Este ensaio fala sobre a poesia de Ana Cristina Cesar focando diversos ângulos: a ficcionalização do eu, a apropriação de textos alheios (“vampiragem”) e o pacto com o leitor. Ana C. disfarça a mistura entre (auto)biografia e ficção de modo que a fronteira entre o fingido e o vivido torna-se fluida. Percebe-se que o texto-colagem da poeta instaura um sujeito estilhaçado, uma memória construída a partir da subjetividade fincada no corpo da linguagem, o que instiga o leitor a agir como “cão de caça”, diante desse “eu” que assume ser “fiel aos acontecimentos biográficos”, validando o pacto autobiográfico teorizado por Philippe Lejeune.