Entre o indivíduo e a nação: memória e esquecimento em “O filho da mãe”, de Bernardo Carvalho
Resumo
Uma das constantes da obra de Bernardo Carvalho, por certo, é a investigação do passado compreendido como lacunar em que a memória pessoal torna-se terreno inseguro e incapaz de oferecer uma imagem unificadora dos diversos relatos dos personagens. Em O Filho da mãe, o autor cria personagens atravessados pela história de guerras que constitui a União Soviética e, que mais tarde, infligiu às repúblicas independentes não somente a miséria e a morte, mas a marca indelével de ser o “outro”, o não-desejado, o que deve ser apagado da memória e do território imemorial da velha Rússia. É nesse sentido, na contra-mão dos romances históricos, que Carvalho propõe desde o princípio da leitura novas formas de se lidar com a memória e o esquecimento, para, quem sabe, esses sujeitos à margem consigam sobreviver, por mais um dia, no intervalo entre a lembrança de quem são e a tentativa de apagar suas próprias identidades para seguir em frente. O presente artigo investiga, por um lado, os diversos conflitos entre os planos históricos e ficcionais, dispostos no romance, e de que forma, a própria ficção trabalha com o sentido de deslizamento das categorias de memória e esquecimento para construir um espaço libertário em que certos personagens tendem a escapar de definições essencialistas. Por outro lado, tomando como eixo teórico, autores como Walter Benjamin e Benedict Anderson, pretende-se discutir a importância da memória, e também do esquecimento, com o intuito de camuflar a crise da Nação moderna, como retratada por Carvalho.Downloads
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16-02-2012
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Comunicações