ARTIGOS ORIGINAIS

O Estresse entre os Profissionais de Enfermagem em uma Unidade de Terapia Intensiva do Município de São José do Calçado/ES

Stress among Nursing Professionals in an Intensive Care Unit in São José do Calçado, Brazil

El Estrés entre los Profesionales de Enfermería en una Unidad de Terapia Intensiva del Municipio de São José do Calçado, Brasil

Bianca da Silva Campos 1
Brasil
Edmar Gonçalves de Oliveira 2
Brasil
Clara dos Reis Nunes 3
Faculdade Metropolitana São Carlos (FAMESC), Brasil

O Estresse entre os Profissionais de Enfermagem em uma Unidade de Terapia Intensiva do Município de São José do Calçado/ES

Vértices (Campos dos Goitacazes), vol. 20, núm. 2, 2018

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense

Este documento é protegido por Copyright © 2018 pelos Autores

Recepción: 13 Agosto 2017

Aprobación: 26 Marzo 2018

Resumo: Os fatores desencadeantes do estresse podem comprometer a qualidade de vida e afetar o indivíduo como um todo, incluindo profissionalmente. Logo, foram investigados os fatores de risco que elevavam o nível de estresse entre profissionais de enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva de um hospital no município de São José do Calçado/ES, identificando os problemas enfrentados que estão associados ao estresse. Verificou-se que a elevação do nível de estresse é provocada, sobretudo, pela elevada responsabilidade e exigência por segurança e respeito para o paciente e, apesar de ser um ambiente considerado estressante, na unidade hospitalar analisada o nível de estresse não estava elevado.

Palavras-chave: Burnout, Qualidade de vida, Fatores de Risco.

Abstract: Stress-triggering factors can compromise quality of life and affect the individual as a whole, including his/her professional performance. We investigated the risk factors that increase the level of stress among nursing professionals in the Intensive Care Unit of a hospital in the city of São José do Calçado (Brazil), to identify the problems that are associated with stress. It was verified that the elevation of stress levels is caused mainly by the high responsibility and demand for safety and respect for the patient and, despite being considered to be a stressful environment, the level of stress was not high in the analyzed hospital unit.

Keywords: Burnout, Quality of life, Risk factors.

Resumen: Los factores desencadenantes del estrés pueden comprometer la calidad de vida y afectar al individuo como un todo, incluyendo profesionalmente. Por lo tanto, se investigaron los factores de riesgo que elevaban el nivel de estrés entre profesionales de enfermería en la Unidad de Terapia Intensiva de un hospital en el municipio de São José do Calçado (Brasil), identificando los problemas enfrentados que están asociados al estrés. Se verificó que la elevación del nivel de estrés es provocada, sobre todo, por la elevada responsabilidad y exigencia por seguridad y respeto para el paciente y, a pesar de ser un ambiente considerado estresante, en la unidad hospitalaria analizada el nivel de estrés no era elevado.

Palabras clave: Burnout, Calidad de vida, Factores de riesgo.

1 Introdução

O estresse pode comprometer a qualidade de vida das pessoas, podendo inclusive afetar o desempenho profissional dos indivíduos. Nesse sentido, os profissionais da enfermagem também estão suscetíveis a esse comprometimento que o estresse causa, visto que há alguns fatores que o desencadeiam estão presentes no cotidiano desses profissionais.

O profissional de enfermagem é fundamental em vários contextos como, por exemplo, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde ele se faz indispensável, pois desenvolve atividades gerenciais e assistenciais, além de executar um papel imprescindível na preservação da integridade física e psicossocial dos pacientes. Sendo assim, esses profissionais devem dotar-se de habilidades e competências para realizar atividades complexas, nas quais a fundamentação teórica, aliada a liderança, discernimento, responsabilidade e práticas são fundamentais (PRETO; PEDRÃO, 2009).

Além disso, esses profissionais precisam estar envolvidos pela dedicação, pelo controle emocional, pela atenção e pela vigília. Não obstante, precisam estar aptos a reconhecer os estressores presentes na unidade e saber trabalhar em grupo para proporcionar um ambiente favorável à manutenção da saúde, tanto do paciente quanto do próprio trabalhador, evitando o estresse (BIANCHI, 2000).

Todavia, é necessário considerar que a UTI é um setor extremamente estressante dentro de uma unidade hospitalar, visto que se compõe por um elevado quantitativo de equipamentos que emitem sons ensurdecedores, além da sobrecarga de trabalho e a vivência constante com a morte (LIPP, 2005). Algumas outras variáveis que também interferem são o ambiente extremamente seco, refrigerado, fechado, com iluminação artificial, ruídos intermitentes e inter-relacionamento constante entre as mesmas pessoas da equipe durante o turno. Tais variáveis incentivam um trabalho exaustivo e tenso, causando baixa autoestima e desânimo nesses profissionais (PEREIRA; BUENO, 1997).

A partir desse contexto, o perfil emocional dos profissionais da enfermagem que atuam nesse setor está continuamente exposto a variações ao longo do plantão, variações que podem estar relacionadas ao desgaste e ao consequente estresse advindo da ação de prestar assistência nesse setor, onde é exigido um nível tão elevado de habilidades e necessidades, de ações imediatas e emergentes (MARTINO; MISKO, 2004).

Nesse sentido, surge a questão: Que fatores contribuem para o alto nível de estresse em profissionais de enfermagem em uma UTI em um hospital no Município de São José do Calçado/ES? A preocupação com o sofrimento, com a dor e com a morte vivenciada, frequentemente, é entendida como uma avaliação que o indivíduo faz das situações às quais é exposto como sendo mais ou menos desgastante, e a enfermagem é uma profissão que requer grande demanda de atenção, compaixão e responsabilidade. O enfermeiro, quando lida com essas situações, pode se sentir irritado, deprimido e desapontado, atrapalhando o desempenho profissional e aumentando a ansiedade (PRETO; PEDRÃO, 2009).

Além disso, trata-se de um trabalho exaustivo, que exige horários rígidos e extensas jornadas. Muitas vezes, pelo pouco número de funcionários, também ocorre uma sobrecarga de trabalho. Vale a pena ressaltar que a UTI é um setor onde se encontram pacientes com patologias graves e que necessitam de cuidados intensivos, o que exige da equipe de enfermagem muita atenção, a todo momento (SILVA et al., 2015).

Frente à necessidade de preservar os profissionais da área de enfermagem, para que eles possam desempenhar e executar seu trabalho de forma eficiente e sadia, torna-se importante analisar os fatores que podem prejudicar seu bem-estar. A busca pela promoção tanto da saúde física quanto mental destes profissionais é de grande importância, visto que eles vêm desempenhando um imprescindível trabalho dentro da unidade hospitalar.

Nesse sentido, objetivou-se com o presente trabalho investigar os fatores de risco que elevam o nível de estresse entre profissionais de enfermagem na UTI em um hospital do Município de São José do Calçado (ES). Especificamente, buscou-se identificar os problemas enfrentados pela classe de profissionais de enfermagem que estão associados ao estresse e enfatizar a importância da atenção especial aos profissionais de enfermagem que atuam nessa Unidade Hospitalar.

2 Materiais e métodos

Trata-se de uma pesquisa exploratória, de aspecto qualiquantitativo e descritivo. O estudo foi realizado por meio de pesquisa nas bases de dados da biblioteca virtual Scielo, Sciencedirect e Web of Science em busca de artigos publicados sobre o assunto, sendo também pesquisado em livros e revistas. Foi usada como critério de pesquisa a inclusão de artigos que apresentavam coerência com o tema abordado. Foram excluídos os artigos que não apresentavam a especificidade com o objeto de estudo.

Levando em consideração os artigos pesquisados e procurando investigar o que desencadeia o estresse dos profissionais de enfermagem (enfermeiros, técnicos de enfermagem), para um levantamento de dados, foi escolhida para pesquisa exploratória a UTI de um Hospital no Município de São José do Calçado/ES. Após a autorização do hospital, o projeto foi encaminhado para avaliação ao Comitê de Ética em Pesquisa, sendo aprovado (CAAE 61620516.7.0000.5674). Após a aprovação, os profissionais foram contatados e orientados sobre o estudo. Após aceitarem participar, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). O desenvolvimento da pesquisa atendeu aos preceitos éticos da Resolução 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde, que regulamenta as pesquisas que envolvem seres humanos no Brasil.

Foi aplicado um questionário aos profissionais de enfermagem, o qual se baseou em questões objetivas, tendo como respostas alternativas em escala para indicar o nível que cada situação representava para o sujeito da pesquisa como fonte de estresse. As alternativas em escala eram: nunca, raramente, algumas vezes, muitas vezes e sempre. Os resultados foram expressos por meio das técnicas de estatística descritiva.

3 Resultados e discussão

O universo desta pesquisa contou com profissionais com idade entre 27 a 59 anos, sendo 16,7% enfermeiros e 83,3% técnicos de enfermagem. Na Tabela 1, podem-se verificar outros dados relacionados ao perfil dos profissionais da saúde que participaram desta pesquisa.

Foi possível verificar que a maioria dos indivíduos não aponta o início de uma nova função como fator estressante (Figura 1A), o que se deve ao fato de que, na rotina da instituição analisada, as tarefas são designadas especificamente aos profissionais, não havendo praticamente acúmulo ou troca de função.

Tabela 1.
Perfil dos Profissionais de Saúde
SexoFemininoMasculino55,6%44,4%
Outro vínculo empregatícioSimNão44,4%55,6%
Renda familiar mensalEntre 1 e 2 saláriosEntre 2 e 4 saláriosEntre 4 e 6 saláriosMais de 6 salários0%44,4%38,9%16,7%

Em contrapartida, Lentine et al. (2003) dizem que o estresse é uma resposta biopsicofisiológica relacionada com o modo de a pessoa se adaptar a mudanças ou situações novas, que lhe possam ocasionar pressões externas ou internas, considerando-se que qualquer situação adversa ao seu cotidiano pode ser um fator de estresse. Quando questionados acerca da execução simultânea de tarefas distintas, observou-se que se trata de um fator que desencadeia o estresse muitas vezes (27,7%) e algumas vezes (27,7%), como mostra a Figura 1B.

(A) Questão 1 do questionário aplicado “Começar uma função nova”. (B): Questão 2 do questionário aplicado “Executar tarefas distintas simultâneas”
Figura 1.
(A) Questão 1 do questionário aplicado “Começar uma função nova”. (B): Questão 2 do questionário aplicado “Executar tarefas distintas simultâneas”

Camelo e Angerami (2007), reforçando essa afirmativa, verificaram que aos profissionais de enfermagem são delegadas múltiplas tarefas ao mesmo tempo, com alto grau de complexidade e responsabilidade. Se o profissional não estiver bem preparado, o ambiente não estiver adequado e não houver organização no setor de trabalho, esse acúmulo de tarefas pode trazer tensão para cada indivíduo assim como para a equipe.

De acordo com a Figura 2, resolver imprevistos que acontecem no local de trabalho raramente é um fator estressante, visto que os profissionais têm destreza em solucionar imprevistos e são igualmente qualificados para atuar em situações inesperadas.

Em concordância, Preto e Pedrão (2009) afirmam que profissionais com maior conhecimento, tempo de serviço e especializações próprias da área em que atuam e que possuem ainda como característica destreza e agilidade no seu ambiente de trabalho, conseguem ter segurança para resolver imprevistos e, com isso, têm menor chance de desencadear o estresse.

Questão 3 do questionário aplicado “Resolver imprevistos que acontecem no local de trabalho”
Figura 2.
Questão 3 do questionário aplicado “Resolver imprevistos que acontecem no local de trabalho”

No que tange a trabalhos repetitivos (Figura 3), verificou-se uma imparcialidade nos resultados, pois o percentual de respostas foi bem próximo, destacando-se apenas a opção “muitas vezes”, a qual foi pouco assinalada (5,5%). Esse resultado é justificado pelo fato de que cada pessoa reage de uma forma ao executar tarefas repetitivas, o que também está relacionado ao psicológico de cada um. Segundo Cavalheiro et al. (2008), o enfermeiro tem facilidade de se adaptar ao seu ambiente de trabalho com o tempo, isso ocorre pois os profissionais se tornam mais maduros e experientes, gerando assim uma maior consciência de suas ações e encontrando mecanismos para confrontar o estresse.

Em contrapartida, Costa et al. (2003) relatam que o Burnout está relacionado ao estresse no local de trabalho, pois fazer atividades repetitivas, ter contato contínuo com estressores e administrar os problemas pessoais de cada profissional proporcionam ao indivíduo um esgotamento físico mental e comportamental.

Questão 4 do questionário aplicado “Fazer um trabalho repetitivo”
Figura 3.
Questão 4 do questionário aplicado “Fazer um trabalho repetitivo”

Nesse contexto, observou-se que a maioria dos profissionais afirma que raramente se desgasta emocionalmente com o exercício de sua função. É interessante ressaltar que um pequeno percentual de profissionais possui outro vínculo empregatício (44,4%), conforme mostra a Tabela 1, o que auxilia a prevenir um esgotamento emocional desses profissionais, apesar de a UTI ser um local propenso ao desencadeamento de um conflito de emoções. Segundo Andolhe et al. (2015), o estresse é um processo que causa alterações psicológicas e orgânicas voltadas para o sistema cognitivo na interpretação de diferentes estímulos, pois, para um indivíduo suportar as situações que geram estresse, ele utiliza estratégias de enfrentamento (coping) para amenizar e adequar as adversidades que encontrar.

Em relação ao esforço físico exercido para cumprir o trabalho, evidenciou-se que nenhuma alternativa se sobressaiu, visto que praticamente todas as opiniões (nunca, raramente, algumas vezes, muitas vezes) estão em cerca de 22,2%, exceto a opção “sempre” que teve um menor percentual (11,1%). Isso se deve ao fato de que os pacientes geralmente são acometidos por patologias graves, sendo, em sua maioria, manipulados no leito. Miranda e Stancato (2008) relatam que condições de trabalho inadequadas, com esforço físico, podem ocasionar problemas de saúde e gerar distúrbios osteomusculares (DORT), varizes e estresse.

Quando questionados sobre as atividades exercidas além da sua função ocupacional (Figura 4), observou-se que os profissionais divergem entre as opções “algumas vezes” (33,3%) e “muitas vezes” (27,7%), pois, de alguma forma, desenvolver atividades que não são de sua competência causa certo desconforto para esses profissionais.

Questão 7 do questionário aplicado “Desenvolver atividades além da minha função ocupacional”
Figura 4.
Questão 7 do questionário aplicado “Desenvolver atividades além da minha função ocupacional”

Nesse sentido, Silva et al. (2006) afirmam que o profissional precisa ter capacidade para administrar, planejar e executar tarefas de sua competência, sem designá-las a terceiros, pois pode comprometer a qualidade da assistência prestada ao paciente, à equipe e a toda instituição, ademais de gerar uma sobrecarga de trabalho para o profissional que executa atividades além de sua função, conduzindo-o ao estresse.

Na Figura 5, abordou-se o fato de o profissional responder por mais de uma função neste emprego, e a maioria dos profissionais (38,8%) afirmou que algumas vezes se estressa, pois, além de ter que se responsabilizar por suas funções, ainda acaba respondendo por funções aleatórias. Conforme Bezerra et al. (2012), o deficit de profissionais ocasiona a improvisação, o que afeta diretamente a rotina de trabalho, pois algumas vezes, os profissionais que atuam nesta unidade acabam tendo que exercer tarefas com rotinas aceleradas, fazendo com que eles tenham multifuncionalidade, ocasionando, assim, um estresse por sobrecarga de trabalho, desmotivação e frustração por não conseguirem executar todas as tarefas.

Questão 8 do questionário aplicado “Responder por mais de uma função neste emprego”
Figura 5.
Questão 8 do questionário aplicado “Responder por mais de uma função neste emprego”

Abordados acerca do fato de terem que cumprir na prática uma carga horária maior, um elevado percentual de profissionais questionados (44,4%) afirmou que nunca se estressou com isso. Esse resultado pode estar relacionado ao fato de que um pequeno percentual de profissionais possui outro vínculo empregatício (Tabela 1), o que ajuda a evitar um desgaste emocional nesses indivíduos. Em contrapartida, Silveira et al. (2009) constatam que uma carga horária elevada acarreta desequilíbrio biopsicofisiológico, ocasionando danos à qualidade de vida e um maior desgaste de energia por terem que executar uma carga horária que excede seus limites, prejudicando suas vidas social e familiar, consequentemente, desencadeando o estresse.

Ao fazer uma análise dos dados obtidos sobre administrar ou supervisionar o trabalho de outras pessoas (Figura 6), evidenciou-se que a parte majoritária dos profissionais que participaram deste questionário (38,8%), nunca se estressa, o que se deve ao fato de que a questão abordada é de competência e designação desses profissionais. De acordo com Inoue e Matsuda (2010), tomar decisões imediatas e adaptar condutas seguras a serem implementadas por outros profissionais é uma fonte de tensão e estresse, visto que a falha dessas execuções está diretamente ligada ao risco eminente de morte do paciente.

Questão 10 do questionário aplicado “Administrar ou supervisionar o trabalho de outras pessoas”
Figura 6.
Questão 10 do questionário aplicado “Administrar ou supervisionar o trabalho de outras pessoas”

Em relação à conciliação das questões familiares com as profissionais, a maioria dos profissionais (66,6%) afirma que nunca se estressa ao ser abordado sobre conciliarem as questões familiares com as profissionais. Infere-se que esse resultado pode estar relacionado aos profissionais saberem distinguir os problemas pessoais dos problemas profissionais, contextualizando cada problema ao seu devido ambiente.

Nesse contexto, Guido et al. (2011) expõem a estratégia de coping, a qual tem como característica o esforço cognitivo e comportamental dos indivíduos para minimizar, suportar e encarar os fatores estressores, utilizando como fuga as aptidões pessoais, as crenças, o lazer e a saúde de cada indivíduo.

Ademais, evidenciou-se que a falta de material necessário ao trabalho acarreta um alto nível de estresse desses profissionais. Esse resultado pode ser nitidamente constatado, já que uma parcela significativa dos profissionais de saúde apontou que “muitas vezes” (38,8%) e “sempre” (27,7%) esse questionamento é motivo de estresse, considerando-se que com a falta de recursos materiais não se tem como prestar um serviço de qualidade, prejudicando, assim, uma boa assistência de enfermagem.

Em concordância, Oliveira e Pedrosa (2010) afirmaram que a falta de materiais adequados ao trabalho também é um fator estressante, pois a escassez de material gera uma assistência limitada, além de causar aos profissionais um sentimento de impotência e frustração. Sem contar que eles terão de buscar por esses materiais em outros setores, gerando um desgaste físico e mental a esses profissionais.

Com ênfase, como mostra a Figura 7, manter-se atualizado é, em sua grande maioria, um fator que nunca desencadeia estresse para os profissionais questionados (61,1%). Tal resultado ocorre, pois a instituição onde ocorreu esta pesquisa promove educação continuada dentro das possibilidades de horário de cada profissional e mantém todos esses funcionários atualizados com normas, rotinas e protocolos, dando, assim, melhor qualidade de assistência e fazendo com que o serviço flua sem estresse.

Guido (2003) afirma que profissionais de saúde têm a necessidade de manterem-se atualizados, em relação à crescente tecnologia e à qualidade da assistência prestada aos pacientes. Nesse caso, à medida que o profissional está desatualizado ou não consegue acompanhar as mudanças tecnológicas para melhor desenvolver seu trabalho, acaba desencadeando o estresse.

Questão 13 do questionário aplicado “Manter-se atualizado (a)”
Figura 7.
Questão 13 do questionário aplicado “Manter-se atualizado (a)”

Em relação à falta de recursos humanos (Figura 8), verificou-se que esse é um fator que “algumas vezes” (38,8%) compromete a assistência desses profissionais, o que pode gerar uma sobrecarga de trabalho, já que eles acabam tendo que se desdobrar e executar várias tarefas simultâneas, comprometendo, assim, a assistência aos pacientes e acarretando um estresse.

Questão 14 do questionário aplicado “Falta de recursos humanos”
Figura 8.
Questão 14 do questionário aplicado “Falta de recursos humanos”

Em concordância, Coronetti et al. (2006) relatam que a falta de recursos humanos gera uma sobrecarga de trabalho, pois exige desses profissionais uma capacidade física e emocional maior, causada devido ao número insuficiente de enfermeiros e auxiliares de enfermagem, gerando assim um cansaço físico e emocional a esses profissionais.

Referindo-se a trabalhar com pessoas despreparadas, os percentuais apontam que 38,8% “nunca” se estressam. Esse resultado, pode estar relacionado ao fato de que a instituição onde se deu a pesquisa só contrata profissional por meio de processos seletivos, e exige experiência profissional de no mínimo um ano. É interessante observar que esse resultado está de acordo com os dados evidenciados na Figura 7.

Segundo Ferreira (1998), um bom desempenho profissional tem a ver com o tempo de trabalho, pois um profissional mais antigo na área tem mais segurança técnica e maior facilidade no controle de situações críticas, inclusive ao lidar com a falta de recursos humanos.

Averiguando se trabalhar em instalações físicas inadequadas é um fator de estresse, verificou-se que 38,8% dos profissionais responderam afirmativamente que “algumas vezes” e 18% afirmaram que “sempre” é um fator estressante, pois afeta direta e indiretamente todas as pessoas que estão dentro daquelas instalações. Já 8% dos profissionais responderam que “nunca” é um fator estressante. Ressalta-se que a UTI é um setor extremamente cauteloso onde qualquer falha pode custar uma vida.

Segundo Bianchi (2000), o estresse no ambiente de trabalho é causado por diversos fatores, uma vez que o mesmo não está em um ambiente físico adequado ou encontra fatores que o estressem, o que pode ocasionar um sentimento de insatisfação, desinteresse e frustração, além de comprometer a saúde desses profissionais.

Como constatado na Figura 8A, fazer turnos alternados de trabalho é um fator que, em sua maioria, nunca estressa os profissionais, pois eles, em sua maioria, trabalham apenas em um turno fixo, em uma mesma instituição, com o piso salarial adequado, além de ser de acordo com o seu superior o horário que melhor é favorável ao servidor.

(A) Questão 17 do questionário aplicado “Fazer turnos alternados de trabalho”. (B) Questão 18 do questionário aplicado “Trabalhar em horário noturno”
Figura 8.
(A) Questão 17 do questionário aplicado “Fazer turnos alternados de trabalho”. (B) Questão 18 do questionário aplicado “Trabalhar em horário noturno”

Embora não seja o caso dos profissionais questionados acima, Santos et al. (2010) acrescentam que, na maioria das instituições, muitos trabalhadores acabam tendo que possuir um duplo vínculo empregatício, o que se justifica pelo salário recebido ser abaixo do piso salarial, e essa situação acaba gerando um desgaste, além de um prejuízo na vida social desse trabalhador.

Nessa perspectiva, trabalhar em horário noturno nunca é um fator estressante para a maior parte dos profissionais de saúde (50%) conforme mostra a Figura 8B. Isso remete à questão de receber o adicional noturno e de ter horário de descanso, sendo assim, um horário mais tranquilo.

Contradizendo, Dalri et al. (2010) dizem que o trabalho em horário noturno não proporciona uma boa qualidade de vida aos profissionais, pois pode gerar fatores estressores como noites de sono mal dormidas, mudanças de humor, insônia, dentre outros, ocasionando um risco de má qualidade de assistência ao paciente e a má qualidade de vida dos profissionais, trazendo, então, danos à vida social do trabalhador.

Vasconcelos et al. (2018) também pontuam que a chance desses profissionais que trabalhavam no turno da noite apresentarem os sintomas de depressão era 1,48 (OR) vezes maior que a chance dos profissionais do turno diurno. Estudos realizados com trabalhadores de enfermagem que atuavam em UTI evidenciaram que a prevalência da sintomatologia depressiva é mais elevada nos profissionais que atuavam no turno da noite e que existia associação significativa entre a sintomatologia depressiva e o turno de trabalho (VARGAS et al., 2011; SILVA et al., 2015), resultado contraditório ao desta pesquisa.

Houve uma divergência de opiniões acerca de trabalhar em ambiente insalubre, pois uma justificativa plausível para esses profissionais terem marcado a opção “nunca” e “raramente” seria que, apesar de a instituição disponibilizar equipamentos de proteção individuais (EPI) e realizar palestras educativas de prevenção de acidentes de trabalho, o setor da UTI, em si, constitui-se em um setor altamente de risco.

De acordo com Gallo e Hudak (1997), entre os ambientes hospitalares, a UTI é considerada como o mais tenso, traumatizante e agressivo, pois, além da intensa rotina de trabalho, os profissionais estão sujeitos a riscos constantes, tanto por contágio de doenças graves, quanto de lidar com pacientes em isolamento, além de correrem o risco de acidentes com materiais perfurocortantes e terem de suportar os ruídos intermitentes dos monitores. Já Miranda e Stancato (2008) afirmam que a falta de precaução, do uso de equipamentos adequados ao trabalho e a falta de treinamento da equipe pode resultar em acidentes e transmissão de doenças infectocontagiosas.

Em todos os setores de trabalho, pode-se constatar certo clima de competitividade, sendo que nessa questão abordada no questionário foi obtida uma divisão de opiniões: 27,7% disseram que “nunca” se estressam com esse clima de competitividade, já outros profissionais entrevistados afirmam que “raramente” (20%), “algumas vezes” (20%) e “sempre” (20%) são afetados com esse duelo. Esse resultado pode estar associado ao fato de os profissionais que trabalham nessa UTI serem pessoas com perfil mais calmo, paciente e centrado. Todavia, não se pode negar que há essa divergência de opiniões sobre a intensidade com que a competitividade é um fator estressante ou não dentro do ambiente analisado, até porque em qualquer setor é possível que haja certo atrito em relacionamentos interpessoais.

Segundo Valente e Martins (2010), trabalhar em situações nas quais se realizam procedimentos em tempo ágil para salvar vidas, em um ambiente com pacientes graves, pode gerar conflitos, pois as atividades têm que ser desempenhadas em tempo hábil, destacando-se os profissionais que melhor cumprem suas tarefas, o que pode causar, assim, um clima de tensão e estresse. Nessa perspectiva, evidenciou-se que o relacionamento com a equipe de trabalho (Figura 9) raramente é fator de estresse (38,8%), visto que a equipe da unidade pesquisada é bem entrosada e tem um bom relacionamento. Segundo Montanholi et al. (2006), a maior dificuldade é trabalhar em equipe, pois a falta de camaradagem, de compromisso com o próximo, a ausência de cooperação e o desinteresse pela equipe de trabalho podem causar estresse e dificultar a assistência prestada.

Prestar assistência a pacientes graves “nunca” (40%) ou raramente (35%) causa estresse aos profissionais que nesta instituição trabalham, pois, além da UTI ser o setor de pacientes graves, esses profissionais são capacitados para atuar com destreza e profissionalismo em todas as situações. Em coerência aos resultados observados, Camelo e Angerami (2007) relataram que o enfermeiro de UTI, por prestar assistência a pacientes críticos, acaba aprimorando seus conhecimentos e técnicas, além de se envolver e, com isso, fortalecer a relação com o paciente, o que acaba contribuindo para uma boa assistência de enfermagem.

Sobre atender familiares de pacientes, ocorreu uma divergência de opiniões, pois um percentual maior de profissionais afirmou que esse fator é “raramente” (25%) estressante, enquanto alguns profissionais afirmaram que “nunca” (20%) e “sempre” (20%) e “algumas vezes” (20%) este seria um fator estressante. Na maioria das vezes, há pouco contato entre a família e os profissionais desse setor, o que não impede que ocorram eventuais estresses de alguma forma.

Questão 21 do questionário aplicado “Relacionamento com a equipe de trabalho”
Figura 9.
Questão 21 do questionário aplicado “Relacionamento com a equipe de trabalho”

Segundo Leite e Vila (2005), um bom relacionamento do enfermeiro com a família do paciente facilita a participação desse profissional no tratamento. Além disso, é preciso ter uma reformulação referente às normas e rotinas das instituições, principalmente no que diz respeito aos horários de visita, o tempo de permanência dos familiares junto ao paciente e o modo como é fornecida a informação para os familiares.

Em relação à execução de procedimentos rápidos, observou-se que raramente este é um fator desencadeador do estresse (50%). Alguns profissionais afirmaram que este “nunca” (20%) foi considerado um fator de estresse, pois os profissionais são treinados e capacitados para tal situação.

Nesse sentido, Martino e Misko (2004) afirmam que o perfil emocional do enfermeiro que trabalha em uma UTI é abalado no decorrer do plantão, pois há exigência de um grau elevado de habilidades e a necessidade de respostas imediatas em um curto prazo, no qual, por decorrência dos imprevistos e das emergências, pode ocorrer desgaste emocional e estresse.

Vasconcelos et al. (2018) afirmam que o enfermeiro de UTI atende a muitos pacientes de alta complexidade diariamente, resultado, na maior parte das vezes, do insuficiente número de funcionários. O excesso de tarefas por sujeito demanda sua aceleração ao realizar as atividades, diminuição do tempo de pausa e um aumento na quantidade das relações interpessoais. Isso predispõe esses profissionais ao adoecimento devido ao estresse.

No que se diz respeito a ter um prazo curto para cumprir ordens, houve uma discordância de opiniões, sendo que a maioria tende ao fato de aceitar e ter uma agilidade para cumprir ordens, o que foi possível inferir ao se observar os resultados mostrados na Figura 10A. Uma explicação para esse fato é que são profissionais que são treinados para serem ágeis, porém ter um curto prazo para cumprir tarefas sempre é um fator relevante para gerar estresse. Compactuando com a ideia de que a restrição de autonomia profissional (Figura 10B) é um fator que raramente estressa os profissionais (27,7%), é interessante relatar que cada profissional tem sua responsabilidade, sua incumbência de funções e tarefas a serem realizadas, e com isso nenhum profissional ultrapassa o limite do outro.

Segundo Negeliskii e Laurente (2011), quando se tem o trabalho reconhecido, sabe-se exatamente quais são as suas atribuições e se tem a autonomia para executá-las, além de possuírem uma educação continuada, a fim de valorizar o serviço do trabalhador, contribui-se para ocasionar um fator que beneficia a saúde do trabalhador contra o estresse.

(A) Questão 25 do questionário aplicado “Ter um prazo curto para cumprir ordens”. (B) Questão 26 do questionário aplicado “Restrição de autonomia profissional”
Figura 10.
(A) Questão 25 do questionário aplicado “Ter um prazo curto para cumprir ordens”. (B) Questão 26 do questionário aplicado “Restrição de autonomia profissional”

Constatou-se que a interferência de política institucional no trabalho (Figura 11A) é um fator que sempre estressa os profissionais que nela atuam, pois, além de terem que atuar em suas respectivas funções, sempre ocorre uma ordem institucional que foge ao protocolo da instituição. Em concordância, Moreno et al. (2011) acrescentam que a falta de flexibilidade das instituições, assim como a exigência a que os profissionais são submetidos, podem possivelmente abalá-los psicologicamente, por gerar insatisfação e ansiedade, que acabam afetando as relações interpessoais, podendo levar o profissional a um quadro depressivo e de estresse.

(A) Questão 27 do questionário aplicado “Interferência de política institucional no trabalho”. (B) Questão 28 do questionário aplicado “Sentir-se impotente diante de tarefas a serem realizadas”
Figura 11.
(A) Questão 27 do questionário aplicado “Interferência de política institucional no trabalho”. (B) Questão 28 do questionário aplicado “Sentir-se impotente diante de tarefas a serem realizadas”

Conforme a Figura 11 B, sentir-se impotente diante de tarefas a serem realizadas é um fator que raramente desencadeia o estresse (33,3%), visto que os mesmos são capacitados para tais tarefas, e a rotina do dia a dia acaba tornando cotidiana essa função. Em contrapartida, Afecto e Teixeira (2009) levam em consideração que a UTI é um setor acometido de patologias graves e de suporte tecnológico, onde muitas vezes o profissional de enfermagem acaba tendo um envolvimento sentimental por esses pacientes críticos, o que gera uma sensação de impotência e de derrota, deixando esse profissional irritado, deprimido e desapontado.

Quando se refere ao fato de se responsabilizarem pela qualidade de serviço que a instituição presta, verificou-se que a maioria dos profissionais “raramente” (44,4%) e “nunca” (18%) se sentem responsáveis pelas condições de trabalho que lhes são ofertadas pela gestão hospitalar. Em concordância, a Organização Nacional de Acreditação (ONA, 2010) relata que, quando a instituição não segue o critério técnico padronizado de implementação de recursos materiais, de forma a planejar suas aquisições conforme critérios preestabelecidos, isso gera nos profissionais uma desmotivação, pois não há um planejamento de recursos e organização, gerando, assim, um fator estressante e desmotivante ao profissional.

Quando se fala sobre o nível de barulho e ruído em uma unidade hospitalar, geralmente se remete à ideia de que este se configure em um fator estressante. Especificamente no ambiente da UTI, onde este barulho é contínuo e intermitente, os profissionais afirmaram que “muitas vezes” (35%), “sempre” (18%) ou “algumas vezes” (10%) se constitui em um desencadeador de estresse nos profissionais. Marrisson et al. (2003) afirmam que ruídos sonoros emitidos por alarmes integrados aos modernos equipamentos de uma UTI estão correlacionados ao estresse, causando sérios danos à saúde do profissional, tais como: taquicardia e problemas relacionados ao desempenho cognitivo dos profissionais que nessa unidade atuam.

Quanto à escolha da especialidade em que trabalham os profissionais participantes do estudo, uma grande maioria desses profissionais afirmou que nunca se estressa (55,5%) e uns poucos profissionais disseram que “raramente” (20%) se estressam. É interessante observar que quando o profissional escolhe sua profissão de acordo com o que realmente deseja, trabalha-se com muito profissionalismo e amor ao próximo.

Camelo (2012) percebeu que o profissional de enfermagem possui muitas competências, dentre elas está a habilidade para tomar decisões, a eficiência, a eficácia e também o instinto de liderança, porém, com tantas qualidades em um só profissional, pode haver conflitos de insegurança de outros profissionais, ocasionando o estresse.

Quando se questionou acerca do salário recebido, ou seja, acerca dos profissionais de saúde estarem satisfeitos com o valor recebido por seus serviços, 61,1% afirmaram que “nunca” se estressam com isso, sendo esse resultado plenamente plausível pelo fato de se tratar de uma instituição pública com o piso salário de acordo com a classe e carga horária. Segundo Rodrigues e Ferreira (2011), a satisfação do profissional com o trabalho pode ter relação com a realização do mesmo, pois um profissional satisfeito com seu salário, e com a equipe, e o ambiente em que trabalha será menos propenso a ter estresse.

Quando se questionou acerca do enfrentamento da morte dos pacientes, verificou-se que a maior parte dos profissionais afirmou que raramente este é um fator estressante (56%), visto que eles tratam com naturalidade a morte e a encaram como um processo natural e habitual dentro do setor de UTI. Tal resultado está coerente com o evidenciado na questão 5, na qual se constatou que os profissionais não sentem desgaste emocional com o trabalho, apesar de lidarem constantemente com o processo vida/morte. Em contrapartida, Leite e Vila (2005) relatam que ao lidar com a morte os profissionais podem ter dificuldades, pois ela dá ideia de impotência, sofrimento e perda, consequentemente, acaba abalando o emocional desses profissionais podendo desencadear o estresse.

Por ser um setor fechado, o relacionamento com outras unidades é mais restrito, isso justifica o fato de que 38% desses profissionais marcaram que “nunca” e 25% disseram que “raramente” se estressam com o relacionamento com outras unidades. Nesse sentido, Montanholi et al. (2006) salientaram a capacidade do enfermeiro de gerenciar e supervisionar, verificando que ele tende a promover a harmonia assim como interagir com a sua equipe, tendo um bom relacionamento interpessoal com a equipe de outros setores, e, com isso, acarretando um fator de proteção contra o estresse.

Logo, é possível observar quais fatores são considerados como desencadeadores de estresse dentro da UTI do Hospital analisado. É perceptível que, apesar da UTI ser considerada, geralmente, um setor altamente estressante, na instituição de saúde analisada, este setor não propicia fatores altamente estressantes, como pode ser verificado ao longo dos questionamentos feitos aos profissionais de saúde que atuam nesse setor.

Esse não é um resultado comum, visto que, geralmente, os enfermeiros de UTI sofrem influência contínua de diversos estressores do ambiente de trabalho, como: carga horária fatigante, quadro de funcionários reduzido e a complexidade dos procedimentos. Devido ao trabalho exaustivo e tenso, esses profissionais estão mais propensos a desenvolver o estresse ocupacional, que é um importante fator determinante da depressão e do Burnout. A Síndrome de Burnout ocorre quando o estresse relacionado ao trabalho extrapola os níveis adaptativos, sem um efetivo enfrentamento, e se torna crônico. Essa é uma doença predominante nas profissões que lidam com pessoas e surge como consequência das relações interpessoais e organizacionais.

Segundo Vasconcelos et al. (2018), a prevalência de enfermeiros de UTI com a síndrome de Burnout é elevada, e acredita-se que exista associação significativa com a sintomatologia depressiva. Sendo assim, é imprescindível pesquisas que não só apontem os fatores estressantes, mas que desenvolvam a análise de pontos relevantes de reflexão e a elaboração de programas de saúde ocupacional, como na instituição onde esta pesquisa foi realizada, para prevenir e detectar essas doenças nos enfermeiros de UTI.

4 Conclusões

A UTI é um setor tenso e que requer muita habilidade, agilidade e competência, onde o profissional que ali trabalha tem que estar capacitado, mantendo-se em constante atualização e trabalhando com disposição e amor ao próximo, com a intenção de fazer um atendimento de qualidade para contribuir no quadro de pacientes críticos.

Foi possível constatar que, no geral, os profissionais de saúde que atuam na UTI de um Hospital no Município de São José dos Calçados/ES não apresentaram um nível elevado de estresse. Tal fato se justifica pela satisfação desses profissionais com as condições de trabalho oferecidas pela instituição, a qual, entre outros fatores, propicia um piso salarial adequado, não sendo necessário que a maioria dos profissionais tenha outro vínculo empregatício, o que os deixa menos estressados. Porém, um fator que se destacou foi que a maioria desses profissionais fica muito estressada com o envolvimento da política institucional no trabalho.

O nível de ansiedade e tensão provocado, sobretudo pela elevada responsabilidade que a enfermagem enfrenta em seu cotidiano profissional, ocorre devido às consequências desse processo, tais como: ambiente extremamente seco, refrigerado, fechado, iluminação artificial, ruído interno contínuo e intermitente, inter-relacionamento constante entre as mesmas pessoas da equipe durante o turno, bem como a exigência excessiva de segurança, respeito e responsabilidade com o paciente, garantindo a qualidade da assistência. Contudo, é um trabalho desgastante, que exige jornada de trabalho extensa e, muitas vezes, por ter pouco número de funcionários de acordo com os leitos, para dar uma qualidade de assistência, gera uma sobrecarga de trabalho.

Desse modo, quando a equipe de enfermagem está em sintonia e todo o andamento do serviço flui em harmonia, pode-se perceber uma forma positiva de amenizar o nível de tensão e estresse, podendo, assim, obter mais qualidade de vida no labor desses profissionais.

Agradecimentos

À Faculdade Metropolitana São Carlos (FAMESC) pelo incentivo para o desenvolvimento desta pesquisa.

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Notas de autor

1 Bacharel em Enfermagem pela Faculdade Metropolitana São Carlos (FAMESC) – Bom Jesus do Itabapoana/RJ – Brasil. E-mail: bianca_19_campos@hotmail.com.
2 Bacharel em Enfermagem pela Faculdade Metropolitana São Carlos (FAMESC) – Bom Jesus do Itabapoana/RJ – Brasil. E-mail: tec.edmar@hotmail.com.
3 Doutora em Produção Vegetal com ênfase em Química de Alimentos na Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF). Docente na Faculdade Metropolitana São Carlos (FAMESC) – Bom Jesus do Itabapoana/RJ – Brasil. E-mail: clara_biol@yahoo.com.br.
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