elaborar percepções objetivas da Qualidade de Vida. Outrossim, “essa esfera de percepção (objetiva) lida com uma interpretação da qualidade de vida a partir das condições sociais dos grupos em questão. Tais determinantes são geradas como dados generalizantes, que englobam os diferentes sujeitos numa mesma condição” (ALMEIDA; GUTIERREZ; MARQUES, 2012, p. 27).

A partir desse viés, vários instrumentos são empregados para vislumbrar e investigar a complexidade das percepções acerca da Qualidade de Vida, que coaduna elementos relativos, referentes às mais diversas culturas e às conjecturas sociais (MINAYO; HARTZ; BUSS, 2000). Para tais análises, são utilizadas diferentes técnicas e instrumentos de pesquisa, viáveis e válidos na caracterização de grupos sociais e na categorização das realidades socioeconômicas e ambientais (ALMEIDA; GUTIERREZ; MARQUES, 2012).

Saliente-se ainda que, segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2013), para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Qualidade de Vida é concebida como a percepção do indivíduo acerca de sua inserção na vida, na cultura, dentro dos sistemas de valores que o abarcam, e em relação aos seus próprios objetivos, suas expectativas, preocupações, parâmetros e padrões. Nessa perspectiva, as percepções subjetivas da Qualidade de Vida envolvem “sentimentos e juízos de valor dos indivíduos. Isso é atrelado à carga cultural do sujeito, ao ambiente e local em que ele vive e às condições de desenvolvimento possíveis para sua vida” (ALMEIDA; GUTIERREZ; MARQUES, 2012, p. 28).

Diante da pertinência dessa discussão, nosso estudo objetivou analisar a percepção da qualidade de vida por docentes e discentes do componente curricular Filosofia nos cursos técnicos integrados Contabilidade e Informática do Instituto Federal da Paraíba (IFPB) Campus João Pessoa/PB. Tal reflexão tem a possibilidade de levar à otimização de diversas esferas da vivência dos sujeitos da educação, no enfrentamento dos problemas e desafios, a partir dos elementos e perspectivas individuais e coletivos.

2 Metodologia

O Instituto Federal da Paraíba configura-se como autarquia federal vinculada ao Ministério da Educação e Cultura (MEC), estabelecida em 21 unidades esparsas pelo território estadual, com sede em João Pessoa, capital do estado, visando a

ofertar a educação profissional, tecnológica e humanística em todos os seus níveis e modalidades por meio do Ensino, da Pesquisa e da Extensão, na perspectiva de contribuir na formação de cidadãos para atuarem no mundo do trabalho e na construção de uma sociedade inclusiva, justa, sustentável e democrática. (IFPB, 2016).

A Instituição atende a cerca de 2400 discentes matriculados nos seus cursos técnicos, nas várias modalidades: cursos integrados ao ensino médio ou subsequentes. Além destas, o IFPB oferece Educação de Jovens e Adultos (PROEJA) e cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC). Partimos do pressuposto que em média 50% dos discentes estão matriculados nos diversos cursos técnicos integrados ao ensino médio.

Nesse patamar, nossa pesquisa se desenvolveu com turmas do componente curricular filosofia dos Cursos Integrados Contabilidade e Informática do Campus João Pessoa, do turno matutino. A escolha de tais cursos se justifica por fazerem parte de dois eixos tecnológicos diferentes, podendo proporcionar à pesquisa um arcabouço de percepções e dados mais diversificados e enriquecedores. Os Cursos Contabilidade e Informática fazem parte dos seguintes eixos tecnológicos, respectivamente: Gestão e Negócios e Informação e Comunicação.

Nosso universo corresponde aos 40 discentes do primeiro ano – matutino – do Curso Integrado Contabilidade e aos 40 discentes do primeiro ano – matutino – do Curso Integrado Informática do IFPB, no Campus João Pessoa/PB, juntamente com os oito docentes de Filosofia dos vários Cursos Integrados do campus. A partir desse universo, angariamos a adesão de participantes para a pesquisa, mirando o maior número possível de investigados docentes e discentes dos cursos integrados, de forma não probabilística.

A amostra da pesquisa, então, englobou 14 discentes de duas turmas dos cursos integrados (correspondendo a 17,5% do total de 80 discentes, cada turma contendo 40 indivíduos). Nesse sentido, 12 discentes estavam matriculados no Curso Contabilidade e dois, no Curso Informática. A amostra abarcou também quatro docentes responsáveis pelo ensino de Filosofia em diversos anos letivos de vários Cursos Integrados do campus (correspondendo a 50% do total de oito docentes de filosofia). A amostra caracterizou-se por um caráter não probabilístico. O convite para a participação na pesquisa foi encaminhado ao universo correspondente aos docentes e discentes. A amostra, então, consistiu nos indivíduos que aceitaram contribuir espontaneamente com o nosso estudo.

O instrumento de coleta de dados utilizado se configurou como questionário misto, utilizando perguntas objetivas e abertas, de modo a reunir o máximo de informações, opiniões e posicionamentos do público-alvo da pesquisa. Sobre essa temática, Watanabe (2011) denota a validade da aplicação de questionários como metodologia importante na análise das percepções individuais e coletivas.

Os instrumentos aplicados basearam-se em indagações que constam no questionário World Health Organization Quality of Life (WHOQOL-BREF - versão abreviada) da Organização Mundial da Saúde, formulário que se destaca como avaliação da Qualidade de Vida. O instrumento WHOQOL-100 (versão original), segundo Fleck (2000), reconhece a Qualidade de Vida como parâmetro multidimensional. Ademais, o WHOQOL-BREF tem o intuito de investigar as condições manifestadas nos Domínios Físico, Psicológico, Relações Sociais e Meio Ambiente, cada qual composto por várias facetas (indicadores).

Para organizar os formulários, selecionamos as principais indagações do questionário WHOQOL- BREF da OMS de acordo com a nossa abordagem e acrescentamos outras, condizentes com a realidade docente e discente. Nessa linha, sistematizamos um instrumento para os professores e outro para os estudantes, de modo que o questionário dos professores envolvesse as relações com a atividade profissional.

Nossa pesquisa, então, na fase da aplicação dos questionários, procedeu com o envio de um link personalizado aos candidatos a participante pelo e-mail institucional, apresentando informações sobre a pesquisa e com orientações pertinentes ao preenchimento dos formulários, a realizar-se através da plataforma Google forms.

A abertura do link de ingresso à plataforma Google forms contemplava, em ambas as situações, as informações introdutórias ao formulário, explicitando a necessidade de acessar os Termos de anuência à pesquisa, para, logo após, preencher as questões fechadas e abertas.

Subsequentemente à aplicação, realizou-se o tratamento dos dados recolhidos nos formulários, por meio da análise quantitativa dos Escores obtidos nas Facetas e respectivos Domínios dos instrumentos adaptados do WHOQOL-BREF, semelhantemente à pesquisa de Ferentz (2017). Depois, procedemos à análise do conteúdo expresso pelos participantes, baseando-nos na metodologia de Bardin (1977). Realizamos um acurado estudo dos códigos textuais presentes em todas as contribuições dos discentes e docentes, categorizando as unidades lexicais de vocabulário, que são reveladoras de conteúdo. Essa análise abarcou, então, a descoberta dos núcleos de sentido, categorias que perpassam o processo de comunicação.

A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do IFPB. As diretrizes éticas norteadoras do trabalho tiveram como referencial a Resolução 510/2016 do Ministério da Saúde, que trata de pesquisas em ciências humanas e sociais. O projeto foi aprovado no dia 19 de junho de 2020, com Parecer Substanciado, mediante Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) n.º 30380620.2.0000.5185.

3 Resultados e discussões

3.1 A pesquisa com os docentes

Foram investigados quatro docentes de Filosofia do Campus João Pessoa, sendo três do sexo feminino e um do sexo masculino. Cada qual é responsável pelo ensino desse componente curricular em vários cursos integrados, nos três anos letivos do ensino. Sistematizamos os dados dos questionários, que dizem respeito à percepção da qualidade de vida, a partir dos vários Domínios que o questionário WHOQOL-BREF da OMS apresenta para a avaliação da Qualidade de Vida (Físico, Psicológico, Relações sociais e Meio ambiente) e as diversas Facetas que compõem os respectivos Domínios. Tais facetas são referentes às perguntas do questionário, sendo elementos indicadores para a avaliação da Qualidade de Vida.

O nosso instrumento para a pesquisa docente foi adaptado do Questionário objetivo WHOQOL-BREF, sendo constituído por 35 perguntas. Entre essas, algumas foram questões subjetivas agregadas para os docentes: sobre segurança, sobre satisfação no lar e sobre o conceito de Qualidade de Vida. Nosso instrumento utilizou 31 facetas a compor os quatro domínios: Físico, Psicológico, Relações Sociais e Meio Ambiente.

Os dados obtidos ilustram a compreensão que os docentes têm sobre a temática abordada. Destarte, ressaltam a percepção desses participantes sobre a sua própria Qualidade de Vida. Nesse patamar, o questionário orientou os participantes a basearem a resposta das questões no último mês (imediatamente anterior ao preenchimento).

As respostas objetivas obedecem a uma escala de Likert, com Escores de 1 a 5, usando três tipos de classificação (Intensidade, Avaliação e Capacidade) para mensurar o nível de Qualidade de Vida. Cada questão abarca cinco opções diferentes de resposta, e cada uma destas corresponde a um valor, para fins de quantificação (1, 2, 3, 4 ou 5).

Quadro 1.
Escala Likert e Escores utilizados nas perguntas objetivas
CLASSIFICAÇÕESESCORE 1Valor1(0%)ESCORE 2Valor2(25%)ESCORE 3Valor3(50%)ESCORE 4Valor4(75%)ESCORE 5Valor5(100%)
INTENSIDADENadaMuito poucoMais ou menosBastanteExtremamente
AVALIAÇÃOMuito ruimRuimNem ruim nem boaBoaMuito boa
CAPACIDADENadaMuito poucoMais ou menosBastanteExtremamente
Fonte: Dados da pesquisa

A média dos Escores foi calculada com base na numeração do Quadro 1 em cada questão, multiplicando-se a Quantidade de Respostas por Escore (QR1, QR2, QR3, QR4 e QR5) pelo seu respectivo valor (V1 = 1, V2 = 2, V3 = 3, V4 = 4, V5 = 5) e dividindo-se tal somatório pela Quantidade Total de respostas na questão (QTotal), conforme Equação 1.

( Q R1 × V 1 ) + ( Q R2 × V 2 ) + ( Q R3 × V 3 ) + ( Q R4 × V 4 ) + ( Q R5 × V 5 ) ( Q TOTAL ) (1)

Então, destacaremos a estrutura do Instrumento de pesquisa, com os Domínios e Facetas, junto com a Média dos Escores obtidos nas respostas dos docentes por questão.

Tabela 1.
Estrutura do Instrumento de Pesquisa com os docentes e Média dos Escores
DOMÍNIOSFACETAS DO INSTRUMENTO APLICADOQUESTÕES CORRESPONDENTESRESULTADOS (Média dos Escores - 1 a 5)
DOMÍNIO 1 - FÍSICO1. Dor e desconforto2. Você sente com frequência alguma dor ou desconforto físico?3,5
2. Energia e fadiga3. Quão facilmente você fica cansado (a)?2,5
3. Sono e repouso4. Você tem alguma dificuldade para dormir?2,5
4. Alimentação5. O quanto você acha que sua alimentação é suficiente para suprir as suas necessidades?4,25
6. Ainda sobre a sua alimentação, o quanto você a considera saudável no seu dia a dia?3,25
5. Disposição cotidiana27. Você tem disposição suficiente para o seu dia a dia?3,5
6. Dependência de medicação /tratamentos16. Em que medida sua qualidade de vida depende do uso de medicamentos/ajuda médica?1,0
7. Capacidade de ação15. Em que medida você tem dificuldade para exercer as atividades do dia a dia?2,5
MÉDIADO DOMÍNIO FÍSICO2,87
DOMÍNIO 2 - PSICOLÓGICO8. Preocupação c/ obem-estar1. O quanto você se preocupa com o seu bem-estar?4,0
9. Otimismo8. Quão otimista você se sente em relação ao futuro?3,25
10. Satisfação profissional9. Quanto você está satisfeito c/ sua profissão?4,25
11.10. O quanto você está satisfeito com seu ambiente de trabalho no IFPB?3,75
11. O quanto você sente estresse no seu ambiente de trabalho no IFPB?2,25
12. Perspectiva de crescimentoprofissional12. O quanto você se sente animado pela perspectiva de crescimento na sua área de trabalho?3,5
13. Sentimentos positivos13. O quanto você experimenta sentimentos positivos em sua vida?3,75
14. Fruição da vida7. O quanto você aproveita a vida?3,25
15. Tempo livre22. O quanto você aproveita o seu tempo livre?3,00
16. Autoestima29. O quanto você é capaz de relaxar e curtir você mesmo?3,75
17. Sentimentos desolidão17. Quão sozinho você se sente em sua vida?2,25
18. Imagemcorporal/aparência28. O quanto você está satisfeito com a sua aparência física?3,00
19. Sentimentosnegativos14. Quanto algum sentimento de tristeza ou depressão interfere no seu dia a dia?2,00
20. Sentido da vida34. Em que medida você acha que sua vida tem sentido?4,00
21. Espiritualidade / crenças pessoais35. Suas crenças pessoais dão sentido à sua vida?4,00
22. Motivação espiritual36. Em que medida as crenças pessoais lhe ajudam a entender/superar as dificuldades?3,75
MÉDIADO DOMÍNIO PSICOLÓGICO3,35
DOMÍNIO 3 - RELAÇÕES SOCIAIS23. Relações familiares29. Você se sente feliz c/ sua relação com as pessoas da família?4,25
24. Suporte (apoio) aosoutros30. Quão satisfeito você está com sua capacidade de dar apoio aos outros?3,75
25. Suporte (apoio) dosamigos31. Em que medida você pode contar com os amigos quando precisa deles?3,75
MÉDIADOMÍNIORELAÇÕES SOCIAIS3,91
DOMÍNIO 4 -26. Segurança física eproteção18. Você acha que vive num ambiente seguro?3,25
MEIO AMBIENTE27. Ambiente no lar20. O quanto você gosta de onde você mora?3,50
28. Recursos financeiros22. Você tem dificuldades financeiras?2,25
29. Assistência social26. Como você avalia a qualidade dos serviços de assistência social disponíveis p/ você?3,25
30. Ambiente físico:poluição/clima etc.27. Quão saudável é o ambiente físico em que você vive (clima, barulho, poluição etc.)?3,50
31. Transporte25. Em que medida você tem problemas de transporte?2,25
MÉDIADO DOMÍNIO MEIO AMBIENTE3,00
GERAL32. Autoavaliação daQualidade de Vida33. Como você avaliaria a sua qualidade de vida?4,00
MÉDIATOTALDOS DOMÍNIOS3,26
Fonte: Dados da pesquisa

Abordaremos detalhadamente os dados obtidos no instrumento. Sobre o quanto os docentes se preocupam com seu próprio bem-estar, destacamos a Figura 1.

Preocupação dos docentes com o próprio bem-estar
Figura 1.
Preocupação dos docentes com o próprio bem-estar
Fonte: Dados da pesquisa

Acerca do Domínio 1 (Físico), tratando do quanto os docentes sentem com frequência dor ou desconforto físico, 50% expressaram bastante; 50%, mais ou menos. Sobre o nível de cansaço, 25% marcaram nada, 25% escolheram muito pouco, 25% assinalaram mais ou menos e 25%, bastante. Sobre dificuldade para dormir, 25% apontaram nada, 25% destacaram muito pouco, 25% mais ou menos e 25%, bastante.

Quando questionamos os participantes se estes consideram sua alimentação suficiente para suprir as próprias necessidades, obtivemos as informações da Figura 2.

O quanto os docentes consideram suficiente a própria alimentação
Figura 2.
O quanto os docentes consideram suficiente a própria alimentação
Fonte: Dados da pesquisa

Acerca das dificuldades para exercer as atividades diárias, 50% destacaram muito pouco, e 50%, mais ou menos. Sobre dependência de medicamentos/ajuda médica, 100% responderam nada. Ao perguntar se tem disposição suficiente para o dia a dia, foi obtido mais ou menos em 50% das respostas, e bastante em 50% dos casos.

No Domínio 2 (Psicológico), quando questionados sobre o quanto aproveitam a vida, os participantes responderam conforme as informações da Figura 3.

O quanto os docentes aproveitam a vida
Figura 3.
O quanto os docentes aproveitam a vida
Fonte: Dados da pesquisa

Sobre quão otimistas se sentem em relação ao futuro, 75% marcaram a opção mais ou menos, e 25% responderam bastante. Acerca do quanto experimentam sentimentos positivos na própria vida, 25% assinalaram mais ou menos, e 75% optaram por bastante. Sobre quanto algum sentimento de tristeza interfere no dia a dia, 25% responderam nada, 50% disseram muito pouco, 25% assinalaram mais ou menos.

Referindo-se a quanto se sentem sozinhos em sua vida, 25% assinalaram nada, 25% expressaram muito pouco e 50% dos investigados denotaram mais ou menos. A respeito do quanto aproveitam o próprio tempo livre, destacamos a Figura 4.

Quanto os pesquisados aproveitam o próprio tempo livre
Figura 4.
Quanto os pesquisados aproveitam o próprio tempo livre
Fonte: Dados da pesquisa

Acerca do grau de satisfação com a aparência física, 25% disseram muito pouco, 50% denotaram mais ou menos e 25% destacaram bastante. Sobre o quanto é possível relaxar e curtir a si mesmo, 25% ressaltaram mais ou menos e 75%, bastante. Questionados se consideram que sua vida tem sentido, 100% apontaram bastante.

Sobre a satisfação com a escolha profissional, 75% responderam bastante e 25%, extremamente (Figura 5). Acerca do quanto se sentem animados pela perspectiva de crescimento na área de trabalho, 50% denotaram mais ou menos e 50%, bastante.

Satisfação com a escolha profissional
Figura 5.
Satisfação com a escolha profissional
Fonte: Dados da pesquisa

Quando questionados em que medida suas crenças pessoais dão sentido à sua vida, 100% responderam bastante. Quanto suas crenças pessoais ajudam a entender e superar as dificuldades da vida: 25% destacaram mais ou menos e 75%, bastante.

No Domínio 3 (Relações Sociais), cuja Média dos Escores foi a maior, ao serem perguntados o quanto se sentem felizes com relação às pessoas da própria família, 25% responderam extremamente, e 75%, bastante. Quando indagados sobre o quão estão satisfeitos com sua capacidade de dar apoio aos outros, 25% denotaram mais ou menos, e 75% elegeram bastante. Sobre o quanto podem contar com os amigos, 25% escolheram muito pouco, 50% marcaram bastante e 25% optaram por extremamente.

No Domínio 4 (Meio Ambiente), no que se refere ao grau de satisfação sobre o ambiente de trabalho, 25% responderam mais ou menos e 75% assinalaram bastante. Sobre em que medida têm problemas de transportes, 50% relataram nada, 25% destacaram mais ou menos e 25%, bastante. Acerca de dificuldades financeiras, descrevemos a Figura 6.

Dificuldades financeiras dos docentes
Figura 6.
Dificuldades financeiras dos docentes
Fonte: Dados da pesquisa

Quanto ao estresse no ambiente de trabalho do IFPB, 75% destacaram muito pouco e 25% marcaram mais ou menos. Indagados se vivem em um ambiente seguro, 75% dos participantes responderam mais ou menos e 25% optaram por bastante. Ao serem indagados sobre a salubridade do ambiente físico onde vivem (clima, barulho, poluição etc.), 50% ressaltaram mais ou menos e 50% denotaram bastante.

Realizando uma Avaliação Geral do nível quantitativo da Qualidade de Vida docente, obtivemos uma maior média por escore nas seguintes facetas:

22. Relações familiares (4,25)

10. Satisfação profissional (4,25)

8. Preocupação c/ o bem-estar (4,00)

19. Sentido da vida (4,00)

20. Espiritualidade / crenças pessoais (4,00)

No que se refere aos Domínios, verificamos a maior média nas Relações Sociais (3,91), oriunda da boa avaliação quanto à relação familiar e à capacidade de dar apoio e receber apoio quando necessário. Verifica- se a importância de relações humanas para a satisfação, realização e bem-estar, e a relevância da presença familiar e dos amigos.

A menor média dos Escores na pesquisa com os docentes foi constatada no Domínio Físico, denotando o menor nível de satisfação nesse âmbito (2,87), relacionado especialmente ao cansaço, à dificuldade para dormir, bem como para exercer atividades cotidianas. Tal resultado sugere a necessidade do autocuidado, priorizando atividades físicas com maior frequência, com acompanhamento e adoção de bons hábitos diários, e atividades que gerem prazer e satisfação. Essas mudanças no estilo de vida poderão proporcionar um sono melhor, auxiliadas por práticas de relaxamento ou espiritualidade de acordo com a realidade subjetiva, inclusive a saúde mental.

Ainda, salientamos que a resposta à questão global “como você avaliaria a sua qualidade de vida?” obteve elevada média geral dos Escores (4,00), considerando-se a escala correspondente (de 1 a 5), apontando um nível global de bem-estar satisfatório. A partir dos Dados Qualitativos, obtivemos categoricamente diversas respostas (Quadro 2) com contribuições dos docentes sobre a Qualidade de Vida.

Quadro 2.
Respostas dos docentes às questões subjetivas do Instrumento de Pesquisa
PERGUNTASRESPOSTASSUBJETIVAS DOS DOCENTES
POSSÍVEIS AMEAÇAS À SEGURANÇADocente A - O fato de ser mulher.
Docente B - Violência urbana (assaltos).
Docente C - Violência.
Docente D - A violência decorrente de atos machistas, e também por assaltos.
NÍVEL DE SATISFAÇÃO NO LARDocente A - Bastante. É um lugar bonito e calmo.
Docente B - Bastante. Tranquilidade.
Docente C - Mais ou menos. Porque estou longe da minha família.
Docente D - Mais ou menos. Falta melhorar a segurança.
CONCEITO DE QUALIDADE DE VIDADocente A - Estar com as pessoas que amamos e ter tranquilidade na alma.
Docente B - Viver apaixonado pelo que se é e pelo que faz (em família, na sociedade e no trabalho (sendo bem valorizado social e economicamente pela atividade profissional), morando num ambiente tranquilo, sem qualquer tipo de poluição nas redondezas.
Docente C - Viver em lugar com mais igualdade e justiça social.
Docente D - Qualidade de vida é poder se sentir bem no ambiente familiar, no trabalho e com todas as pessoas do nosso convívio. Poder ter momentos de lazer e não se dedicar exclusivamente ao trabalho.
Fonte: dados da pesquisa

A partir de uma análise desse conteúdo, destacamos elementos importantes presentes nas falas dos docentes. Estes comentam as possíveis ameaças à sua segurança, evidenciando diretamente a problemática da violência. Nesse aspecto, 50% dos pesquisados aludiram à violência contra a mulher. Assim, salienta-se que o medo pela representação do abuso sexual “pode afetar a qualidade de vida da mulher pela insegurança gerada da sua banalização no contexto atual e pelas consequências dele para a saúde física e mental da mulher e familiares” (PALHONI, 2011, p. 48).

Tal receio coletivo devido à violência urbana tem contribuído negativamente para a percepção da Qualidade de Vida (QV), gerando tensão social e agravamento das relações humanas. Para Minayo (2000, p. 161), “a violência se tornou um indicador da qualidade de vida no país […] nas regiões urbanas, afetadas pela exclusão social e moral, paralelamente à formação de grupos organizados, para a delinquência”.

Uma das respostas à segunda pergunta subjetiva (O quanto você gosta de onde você mora? Por quê?) também se refere à violência, ao destacar a necessidade de melhoria na segurança. Neste item, outra resposta fez alusão à estética visual do espaço humano, colocando como fatores de satisfação a tranquilidade, calma e beleza.

Diante da questão sobre o conceito de Qualidade de Vida, 75% ressaltaram a dimensão das relações humanas, em particular as familiares. Nesse campo, Moliterno et al.(2012) destacam: “uma relação direta, estreita e duradoura com a família é ponto primordial que favorece o êxito da participação social, pois a família é considerada como principal fonte de suporte”, associando a qualidade de vida às relações na família.

A resposta de um dos docentes a esse item destaca a QV como “viver apaixonado pelo que se é e pelo que faz (em família, na sociedade e no trabalho (sendo bem valorizado social e economicamente pela atividade profissional), morando num ambiente tranquilo, sem qualquer tipo de poluição nas redondezas.” Aqui, contempla-se a Qualidade de Vida do indivíduo enquanto pessoa (o que se é) e profissional (o que se faz), de forma a abarcar toda a pessoa. Bertuol e Martins (2009, p. 265), sobre o tema, ressaltam: “não existe separação entre pessoa e profissional. Da mesma forma, a qualidade de vida é uma só, mesmo realizando-se em diferentes dimensões.”

Ao denotar “um ambiente tranquilo, sem qualquer tipo de poluição nas redondezas”, evoca-se a importância da Salubridade Ambiental. Giongo (2010, p. 76) enfatiza o direito “ao meio ambiente ecologicamente equilibrado como um direito fundamental indissociável à qualidade de vida. Não se pode falar em vida saudável sem (…) um meio ambiente ecologicamente sadio.” Ressaltaremos, então, os núcleos semânticos contidos nas respostas docentes sobre o conceito de QV (Figura 7).

Domínios e Núcleos semânticos presentes nas respostas dos docentes
Figura 7.
Domínios e Núcleos semânticos presentes nas respostas dos docentes
Fonte: Dados da pesquisa

Dessa forma, as respostas subjetivas fornecidas pelos docentes manifestam categorias semânticas importantes atribuídas à elaboração da Qualidade de Vida, compreendida em seus diversos Domínios. Os dados abrangem fatores como a tranquilidade, a segurança, a configuração e estética urbanísticas, a salubridade dos espaços coletivos e a convivência nos ambientes familiar e profissional. Em particular, as colocações destacam a relevância de relações interpessoais e afetivas satisfatórias, bem como a importância da realização pessoal ligada à valorização social e econômica.

Embora revelem a responsabilidade do exercício profissional, as colocações destacam que a vida humana não se resume à funcionalidade da docência, mas perpassa também a vivência do lazer na fruição da existência. Salientam-se, também, como elementos necessários ao bem-estar, à igualdade e justiça social, resguardando a dimensão da distribuição da renda e o acesso aos bens e serviços de assistência social disponíveis de acordo com as demandas da população. Tal preocupação mostra a necessidade de um enfoque coletivo, socioeconômico e político da Qualidade de Vida.

3.2 A pesquisa com os discentes

Na aplicação dos questionários virtuais, baseados no formulário WHOQOL-BREF da OMS, obtivemos a anuência de 14 discentes à pesquisa: 12 educandos do Curso Contabilidade e dois do curso Informática, todos do primeiro ano do Ensino Médio.

Nosso instrumento discente foi constituído de 34 perguntas, entre elas algumas adicionadas pelos pesquisadores: uma sobre a Qualidade de Vida geral; uma sobre o curso e uma sobre a perspectiva de trabalho; três subjetivas, sendo uma sobre a segurança, uma sobre a satisfação no lar e uma sobre o conceito de Qualidade de Vida. Este instrumento possui 31 Facetas que compõem 4 Domínios: Físico, Psicológico, Relações Sociais e Meio Ambiente. As respostas seguem uma escala de Likert, com Escores de 1 a 5, para mensurar o nível de QV. O cálculo da média dos Escores foi feito de maneira similar à do questionário docente.

Tabela 2.
Estrutura do Instrumento de Pesquisa dos discentes e Média dos Escores
DOMÍNIOSFACETAS DO INSTRUMENTO APLICADOQUESTÕES CORRESPONDENTESRESULTADOS (Média dos Escores - 1 a 5)
DOMÍNIO 1 FÍSICO1) Dor e desconforto2. Você sente com frequência alguma dor ou desconforto físico?2,42
2) Energia e fadiga3. Quão facilmente você fica cansado (a)?2,64
3) Sono e repouso4. Você tem alguma dificuldade p/ dormir?1,71
4) Alimentação5. O quanto você acha que sua alimentação é suficiente para suprir suas necessidades?3,64
5) Disposiçãocotidiana24. Você tem disposição suficiente para o seu dia a dia?3,78
6) Dependência demedicação / tratamentos13. Em que medida sua qualidade de vida depende do uso de medicamentos/ajuda médica?1,35
7) Capacidade deação12. Qual a sua dificuldade para exercer as atividades do dia a dia?2,14
MÉDIADO DOMÍNIO FÍSICO2,52
DOMÍNIO 2 PSICOLÓGI CO8) Preocupação c/ obem-estar1. O quanto você se preocupa com o seu bem- estar?3,92
9) Otimismo7. Quão otimista você se sente em relação ao futuro?3,64
10) Satisfação com ocurso8. Quanto você está satisfeito c/ o curso no IFPB?3,92
11) Perspectiva de emprego na área9. O quanto você se sente animado pela perspectiva de emprego na área do curso?3,14
12) Sentimentospositivos10. O quanto você experimenta sentimentos positivos em sua vida?3,69
13) Fruição da vida6. O quanto você aproveita a vida?3,42
14) Tempo livre20. O quanto você aproveita o seu tempo livre?3,00
15) Autoestima26. O quanto você é capaz de relaxar e curtir você mesmo?3,28
16) Sentimentos desolidão14. Quão sozinho você se sente?2,14
17) Imagem corporal/aparência25. O quanto você está satisfeito com a sua aparência física?3,21
18) Sentimentosnegativos11. Quanto algum sentimento de tristeza/ depressão interfere no seu dia a dia?2,35
19) Sentido da vida31. Em que medida você acha que sua vida tem sentido?3,92
20) Espiritualidade /crençaspessoais32. Suas crenças pessoais dão sentido à sua vida?4,28
21) Motivaçãoespiritual33. Em que medida suas crenças lhe ajudam a entender/superar as dificuldades?4,35
MÉDIADO DOMÍNIO PSICOLÓGICO3,37
DOMÍNIO 3 RELAÇÕES SOCIAIS22) Relações familiares26. Você se sente feliz c/ sua relação com as pessoas da família?4,14
23) Suporte (apoio) aosoutros27. Quão satisfeito você está com sua capacidade de dar apoio aos outros?4,00
24) Suporte (apoio)dos amigos28. Em que medida você pode contar com os amigos quando precisa deles?3,64
MÉDIADO DOMÍNIO RELAÇÕES SOCIAIS3,92
DOMÍNIO 4 MEIO AMBIENTE25) Segurança física eproteção15. Você acha que vive num ambiente seguro?4,00
26) Ambiente no lar17. Quanto você gosta de onde mora?3,78
27) Recursosfinanceiros19. Você tem dificuldades financeiras?2,64
28) Cuidados sociais: disponibilidade equalidade23. Como você avaliaria a qualidade dos serviços de assistência social disponíveis para você?3,14
29) Ambiente físico:poluição /clima21. Quão saudável é o ambiente físico que você vive (clima, barulho, poluição)?3,14
30) Transporte22. Em que medida você tem problemas de transporte?2,42
MÉDIADO DOMÍNIO MEIO AMBIENTE3,18
GERAL31) Autoavaliação:Qual. de Vida30. Como você avaliaria a sua qualidade de vida?3,85
MÉDIATOTALDOS DOMÍNIOS3,24
Fonte: Dados da pesquisa

A partir do nosso patamar, obtivemos, ao todo, 14 questionários respondidos, referentes a 12 discentes do Curso Contabilidade integrado e dois do Curso Informática integrado. Apresentaremos, pois, os resultados e discutiremos os dados sobre as percepções da Qualidade de Vida. Nesse sentido denotaremos os dados da Figura 8, que aborda o quanto os discentes pesquisados se preocupam com o próprio bem-estar.

Preocupação dos discentes com o próprio bem-estar
Figura 8.
Preocupação dos discentes com o próprio bem-estar
Fonte: Dados da pesquisa

A partir do Domínio Físico, a Figura 9 destaca o quanto os pesquisados sentem alguma dor ou desconforto físico.

Nível de dor ou desconforto dos discentes
Figura 9.
Nível de dor ou desconforto dos discentes
Fonte: Dados da pesquisa

Sobre o nível de cansaço, 35,7% assinalaram muito pouco e 64,3%, mais ou menos. No tocante à dificuldade para dormir, destacamos a Figura 10.

Nível de Dificuldade para dormir
Figura 10.
Nível de Dificuldade para dormir
Fonte: Dados da pesquisa

Quando questionamos os participantes se consideram sua alimentação suficiente para suprir as próprias necessidades, obtivemos as informações da Figura 11.

Alimentação e satisfação das necessidades dos discentes
Figura 11.
Alimentação e satisfação das necessidades dos discentes
Fonte: Dados da pesquisa

Sobre dificuldades para exercer as atividades diárias, 14,3% destacaram nada, 57,1% muito pouco e 28,6%, mais ou menos. Sobre o quanto sua QV depende do uso de medicamentos ou ajuda médica, 64,3% disseram nada e 35,7%, muito pouco. Ao perguntarmos se têm disposição suficiente para o dia a dia, obtivemos mais ou menos em 28,6% das respostas, bastante em 64,3% dos casos e extremamente em 7,1% deles.

No Domínio 2 (Psicológico), no que toca ao otimismo em relação ao futuro, 42,9% escolheram mais ou menos, 50% disseram bastante e 7,1% pontuaram extremamente. Sobre o quanto experimentam sentimentos positivos, temos a Figura 12.

Sentimentos positivos
Figura 12.
Sentimentos positivos
Fonte: Dados da pesquisa

No que se refere a quanto se sentem sozinhos na vida, 21,4 % afirmaram nada, 42,9% citaram muito pouco e 35,7%, mais ou menos. Quanto ao grau de satisfação com a aparência física, 7,1% disseram nada, 14,3% muito pouco, 28,6% ressaltaram mais ou menos e 50%, bastante. Acerca do quanto é possível relaxar e curtir a si mesmo, 28,6% colocaram muito pouco, 14,3% pontuaram mais ou menos e 57,1% elencaram bastante.

Acerca do grau de satisfação com o curso no IFPB, 21,4% responderam mais ou menos, 64,3%, bastante e 14,3% apontaram extremamente. Acerca do quanto se sentem animados pela perspectiva de emprego na área do curso, destaca-se a Figura 13.

Perspectiva dos discentes de emprego na área do curso
Figura 13.
Perspectiva dos discentes de emprego na área do curso
Fonte: Dados da pesquisa

Sobre em que medida as crenças pessoais dão sentido à sua vida, 14,3% revelaram mais ou menos, 42,9% apontaram bastante e o mesmo percentual, extremamente. Sobre quanto suas crenças pessoais lhes ajudam a entender e superar as dificuldades da vida, 14,3% destacaram mais ou menos, 35,7% elencaram bastante e 50%, extremamente.

Em nosso estudo, tal Domínio pontuou a maior Média dos Escores (3,92). Ao questionar o quanto os docentes se sentem felizes com sua relação com as pessoas da própria família, 21,4% colocaram mais ou menos, 42,9% disseram bastante e 35,7%, extremamente. Acerca da medida em que podem contar com os outros quando precisam deles, salientamos a Figura 14.

O quanto se pode contar com os outros
Figura 14.
O quanto se pode contar com os outros
Fonte: Dados da pesquisa

Em nosso estudo, no Domínio 4 (Meio Ambiente), sobre em que medida têm Problemas de Transportes, 28,6% dos discentes relataram nada; 28,6%, muito pouco; 24,1% mais ou menos; 14,3 % pontuaram bastante e 7,1%, extremamente. Sobre o nível de dificuldades financeiras, destacamos a Figura 15.

Nível de dificuldades financeiras dos discentes
Figura 15.
Nível de dificuldades financeiras dos discentes
Fonte: Dados da pesquisa

Indagados se vivem em um ambiente seguro, 7,1% responderam muito pouco, 24,1% elegeram mais ou menos, 35,7% bastante e 35,7%, extremamente. Na faceta sobre a disponibilidade e qualidade dos serviços de assistência social, 35,7% citaram ruim, 28,6% ressaltaram nem ruim nem boa, 21,4% disseram boa e 14,3%, muito boa. Acerca do quanto gostam de onde moram, ressaltamos a Figura 16.

O quanto os discentes gostam de onde moram
Figura 16.
O quanto os discentes gostam de onde moram
Fonte: Dados da pesquisa

Acerca do item Salubridade do Ambiente Físico onde os discentes vivem, destaca-se a Figura 17.

Salubridade do ambiente físico
Figura 17.
Salubridade do ambiente físico
Fonte: Dados da pesquisa

Realizando um panorama da Qualidade de vida dos discentes dos Cursos Contabilidade e Informática do IFPB a partir dos dados quantitativos coletados, foram obtidas as maiores médias por escore nas seguintes facetas:

19. Motivação espiritual (4,35)

20. Espiritualidade / crenças pessoais (4,28)

22. Relações familiares (4,14)

25. Segurança física e proteção (4,00)

8. Preocupação c/ o bem-estar (3,92)

19. Sentido da vida (3,92)

Quanto aos Domínios, a maior média dos Escores foi atingida nas Relações Sociais (3,92), permitindo-nos entrever a importância das relações familiares, cuja faceta recebeu uma média de 4,14, além do suporte dos amigos e da capacidade de dar apoio na construção de relações humanas satisfatórias. Nessa fase, faz-se necessário o apoio e o suporte da família e dos colegas no contexto das mudanças físicas e psíquicas e das exigências sociais que suscitam decisões e amadurecimento rumo à vida adulta.

Destaca-se com a menor média dos Escores o Domínio Físico (2,52). Sugere-se, a partir dos resultados, a necessidade de um incremento na alimentação para suprir as necessidades diárias dos adolescentes. Tal carência também se relaciona à condição financeira ou aos hábitos alimentares. A média alcançada neste Domínio e o nível de cansaço físico sugerem a necessidade de atividades físicas, cuja carência pode decorrer do ensino remoto, com a ausência das aulas de educação física e sedentarismo.

Por sua vez, a resposta à Questão Global “como você avaliaria a sua qualidade de vida?” obteve uma média dos escores de 3,85 (numa escala de 1 a 5). Tal nível possibilita-nos admitir um nível razoavelmente satisfatório na Qualidade de Vida, ressaltando-se a necessidade de um melhor acompanhamento institucional e social para o incremento em fatores que possam colaborar com o bem-estar dos discentes, tendo em vista sua realidade.

Abordando, por sua vez, os dados subjetivos fornecidos pelos discentes do Campus João Pessoa, apresentados no Quadro 3, denotamos diversos núcleos semânticos importantes para a construção da percepção da Qualidade de Vida por eles:

Quadro 3.
Respostas dos discentes às questões subjetivas no instrumento de pesquisa
CATEGORIAS SEMÂNTICASRECORTE DAS RESPOSTAS SUBJETIVAS DOS DISCENTES
POSSÍVEIS AMEAÇAS À SEGURANÇADiscente A - Vivo em um ambiente consideravelmente seguro, entretanto possíveis ameaças são assaltos e furtos durante a noite ou quando o dia não é movimentado.
Discente B - O cenário que nós vivemos em nosso país em si não nos traz uma segurança, em vários aspectos
Discente C - Creio que pelo fato da segurança do meu bairro não se mostrar muito efetiva, estamos mais sujeitos a pessoas de má índole que venham a fazer algum mal na minha residência ou próximo a ela.
Discente D - Principalmente assaltos.
Discente E - Ameaças externas, como assaltos, acidentes etc.
Discente F - Assaltos, no geral.
MOTIVOS DA SATISFAÇÃO COM O LARDiscente A - É um ambiente no qual eu conheço a todo, e tenho um bom relacionamento com a vizinhança.
Discente B - Porque tenho vizinhos agradáveis, vizinhos que são meus amigos e que se respeitam.
Discente C - Sempre gostei muito da minha casa em si, independente de onde ela seja ou como seja, mas a casa em que vivo hoje é um ambiente onde gosto de estar e viver, me sinto bem nela.
Discente D - Porque apesar da estrutura do local não ser das melhores eu moro aqui desde que nasci e já me habituei com a comunidade (pessoas que moram na mesma localidade que eu ).
Discente E - Porque tenho amigos ótimos aqui!
Discente F - Eu moro em um sítio, aqui é muito longe de tudo, as vezes dá tédio.
Discente G - Porque fico perto da minha família e amigos.
Discente H - Não costumo sair muito.
Discente I - Pois é bem seguro e bom.
Discente J - Porque eu nasci e cresci aqui, conheço a todos, e tenho uma convivência muito saudável.
Discente L - Bastante calmo.
Discente M - É um ótimo local, calmo, fica no litoral sul, então aqui tem várias praias. Tenho amigos e amigas aqui também, moro aqui desde que nasci.
Discente N - É um local um tanto perigoso.
CONCEITO DE QUALIDADE DE VIDADiscente A - Uma boa saúde mental, e física.
Discente B - Qualidade de vida é o nível do bem-estar, da saúde, física e psicológica, da segurança, do ambiente, da educação, da situação financeira de um indivíduo ou um grupo. Ter qualidade de vida é quando os fatores externos e internos trabalham juntos em harmonia, fazendo de um indivíduo e/ou uma sociedade se encontre estável, feliz, tranquilo, saudável.
Discente C - Estar bem com si mesmo, com as pessoas ao seu redor, com o que está acontecendo com você e ao seu redor e também financeiramente.
Discente D - Na minha concepção, qualidade de vida é a classificação na qual a vida de um indivíduo pode ser avaliada, sendo assim ela define se uma pessoa possui uma vida boa ou ruim.
Discente E - Bem estar em geral, como saúde e segurança.
Discente F - Aspectos que determinam se o nosso modo de viver é saudável/ bom ou não.
Discente G - Saúde mental e física.
Discente H - Está bem psicologicamente e socialmente.
Discente I - Dormir bem, se alimentar bem, uma vida financeira…
Discente J - Ter paz consigo mesmo, ter uma boa saúde física e mental, também ter uma boa relação com todos ao seu redor.
Discente L - Viver sem se preocupar com as necessidades básicas da vida, sabendo que estas serão supridas sem dificuldades.
Fonte: Dados da pesquisa

Na categoria Possíveis ameaças à segurança, destacam-se os assaltos (4 respostas). A sensação de insegurança prejudica a QV dos jovens, sobre quem incidem várias formas de violência. Para Colmán e Souza (2009, p, 38), “o sentimento de insegurança, um conceito multifacetado, apresenta componentes cognitivos, emocionais e comportamentais que podem agir prejudicando a qualidade de vida”. Os autores destacam a violência simbólica, que alude a processos representacionais da realidade social (COLMÁN; SOUZA, 2009).

Na categoria Motivos da satisfação com o lar, os discentes ressaltaram: “bom relacionamento com a vizinhança”, “vizinhos que são meus amigos e que se respeitam”, “conheço a todos, e tenho uma convivência muito saudável”, revelando a importância das relações para a percepção da QV adolescente.

Três respostas citaram as amizades como fator importante na construção da QV. Abordando este tema, Fernandes (2016, p. 27) afirma com relação aos adolescentes, acerca das interações com amigos, que “estas contribuem para o desenvolvimento de competências sociais e também para reforçar as habilidades para lidar com acontecimentos estressantes”.

Na categoria Conceito de Qualidade de Vida, os discentes expressaram concepções próprias. Para Teixeira et al. (2011, p. 40), a adolescência “é uma fase freqüentemente (sic) associada a crises, riscos e problemas necessários para o amadurecimento, tanto físico como psicológico do adolescente”. Assim, nesse item, cinco participantes destacaram a saúde mental/psicológica como essencial para o bem-estar.

Uma resposta salientou a QV como “nível do bem-estar, da saúde, física e psicológica, da segurança, do ambiente, da educação, da situação financeira de um indivíduo ou um grupo”. Tal resposta discorre, ainda, que “ter qualidade de vida é quando os fatores externos e internos trabalham juntos em harmonia, fazendo que um indivíduo e/ou uma sociedade se encontre estável, feliz, tranquilo, saudável”. Contempla- se a Qualidade de Vida como construção sistêmica da realização humana.

Em outro aspecto, três respostas nessa categoria enfatizam a vida financeira: “estar bem com si mesmo, com as pessoas ao seu redor, com o que está acontecendo com você e ao seu redor e também financeiramente”; “dormir bem, se alimentar bem, uma vida financeira…”; “viver sem se preocupar com as necessidades básicas da vida, sabendo que estas serão supridas sem dificuldades”.

Trazemos, pois, de forma sintética (Figura 18), os Domínios e núcleos semânticos nas respostas subjetivas dos discentes.

Domínios e núcleos semânticos nas respostas dos discentes sobre o conceito de Qualidade de Vida
Figura 18.
Domínios e núcleos semânticos nas respostas dos discentes sobre o conceito de Qualidade de Vida
Fonte: Dados da pesquisa

4 Considerações Finais

A construção do saber filosófico acompanha o desenvolvimento etário, psicológico e acadêmico dos indivíduos. Durante todo o processo investigativo, buscou-se conhecer a realidade pedagógica na formação de uma consciência cidadã e social e comprometida com a otimização da Qualidade de Vida.

Os dados quantitativos fornecidos por docentes de Filosofia do Campus João Pessoa, responsáveis pelo componente em vários cursos, possibilitaram uma avaliação da Qualidade de Vida, a partir dos vários Domínios categorizados pelo Instrumento de pesquisa e suas facetas. Quantificou-se o nível de Qualidade de Vida de discentes dos cursos integrados Contabilidade e Informática. Foram reveladas informações significativas a partir das percepções individuais do conceito de Qualidade de Vida.

Os resultados quantitativos visibilizados nas médias dos Escores destacaram, para discentes e docentes, um nível mais elevado da Qualidade de Vida quanto ao Domínio Relações Sociais e mais baixo quanto ao Domínio Físico. Entretanto, a avaliação dos Docentes quanto à sua própria Qualidade de vida obteve um índice médio satisfatório de 4,00 (numa escala de 1 a 5). Já a avaliação dos discentes nesse item alcançou uma média de 3,85. Em ambos os casos, mais no caso dos alunos(as), é importante um incremento no bem-estar a partir da otimização de vários fatores, exigindo maior autocuidado com os hábitos e atenção por parte da instituição e dos aparelhos de assistência social disponíveis.

A presente análise constatou a vulnerabilidade financeira que permeia a realidade familiar de alguns discentes. Convém, outrossim, um apoio financeiro, emocional e psicológico aos adolescentes, potencializando a superação das eventuais dificuldades.

Por sua vez, os resultados sobre a Qualidade de Vida docente denotaram a necessidade de uma atenção à saúde mental desse público. Torna-se importante, assim, um apoio adequado, profissional e psicológico aos educadores, o que pode influenciar de forma positiva o exercício profissional, as relações humanas e a vivência de forma geral. Destacamos, a partir dos resultados obtidos, as possibilidades do ensino da Filosofia na construção do projeto de vida, articulado com um compromisso profissional ético e social.

Uma abordagem do tema da Qualidade de Vida na Educação Profissional e Tecnológica, mediante um prisma filosófico e transdisciplinar, torna-se cada vez mais necessária, sobretudo pela escassez de trabalhos nesse viés, para conscientizar os atores da educação e otimizar o seu bem-estar multidimensional.

Desta feita, a realização desta pesquisa incide um novo olhar sobre a atuação pedagógica nos cursos integrados do IFPB, atraindo a atenção para as concepções de Qualidade de Vida de docentes e discentes, forjadas a partir da leitura de suas próprias experiências vivenciais. Tal estudo enriquece de forma incisiva o trabalho educativo no Instituto, aproximando os esforços no campo da formação humana e multifacetada do ideário epistemológico da EPT. Outrossim, espera-se que a nossa análise continue despertando uma nova reflexividade e atitudes que alarguem os horizontes da ação didática preconizando os sujeitos da educação. Que possa fomentar, inclusive, a realização de estudos nesse campo, envolvendo outros cursos e instituições.

Referências

ALMEIDA, M. A. B.; GUTIERREZ, G. L.; MARQUES, R. Qualidade de vida: definição, conceitos e interfaces com outras áreas de pesquisa. São Paulo: Escola de Artes, Ciências e Humanidades, EACH/USP, 2012.

ALVARENGA, A. B. C. S. et al. Avaliação da qualidade de vida em relação ao desempenho escolar dos alunos de cursos técnicos em gestão. Brazilian Journal of Development, v. 6, n. 4, p. 18463-18483, 2020. Disponível em: https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/article/view/8641. Acesso em: 2 ago. 2021.

AMARAL FILHO, F. S.; JUK, J. A filosofia em meio à educação profissional técnica nos Institutos Federais do Brasil. Revista Contrapontos - Eletrônica, Itajaí, v. 18, n. 3, p. 227-239, jul./dez. 2018. DOI: https://doi.org/10.14210/contrapontos.v18n3.p227-239. Disponível em: https://periodicos.univali.br/index.php/rc/article/view/12314. Acesso em: 9 ago. 2022.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.

BERTUOL, F. P.; MARTINS, P. L. O. A qualidade de vida docente em cursos de licenciatura. Revista Olhar de professor, Ponta Grossa, v. 12, n. 2, p. 257-285, 2009. DOI: http://dx.doi.org/10.5212/OlharProfr.v.12i2.257285. Disponível em: https://revistas.uepg.br/index.php/olhardeprofessor/article/view/1511. Acesso em: 9 ago. 2022.

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CP Nº 1, de 5 de JANEIRO de 2021: Define as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Profissional e Tecnológica. Diário Oficial da União, Brasília. Seção 1 ed. p.19, 06 jan. 2021. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-cne/cp-n-1-de-5-de-janeiro-de-2021-297767578#:~:text=Define%20as%20Diretrizes%20Curriculares%20Nacionais%20Gerais%20para%20a%20Educa%C3%A7%C3%A3o%20Profissional%20e%20Tecnol%C3%B3gica.&text=DAS%20DISPOSI%C3%87%C3%95ES%20PRELIMINARES-,Art.,Par%C3%A1grafo%20%C3%BAnico. Acesso em: 12 fev. 2022.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional. Agenda 21 brasileira: resultado da consulta nacional. 2. ed. Brasília, 2004.

BRASIL. Ministério da Saúde. Dicas em saúde: Qualidade de vida em 5 passos. Biblioteca virtual em saúde, jul. 2013. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/260_qualidade_de_vida.html#:~:text=De%20acordo%20com%20a%20Organiza%C3%A7%C3%A3o,expectativas%2C%20padr%C3%B5es%20e%20preocupa%C3%A7%C3%B 5es%E2%80%9D. Acesso em: 16 ago. 2020.

BUSS, P. M. Promoção da saúde e qualidade de vida. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, p. 163-177, 2000. DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-81232000000100014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/HN778RhPf7JNSQGxWMjdMxB/abstract/?lang=pt. Acesso em: 7 ago. 2020.

CASTELLANOS, P. L. Epidemiologia, saúde pública, situação de saúde e condições de vida: considerações conceituais. In: BARATA, R. B. (org.). Condições de Vida e Situação de Saúde. Rio de Janeiro, ABRASCO, 1997. p. 31-75. (ABRASCO. Saúde Movimento, 4).

COLMÁN, L.; SOUZA, R. Violência, sentimento de insegurança e incivilidade. Revista Senso Comum, v. 1, n. 1, p. 38-46, 2009. Disponível em: https://docplayer.com.br/62850696-Violencia-sentimento-de-inseguranca-e-incivilidade.html. Acesso em: 9 ago. 2022.

FERENTZ, L. M. S. Análise da Qualidade de Vida pelo Método Whoqol-Bref: estudo de caso na cidade de Curitiba, Paraná. Revista Estudo & Debate, v. 24, n. 3, 2017. DOI: http://dx.doi.org/10.22410/issn.1983-036X.v24i3a2017.1359. Disponível em: http://univates.br/revistas/index.php/estudoedebate/article/view/1359. Acesso em: 9 ago. 2022.

FERNANDES, P. S. Relações entre competências sociais e qualidade de vida em adolescentes. 2016. Dissertação (Mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde) – Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Lisboa, 2016. Disponível em: https://recil.ensinolusofona.pt/handle/10437/7151. Acesso em: 9 ago. 2022.

FLECK, M. P. A. O instrumento de avaliação de qualidade de vida da Organização Mundial da Saúde (WHOQOL-100): características e perspectivas. Ciência & Saúde Coletiva, v. 5, n. 1, p. 33-38, 2000. DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-81232000000100004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/3LP73qPg5xBDnG3xMHBVVNK/abstract/?lang=pt. Acesso em: 9 ago. 2022.

GIONGO, R. L. P. Direito ao meio ambiente e qualidade de vida: reflexões para uma sociedade humana e ecologicamente viável. Veredas do Direito, Belo Horizonte, v. 7, n. 13/14, p. 75-100, jan./dez. 2010. Disponível em: http://revista.domhelder.edu.br/index.php/veredas/article/view/152. Acesso em: 26 jun. 2021.

GIUSTI, D. A. Qualidade de vida e fatores associados em alunos de cursos técnicos e superiores do ensino público federal. 2014. Dissertação (Mestrado em Saúde e Comportamento) - Universidade Católica de Pelotas, Pelotas, 2014. Disponível em: https://pos.ucpel.edu.br/ppgsc/wp-content/uploads/sites/3/2018/03/Daniela-Abrah%C3%A3o-Giusti-Qualidade-de-vida-e-fatores-associados-em-alunos-de-cursos-t%C3%A9cnicos-e-superiores-do-ensino-p%C3%BAblico-federal.pdf. Acesso em: 30 jun. 2021.

GORDIA, A. P. et al. Domínio social da qualidade de vida de adolescentes e sua associação com variáveis comportamentais, biológicas e sociodemográficas. REFUEM, v. 26, n. 3, p. 451-463, set. 2015. DOI: https://doi.org/10.4025/reveducfis.v26i3.23066. Disponível em: https://www.scielo.br/j/refuem/a/m4Sp9QN5pB5gStdgw4B8DQv/abstract/?lang=pt. Acesso em: 3 jul. 2021.

INSTITUTO FEDERAL DA PARAÍBA. Sobre o IFPB: nossa Missão. 2016. Disponível em: https://www.ifpb.edu.br/institucional/sobre-o-ifpb. Acesso em: 16 ago. 2020.

JANKE, N.; TOZONI-REIS, M. F. C. Produção coletiva de conhecimentos sobre qualidade de vida: por uma educação ambiental participativa e emancipatória. Ciência & Educação, v. 14, n. 1, p. 147-157, 2008. DOI: https://doi.org/10.1590/S1516-73132008000100010. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ciedu/a/6vw5Q3rWCRcZfjHHbQZzvmg/?lang=pt. Acesso em: 9 ago. 2022.

MINAYO, M. C. S. Violência como indicador de Qualidade de vida. Acta Paul Enf., São Paulo, v. 13, Número Especial, Parte I, p. 159-166, 2000. Disponível em: https://acta-ape.org/article/violencia-como-indicador-de-qualidade-de-vida/. Acesso em: 9 ago. 2022.

MINAYO, M. C. M.; HARTZ, Z. M. A.; BUSS, P. M. Qualidade de vida e saúde: um debate necessário. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, p. 7-18, 2000. DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-81232000000100002. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/MGNbP3WcnM3p8KKmLSZVddn/abstract/?lang=pt. Acesso em: 14 ago. 2020.

MOLITERNO, A. C. M. et al. Viver em família e qualidade de vida de idosos da Universidade Aberta da Terceira Idade. Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, v. 20, n. 2, p. 179-84, abr./jun. 2012. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/enfermagemuerj/article/view/4040/0. Acesso em: 27 jun. 2021.

MONTEIRO, M. J. M. Competências para a Vida em Adolescentes: Avaliação da qualidade de vida relacionada com a saúde e da competência social. 2011. Tese (Doutorado) – Universidad do Algarve, Portugal, 2011. Disponível em: https://sapientia.ualg.pt/handle/10400.1/1519 Acesso em: 4 jul. 2021.

NAHAS, M. V. Atividade física, saúde e qualidade de vida. 4. ed. Londrina: Midiograf, 2006.

NUNES, P. S. et al. Qualidade de vida de estudantes do curso técnico em enfermagem. Revista de Enfermagem UFPE on line, v. 13, e242601, out. 2019. DOI: https://doi.org/10.5205/1981-8963.2019.242601. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view/242601. Acesso em: 30 jun. 2021.

PACHECO, E. M. Os Institutos Federais: uma revolução na educação profissional e tecnológica. Natal: IFRN, 2010. Disponível em: http://200.129.0.130/bitstream/handle/123456789/1274/Os%20institutos%20federais%20-%20Ebook.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 13 fev. 2022.

PALHONI, A. R. G. Representações de mulheres sobre violência contra a mulher e a qualidade de vida. 2011. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, 2011. Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/GCPA-8RJF5Y/1/amanda_rodrigues_garcia_palhoni.pdf. Acesso em: 26 jun. 2021.

PASCOAL, M. Qualidade de vida e Educação. Revista de Educação PUC-Campinas, Campinas, n. 17, p. 37-45, nov. 2004. Disponível em: https://periodicos.puc-campinas.edu.br/reveducacao/article/view/272. Acesso em: 9 ago. 2022.

PAULA, J. L.; HENRIQUE, A. L. S. Educação ambiental na Educação Profissional: caminhando em direção à formação humana integral. Revista Ensino Interdisciplinar, UERN, Mossoró, RN, v. 2, n. 5, jul. 2016.

PELICIONI, M. C. F. Educação ambiental, qualidade de vida e sustentabilidade. Saúde soc., São Paulo, v. 7, n. 2, p. 19-31, dez. 1998. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-12901998000200003. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12901998000200003&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 14 ago. 2020.

PEREIRA, D. O. Bene Vivere: Contribuições da Filosofia para a construção da concepção de qualidade de vida em cursos técnicos do IFPB. Orientador: Gilcean Silva Alves. 2021. 115 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica) - Instituto Federal da Paraíba, João Pessoa, 2021. Disponível em: https://repositorio.ifpb.edu.br/jspui/handle/177683/1763. Acesso em: 16 mar. 2022.

RAMOS, M. Possibilidades e desafios na organização do currículo integrado. In: FRIGOTTO, G.; CIAVATTA, M.; RAMOS, M. Ensino Médio Integrado: concepções e contradições. São Paulo: Cortez, 2005.

TEIXEIRA, A. C. P. et al. Saúde Mental e Qualidade de Vida do Adolescente: Um Estudo Avaliativo. Revista Psicologia e Saúde, v. 3, n. 2, p. 39-45, jul./dez. 2011. DOI: https://doi.org/10.20435/pssa.v3i2.101. Disponível em: https://pssaucdb.emnuvens.com.br/pssa/article/view/101. Acesso em: 4 jul. 2021.

TONELLI, M. J.; WILNER, A. Articulação para o desenvolvimento sustentável. GV EXECUTIVO, v. 16, n. 5, p. 2-3, 2017.

WATANABE, C. B. Fundamentos Teóricos e Prática da Educação Ambiental. Curitiba, PR: Escola Técnica aberta do Brasil, IFPR Educação a Distância, 2011.

Notas de autor

1 Doutorado em Agronomia (área de Ecologia e Conservação do meio ambiente) pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Professor credenciado ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu (Mestrado) em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT) no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba - João Pessoa/PB - Brasil. E-mail: gilcean.alves@ifpb.edu.br.
2 Mestre em Educação Profissional e Tecnológica pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba - João Pessoa/PB - Brasil. E-mail: diogenes33oliveira@gmail.com.

Información adicional

COMO CITAR (ABNT): ALVES G. S.; PEREIRA, D. O. Percepção da qualidade de vida a partir do ensino de filosofia em cursos técnicos do Instituto Federal da Paraíba. Vértices (Campos dos Goitacazes), v. 24, n. 2, p. 481-510, 2022. DOI: https://doi.org/10.19180/1809-2667.v24n22022p481-510. Disponível em: https://www.essentiaeditora.iff.edu.br/index.php/vertices/article/view/16987.

COMO CITAR (APA): Alves, G. S., & Pereira, D. O. (2022). Percepção da qualidade de vida a partir do ensino de filosofia em cursos técnicos do Instituto Federal da Paraíba. Vértices (Campos dos Goitacazes), 24(2), 481-510. https://doi.org/10.19180/1809-2667.v24n22022p481-510.

HTML generado a partir de XML-JATS4R por