Artigos Originais
Determinação de As, Cd, Cr, Cu, Pb e Zn em chás pretos (Camellia sinensis L.) comercializados em supermercados de Campos dos Goytacazes/RJ
Determination of As, Cd, Cr, Cu, Pb and Zn in black teas (Camellia sinensis L.) sold in supermarkets in Campos dos Goytacazes, Brazil
Determinación de As, Cd, Cr, Cu, Pb y Zn en tés negros (Camellia sinensis L.) vendidos en supermercados en Campos dos Goytacazes, Brasil
Determinação de As, Cd, Cr, Cu, Pb e Zn em chás pretos (Camellia sinensis L.) comercializados em supermercados de Campos dos Goytacazes/RJ
Vértices (Campos dos Goitacazes), vol. 25, núm. 2, e25219110, 2023
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense
Recepción: 04 Febrero 2023
Aprobación: 13 Julio 2023
Publicación: 11 Agosto 2023
Resumo: A Camellia sinensis L. é um arbusto da família das Theaceae. A partir das suas folhas é produzido um chá que é a segunda bebida não alcoólica mais consumida no mundo. O chá dessa planta pode trazer vários benefícios à saúde, entretanto alguns elementos presentes nas folhas da Camellia sinensis L. são potencialmente tóxicos como, por exemplo, o As, Cd e Pb; uma vez que estão entre as dez substâncias químicas de maiores riscos à saúde. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi determinar as concentrações de As, Cd, Cr, Cu, Pb e Zn por espectrometria de emissão óptica com plasma acoplado indutivamente (ICP OES) após decomposição ácida de amostras comerciais de chá preto da planta Camellia sinensis L. adquiridas em supermercados de Campos dos Goytacazes/RJ. Os limites de detecção para os elementos foram de 0,5 mg kg−1 para As; 0,003 mg kg−1 para Cd; 0,02 mg kg−1 para Cr; 1,2 mg kg−1 para Cu; 0,09 mg kg−1 para Pb e 0,04 mg kg−1 para Zn. As concentrações encontradas dos elementos potencialmente tóxicos Cd e Pb nos chás pretos da Camellia sinensis L. estão abaixo das concentrações estabelecidas pela ANVISA (0,60 mg kg-1 e 0,40 mg kg-1, respectivamente).
Palavras-chave: Camellia sinensis L, chá preto, elementos potencialmente tóxicos, micronutrientes, ICP OES.
Abstract: Camellia sinensis L. is a small tree in the Theaceae family. From its leaves is produced a tea, which is the second most consumed non-alcoholic beverage in the world. The tea of this plant can bring several health benefits, however, some elements present in the leaves of Camellia sinensis L. are potentially toxic, for example, As, Cd and Pb; since they are among the ten chemical substances of major health risks. Thus, the objective of this work was to determine the concentrations of As, Cd, Cr, Cu, Pb and Zn by inductively coupled plasma optical emission spectrometry (ICP OES) after acid digestion of commercial samples of black tea from the plant Camellia sinensis L. acquired in supermarkets from Campos dos Goytacazes (Brazil). The detection limits for the elements were 0.5 mg kg−1 for As; 0.003 mg kg−1 for Cd; 0.02 mg kg−1 for Cr; 1.2 mg kg−1 for Cu; 0.09 mg kg−1 for Pb and 0.04 mg kg−1 for Zn. The concentrations found of the potentially toxic elements Cd and Pb in the black teas of Camellia sinensis L. are below the concentrations established by ANVISA (0.60 mg kg−1 and 0.40 mg kg−1, respectively).
Keywords: Camellia sinensis L, black tea, potentially toxic elements, micronutrients, ICP OES.
Resumen: Camellia sinensis L. es un arbusto de la familia Theaceae. De sus hojas se produce el té, la segunda bebida no alcohólica más consumida en el mundo. El té de esta planta tiene varios beneficios para la salud, sin embargo, algunos elementos presentes en las hojas de Camellia sinensis L. son potencialmente tóxicos, por ejemplo, As, Cd y Pb; ya que se encuentran entre las diez sustancias químicas con mayores riesgos para la salud. Así, el objetivo de este trabajo fue determinar las concentraciones de As, Cd, Cr, Cu, Pb y Zn mediante espectrometría de emisión óptica de plasma acoplado inductivamente (ICP OES) después de la digestión ácida de muestras comerciales de té negro de la planta Camellia sinensis L. adquirida en supermercados en Campos dos Goytacazes (Brasil). Los límites de detección de los elementos fueron de 0,5 mg kg−1 para el As; 0,003 mg kg−1 para Cd; 0,02 mg kg−1 para Cr; 1,2 mg kg−1 para Cu; 0,09 mg kg−1 para Pb y 0,04 mg kg−1 para Zn. Las concentraciones encontradas de los elementos potencialmente tóxicos Cd y Pb en los tés negros de Camellia sinensis L. están por debajo de las establecidas por la ANVISA (0,60 mg kg−1 y 0,40 mg kg−1, respectivamente).
Palabras clave: Camellia sinensis L, té negro, elementos potencialmente tóxicos, micronutrientes, ICP OES.
1 Introdução
A Camellia sinensis L. é um arbusto da família das Theaceae nativa do leste asiático (JESZKA-SKOWRON; KRWCZYAK; ZGOŁA-GRZESKOWIAK, 2015; YEMANE; CHANDRAVANSHI; WONDIMU, 2008). A partir das suas folhas é produzido um chá imensamente popular (chá preto), sendo este a segunda bebida não alcoólica mais consumida no mundo (GÖRÜR et al., 2011; GRAHAM, 1992; MILANI et al., 2015; SCHULZKI; NÜßLEIN; SIEVERS, 2017; SZYMCZYCHA-MADEJA; WELNA; POHL, 2016). O interesse por esta bebida vem aumentando durante os anos e, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, 2022), o consumo mundial deste chá foi de aproximadamente 6,4 milhões de toneladas no ano de 2021.
Além do sabor agradável, estudos epidemiológicos sugerem que o chá feito da Camellia sinensis pode aumentar a densidade mineral óssea e apresentar atividades antioxidantes, anti-inflamatórias, antimutagênicas, anticarcinogênicas, antimicrobianas e hepatoprotetoras, intensificando ainda mais a busca por essa bebida (CABRERA; ARTACHO; GIMÉNEZ, 2006; JESZKA-SKOWRON; KRWCZYAK; ZGOŁA-GRZESKOWIAK, 2015; NISHIYAMA et al., 2010).
Os elementos inorgânicos na Camellia sinensis (chá preto) são essenciais para o organismo humano participando de numerosos processos bioquímicos vitais à saúde. O cobre (Cu), por exemplo, tem sido reconhecido como um elemento essencial devido à sua presença em vários processos metabólicos importantes de enzimas e proteínas. Já o crômio (Cr) é um nutriente necessário para o metabolismo de açúcares e gorduras; e o zinco (Zn) está envolvido na síntese e degradação de ácidos nucleicos e proteínas. Entretanto, o excesso dos elementos essenciais Cu, Cr e Zn pode estar associado à síndrome de Menkes, hiperglicemia e anemia, respectivamente (PRASHANTH et al., 2015). Em altas concentrações, esses elementos são potencialmente tóxicos ao organismo. Além disso, alguns elementos (As, Cd e Pb), mesmo em baixas concentrações, também são considerados potencialmente tóxicos à saúde humana (VITÓ et al., 2020). O arsênio (As), o cádmio (Cd) e o chumbo (Pb) estão entre as dez substâncias químicas de maiores riscos à saúde pública, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (WHO, 2020).
Gibb et al. (2019) propuseram uma lista de várias doenças causadas pela exposição a As, Cd e Pb, sendo o elemento As o responsável por 96 % dessas doenças. Yaqub et al. (2018) avaliaram o risco de Zn, Cr e Cu (entre outros elementos inorgânicos) em diversas plantas cultivadas e em amostras de chás comerciais. O risco à saúde calculado pela Target Risk Quotiet (THQ) apresentou-se abaixo de 1 para Zn, Cr e Cu. Entretanto, para alguns elementos (como, por exemplo, Co e Mn), os resultados obtidos apresentaram-se acima de 1, um alerta para o fato de que o consumo excedente desses elementos pode representar um risco à saúde. Schwalfenberg, Genius e Rodushkin (2013) determinaram Pb em chás da planta Camellia sinensis, obtendo níveis de concentração acima dos indicados como seguros para o consumo durante a gravidez e lactação (0,01 mg kg-1) (MEMIC et al., 2014). Sendo assim, o entendimento da composição química dos chás da Camellia sinensis permite compreender seus benefícios e malefícios à saúde, algo que é de grande interesse científico, econômico e social (DERUN, 2014; PRÜSS-USTÜN et al., 2016; SOUZA; MORASSUTI; DEUS, 2018; TOMASZEWSKA et al., 2016).
Desta forma, o objetivo deste trabalho foi determinar as concentrações de As, Cd, Cr, Cu, Pb e Zn por espectrometria de emissão óptica com plasma acoplado indutivamente (ICP OES) após decomposição ácida em amostras de chá preto da planta Camellia sinensis. Além disso, uma discussão acerca dos riscos à saúde causados por tais elementos foi levantada neste artigo. Finalmente, este trabalho pode contribuir para o entendimento da qualidade dos principais chás pretos comercializados em Campos dos Goytacazes e para preservação da saúde do consumidor.
2 Metodologia
2.1 Instrumentação
Um espectrômetro de emissão óptica com plasma acoplado indutivamente (ICP OES) (Shimadzu Corporation, Modelo ICPE-9000, Japão) foi utilizado para a determinação de As, Cd, Cr, Cu, Pb e Zn. Para a comparação interlaboratorial foi usado um ICP OES (Perkin Elmer, Dual-view Optima 4300 DV, EUA). Os seguintes comprimentos de onda foram empregados para os equipamentos: As (167,081 nm), Cd (214,438nm), Cr (205,552 nm), Cu (213,598 nm), Pb (220,353 nm) e Zn (202,548 nm). Os parâmetros utilizados para realizar as análises estão listados na Tabela 1, todos na posição axial da Tocha.
Parâmetros operacionais do ICP OES | Laboratório A | Laboratório B |
Câmara de nebulização | Ciclonic de Pyrex® | Double-pass spray chamber |
Nebulizador | Coaxial de Pyrex® | Crossflow |
Tocha | Quartzmini-torch | 2.4 mm central tube internal-diameter torch |
Potência de radiofrequência (W) | 1200 | 1100 |
Taxa do gás do Plasma (L min−1) | 10 | 15 |
Taxa de fluxo do gás nebulizador (L min−1) | 0,70 | 0,80 |
Taxa de fluxo do gás auxiliar (L min−1) | 0,60 | 0,50 |
Taxa de fluxo da amostra (mL min−1) | 1,00 | 1,40 |
A decomposição ácida das amostras de chá foi realizada com dois blocos de digestão: Solab, modelo SL 25/40, Brasil, equipado com tubos de borossilicato (volume interno de 75 mL com Ø de diâmetro 25 x 250 mm) (Laboratório A) e TECNAL, modelo TE 00-7D, Brasil, equipado com 15 tubos de Teflon® com tampas (Laboratório B).
2.2 Materiais e reagentes
Os frascos e vidrarias utilizados nas análises de ICP OES e nas decomposições ácidas das amostras foram previamente lavados com água deionizada, imersos em 15% v v−1 de ácido nítrico (HNO3) por 24 horas e, finalmente, enxaguados com água ultrapura. A água ultrapura (com resistividade = 18,2 MΩ cm) foi preparada por um sistema de osmose reversa (Sartorius, arium® mini, Alemanha). Para as decomposições ácidas das amostras foram utilizados peróxido de hidrogênio (H2O2) 30% m m−1 (Cinética, Brasil) e HNO3 65% m m−1 (Merck, Alemanha). As soluções-padrão de calibração foram preparadas após diluições sucessivas de 1000 mg L−1de As, Cd, Cr, Cu, Pb e Zn (Merck, Alemanha); todas preparadas com diluição adequada com água ultrapura. Além disso, foram usados tubos de polipropileno (importação CRAL, Tipo Falcon, China) com capacidade de 15,0 mL.
2.3 Decomposição ácida das amostras de chá
Para o desenvolvimento deste trabalho foram usadas seis amostras distintas das principais marcas de chá preto (S1 – S6) comercializadas em supermercados da cidade de Campos dos Goytacazes (Rio de Janeiro). A fim de evitar prejuízo para seu caráter distintivo, os nomes das marcas não foram disponibilizados. Apesar de comercializados no Brasil, os chás não possuem descrições quanto a suas origens geográficas. Todas as decomposições foram realizadas em duplicatas autênticas. A descontaminação dos papéis de filtro (diâmetro 9,0 cm e porosidade 3,0 µm) foi realizada lavando-se o material com HNO3 5 % v v−1 aquecido a 80 °C por 3 vezes. Os papéis de filtro foram secos à temperatura ambiente.
Uma massa de 250 mg da amostra de chá foi pesada diretamente nos tubos de digestão. Após isso, adicionaram-se 5,0 mL de 65% v v−1de HNO3 e 1,0 mL de 30% m m−1de H2O2. A mistura foi transportada para o bloco de digestão e permaneceu por 3 h a 120 ºC (ponto de ebulição da mistura azeotrópica formada). Após a decomposição ácida, a amostra foi filtrada usando papel de filtro (15 µm) e diluída para 15 mL com água ultrapura. Os analitos foram quantificados por ICP OES.
2.4 Características de desempenho
A medição dos analitos (As, Cd, Cr, Cu, Pb e Zn) por ICP OES na amostra de chá (amostra S1) foi realizada em triplicata para avaliar a precisão do equipamento por meio do desvio-padrão (SD) e do desvio-padrão relativo (RSD). Os limites de detecção (LD) e de quantificação (LQ) foram calculados de acordo com a União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC) por meio das seguintes equações (SOUZA et al., 2020):
Onde o “BEC” é a concentração equivalente no fundo, “Ibranco” é a intensidade média da medição de 10 amostras em branco independentes, “slope” é o coeficiente angular da curva de calibração, “LD” é o limite de detecção, “LQ” é o limite de quantificação e o “RSD” é o desvio-padrão relativo de 10 amostras em branco independentes.
Para avaliar a exatidão do método, os analitos foram quantificados por ICP OES após a decomposição ácida de amostras de Materiais de Referência Certificados: (CRM) NIST SRM 1573. (Folhas de Tomate) e (CRM) NIST SRM 1515 (Folhas de Maçã). Além disso, uma comparação interlaboratorial dos resultados entre dois laboratórios (Laboratórios A e B) foi realizada. O procedimento de decomposição ácida empregado foi o mesmo em ambos os laboratórios seguidos por determinação usando o ICP OES.
3 Resultado e Discussão
3.1 Concentrações dos elementos químicos no chá preto
As propriedades farmacológicas, o aumento da densidade mineral no organismo e a participação em diversos processos bioquímicos vitais ao ser humano fazem com que o chá da planta Camelliasinensis seja intensamente consumido no mundo. Entretanto, para assegurar a qualidade desses chás comercializados, deve-se realizar uma avaliação criteriosa dos elementos químicos neles presentes. Na Tabela 2 são apresentadas as concentrações dos elementos Cu e Zn (mg kg–1) determinados por ICP OES após a decomposição ácida das amostras de chá preto (S1–S6). Para os elementos As, Cd, Cr e Pb, as concentrações obtidas ficaram abaixo dos LDs.
Amostras | Cu (mg kg –1) | RSD (%) | Zn (mg kg –1) | RSD (%) |
S1 | 21,79 ± 0,03 | 4,1 | 27,2 ± 0,6 | 9,9 |
23,1 ± 0,3 | 31,3 ± 0,5 | |||
S2 | 19,2 ± 0,4 | 0,9 | 20,2 ± 0,5 | 5,2 |
19,4 ± 0,4 | 21,7 ± 0,4 | |||
S3 | < LD | --- | 17,5 ± 0,4 | 2,1 |
14,7 ± 0,4 | 17,0 ± 0,3 | |||
S4 | 14,7 ± 0,4 | 2,1 | 17,7 ± 0,3 | 2,8 |
14,3 ± 0,3 | 18,4 ± 0,3 | |||
S5 | 16,1± 0,6 | 3,0 | 18,3 ± 0,3 | 0,01 |
16,8 ± 0,2 | 18,3 ± 0,4 | |||
S6 | 19,8 ± 0,2 | 2,1 | 22,4 ± 0,3 | 3,3 |
20,4 ± 0,6 | 23,5 ± 0,7 |
O órgão brasileiro responsável por delimitar as concentrações máximas de elementos químicos em alimentos é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Entretanto, para alguns elementos (como, por exemplo, Cr, Cu e Zn), não há um valor máximo estabelecido pela legislação brasileira, sendo importante uma avaliação criteriosa de sua presença nos chás. Os resultados obtidos para Cu (14,3 – 23,1 mg kg–1) e Zn (17,0 – 31,3 mg kg–1) neste trabalho (Tabela 2) estão concordantes com os encontrados na literatura. Segundo Prashanth et al. (2015), as concentrações de Cu variam de 4 a 20 mg kg–1por peso seco da planta. Moreda-Piñeiro, Fisher e Hill (2003) encontraram concentrações para Cu (12,35 – 21,26 mg kg–1) e Zn (24,40 – 27,86 mg kg–1) em diferentes amostras de chá da Camellia sinensis. Além disso, Milani, Morgano e Cadore (2016) avaliaram diferentes chás comercializados no sudeste brasileiro e observaram concentrações médias para Cu (12 mg kg–1) e Zn (21 mg kg–1) similares às obtidas neste trabalho.
Vale destacar que, por passarem por um processo de infusão em água quente antes de serem consumidos, há, nos chás, uma redução das concentrações dos elementos biodisponíveis, ou seja, que são realmente ingeridos. Estudos indicam que, em comparação com sua concentração nas folhas secas de chá, dada a quelação desses elementos com ácido tânico e taninos durante a fervura do chá em infusões, pode ocorrer a diminuição dos micronutrientes. O fenômeno causa a redução da sua extração durante o preparo dos chás e, portanto, a diminuição da disponibilidade em solução aquosa (KARAK et al., 2017). Lahiji et al. (2013) obtiveram uma extração de 22,75% de Cu e 54,43% de Zn do extrato seco (folhas do chá preto) para as infusões desses chás.
Na Tabela 3 os elementos As, Cd, Cr e Pb apresentaram resultados abaixo do limite de detecção nos dois laboratórios que realizaram as análises (Laboratórios A e B). Para Cu e Zn o grau de concordância entre os resultados é alto (média do RSD ≈ 10%), garantindo uma precisão adequada entre os resultados de Cu e Zn obtidos pelos dois laboratórios.
A Instrução Normativa IN Nº 160, de 1º de julho de 2022 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2022) determina que as concentrações máximas de As, Cd e Pb em chá, erva mate e outros vegetais para infusão sejam: 0,60 mg kg–1, 0,40 mg kg–1 e 0,60 mg kg–1, respectivamente. Neste trabalho, as concentrações de Cd e Pb estão abaixo das concentrações estabelecidas pela ANVISA. Para o As não é possível afirmar que a sua concentração no chá está abaixo do que é estabelecido pela ANVISA, visto que o limite de quantificação (LQ) obtido para esse elemento foi de 1,6 mg kg–1 (maior que a concentração estabelecida pela ANVISA) (Tabela 3). Neste caso, seria necessário utilizar equipamentos mais sensíveis para a determinação de As como, por exemplo, a espectrometria de massa com plasma acoplado indutivamente (ICP-MS).
A alta concentração de As provoca lesões e câncer de pele causados pela exposição a longo prazo. A alta concentração de Pb pode provocar danos aos rins e o aumento da pressão arterial. Além disso, a alta concentração de Cd pode causar disfunções renais, distúrbios no metabolismo do cálcio (redução de cálcio no organismo) e a formação de cálculos renais (PRÜSS-USTÜN et al., 2016). Neste sentido, a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) classificou o cádmio e seus derivados como carcinogênicos (TOMASZEWSKA et al., 2016). Portanto, a fim de prevenir possíveis danos à saúde humana, deve-se realizar a avaliação da composição elementar dos chás da Camellia sinensis.
3.2 Características de desempenho
Os limites de detecção (LD) e de quantificação (LQ) são relatados para a massa seca da amostra de chá e foram calculados de acordo com a União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC) e Souza et al. (2020) (Tabela 3).
Laboratório A | Laboratório B | RSD % | ||||
Elementos | Linearidade | LD (mg kg–1) | LQ (mg kg–1) | Concentração (mg kg–1) | Concentração (mg kg–1) | |
As | 0,99987 | 0,5 | 1,6 | < LD | < LD | --- |
Cd | 0,99998 | 0,003 | 0,01 | < LD | < LD | --- |
Cr | 0,99999 | 0,02 | 0,07 | < LD | < LD | --- |
Cu | 0,99979 | 1,2 | 4 | 22,4 ± 0,03 | 19,1 ± 1,5 | 11,4 |
Pb | 0,99994 | 0,09 | 0,3 | < LD | < LD | --- |
Zn | 0,99999 | 0,04 | 0,1 | 29,3 ± 0,5 | 33,5 ± 1,8 | 9,4 |
Os elementos As, Cd, Cr e Pb apresentaram resultados abaixo do limite de detecção nos dois laboratórios que realizaram as análises (Laboratórios A e B). Para Cu e Zn o grau de concordância entre os resultados é alto (RSD ≈ 10%), garantindo uma precisão adequada entre os resultados de Cu e Zn obtidos pelos dois laboratórios.
As concentrações de Cd, Cr, Cu, Pb e Zn comparadas aos valores (CRM) NIST SRM 1573. (folhas de tomate) e (CRM) NIST SRM 1515 (folhas de maçã) são mostradas na Tabela 4.
Elementos(mg kg-1) | Decomposição ácida | Valor certificado 1573a (média ± SD) | Intervalo de confiança (t2, 95%)a | Decomposição ácida | Valor certificado 1515 (média ± SD) | Intervalo de confiança (t2, 95%)a | |
As | < LD | 0,112 ± 0,004 | 0,100 – 0,124 | ND | ND | ND | |
Cd | 1,45 ± 0,06 | 1,52 ± 0,04 | 1,40 – 1,64 | <LD | 0,013 ± 0,001 | 0,009 – 0,018 | |
Cr | ND | ND | ND | 0,3 ± 0,1 | 0,3 | 0,3 – 0,3 | |
Cu | 4,4 ± 0,3 | 4,7 ± 0,1 | 4,3 – 5,1 | 5,8 ± 0,2 | 5,7 ± 0,1 | 5,3 – 6,1 | |
Pb | ND | ND | ND | 0,42 ± 0,03 | 0,47 ± 0,02 | 0,40 – 0,54 | |
Zn | 29,5 ± 0,4 | 30,9 ± 0,7 | 28,8 – 33,0 | 12,4 ± 1,3 | 12,4 ± 0,4 | 11,1 – 13,8 |
O Teste t Student calculado (t2) apresentado na Tabela 4 garante que as concentrações obtidas para os elementos presentes no material certificado estão dentro do intervalo com 95% de confiança. Os valores de referência para o As (0,112 ± 0,004 mg kg–1) e Cd (0,013 ± 0,001 mg kg–1) são muito baixos (abaixo dos LDs), portanto, não foi possível determinar suas concentrações usando o ICP OES.
4 Considerações finais
As concentrações dos elementos potencialmente tóxicos Cd e Pb nos chás pretos de Camellia sinensis L. estão abaixo das concentrações estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para elementos químicos em chá, erva mate e outros vegetais para infusão (0,40 mg kg-1 e 0,60 mg kg-1, respectivamente). Para o As não é possível afirmar que a sua concentração no chá está abaixo do que é estabelecido pela ANVISA, visto que o limite de quantificação (LQ) obtido para este elemento foi maior que a concentração máxima estabelecida pela ANVISA.
A falta de legislações que estabeleçam limites máximos de consumo de Cr, Cu e Zn em alimentos é algo preocupante para a saúde da população, vistos os vários problemas associados a tais elementos quando em excesso. Entretanto, os resultados obtidos para Cu (14,3 – 23,1 mg kg–1) e Zn (17,0 – 31,3 mg kg–1) neste trabalho estão concordantes com os encontrados na literatura para amostras de chá. Finalmente, este trabalho pode contribuir para avaliar a qualidade dos chás brasileiros comerciais, assegurando um consumo consciente de tal bebida.
Referências
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Notas de autor
Información adicional
COMO CITAR (ABNT): VIEIRA, H. G. et al. Determinação de As, Cd, Cr, Cu, Pb e Zn em chás pretos (Camellia sinensis L.) comercializados em supermercados de Campos dos Goytacazes/RJ. Vértices (Campos dos Goitacazes), v. 25, n. 2, e25219110, 2023. DOI: https://doi.org/10.19180/1809-2667.v25n22023.19110. Disponível em: https://essentiaeditora.iff.edu.br/index.php/vertices/article/view/19110.
COMO CITAR (APA): Vieira, H. G., Venial, H. J., Silva, F. L. F., Lopes, G. S., Matos, W. O., Almeida, C. M. S. & Souza, M. O. (2023). Determinação de As, Cd, Cr, Cu, Pb e Zn em Chás Pretos (Camellia sinensis L.) comercializados em supermercados de Campos dos Goytacazes/RJ. Vértices (Campos dos Goitacazes), 25(2), e25219110. https://doi.org/10.19180/1809-2667.v25n22023.19110.