A criação da Essentia Editora no CEFET Campos

 

A criação da Essentia Editora no CEFET Campos[*]

Maria Amelia Ayd Corrêa

Docente aposentada do IFFluminense

 

  1. Como surgiu a ideia de criar uma editora na instituição?

A ideia era antiga. Que eu tenha conhecimento, no período mais recente da história da instituição, a primeira intenção de criar uma editora na Escola Técnica Federal de Campos (ETFC) – a partir de 1999 Centro Federal de Educação Tecnológica de Campos (CEFET Campos) – foi do Diretor Roberto Moraes, que dirigiu a instituição no período de 1994 a 2000, pois tínhamos alunos produzindo trabalhos literários que esperavam publicá-los, assim como docentes que desejavam publicar suas produções acadêmicas frutos de mestrados e mesmo materiais didáticos, além da necessidade de ter-se um espaço em si para discussão de ideias. Mesmo antes da criação da Essentia Editora, pôde-se identificar algumas publicações da instituição.

Durante a gestão do Prof. Roberto Moraes, em 1997, quando a escola completava 88 anos, iniciou-se a publicação de um periódico, a revista Vértices, que é a publicação periódica mais antiga da então ETFC. Em seu primeiro número era definida como “Publicação de divulgação técnico-cultural da Escola Técnica Federal de Campos” e, no momento da criação da Essentia, em 2006, contava com 13 números.

Em tempos recentes, em 1999 o CEFET Campos publicou o livro Poesia em jalecos de Escola Técnica, de autoria dos alunos Daniel Gil e Bruno Cosendey. Obra de caráter poético e que já demonstrava o potencial do corpo discente da instituição. Ainda em 1999 foi publicada a revista Oficina em quadrinhos, produção da Oficina de Artes Plásticas da Coordenação de Linguagens e Códigos (COLINCO), destinada à divulgação de trabalhos realizados por alunos do Projeto Arte Sequencial, da qual identificou-se a publicação de três números até 2006 (ano de criação da Essentia).

Em 2003, outro periódico da instituição teve sua publicação iniciada: a revista Cayana, sobre arte e cultura, produzida pelo Laboratório Experimental de Design Gráfico, também contando com três números quando da criação da Essentia.

Em 2004 o CEFET Campos lançou-se na arena da publicação de obras acadêmicas por meio do livro Economia e desenvolvimento do Norte Fluminense: da cana-de-açúcar aos royalties do petróleo. Organizado pelos docentes Roberto Moraes Pessanha e Romeu e Silva Neto, é fruto do trabalho realizado pelo Núcleo de Estudos em Estratégia e Desenvolvimento (NEED) e pelo Observatório Econômico da Região Norte Fluminense. Contando com a participação de pesquisadores de outras quatro instituições (UENF, UFF, UNIVERSO e UFRRJ), a obra possui 9 capítulos e 365 páginas. Para sua editoração houve parceria com a WTC Editora e apoio da Caixa Econômica Federal.

Em 2005 o CEFET Campos publicou o livro Campos dos Goytacazes: uma cidade para todos - análises e resoluções da Conferência Municipal em 2003 e subsídios para a 2 Conferência em 2005, de organização do Prof. Roberto Moraes Pessanha.

Havia falta, no entanto, na instituição, de uma profissionalização de suas publicações. Assim, a criação da editora foi concretizada na gestão do Diretor Luiz Augusto Caldas Pereira que, no final da tarde do dia 23 de dezembro de 2005, uma sexta-feira, em uma conversa em seu gabinete, solicitou a mim, que era à época Editora-chefe da revista Vértices (função que ocupei de 2004 a 2009), e à Prof Edinalda Almeida, que atuava como Revisora de Texto, que implantássemos uma editora no CEFET.

Comecei a trabalhar na proposta a partir de 2 de janeiro de 2006, tendo sido nomeada Editora-chefe da Essentia Editora a partir dessa data e, em 27 de maio de 2006, um sábado à noite da programação da IV Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes, evento organizado pela Prefeitura Municipal e que à época ocorria no Parque de Exposições da Fundação Rural de Campos, lançamos o primeiro livro intitulado Educação Profissional e Tecnológica: memórias, contradições e desafios, organizado pelo Prof. Gaudêncio Frigotto, com 12 capítulos distribuídos em 449 páginas. O material que integrou o livro foi fruto das pesquisas realizadas por servidores do CEFET Campos, a partir do Curso de Pós-graduação em Educação/Mestrado, ofertado pela Universidade Federal Fluminense.

Durante os quatro anos iniciais da editora, que foram seus anos de implantação e consolidação, e também foram os anos em que estive à frente da editora, foi-nos possível publicar: um livro em parceria com a PETROBRAS; uma cartilha em parceria com FURNAS Centrais Elétricas S.A.; três livros por meio de prestação de serviços para a comunidade externa. Além disso, regularizou-se a publicação periódica da Vértices que estava atrasada há anos e tentava-se atualizar; iniciou-se a publicação de novo periódico, o Boletim do Observatório Ambiental Alberto Ribeiro Lamego, do qual publicaram-se vários números; publicaram-se em formato impresso e/ou eletrônico anais de seis eventos acadêmicos; o PDI institucional, etc., além de várias obras, fechadas ou periódicas, deixadas em processo de editoração.

Ocupei a função de Editora-chefe até 24 de abril de 2009, quando solicitei liberação, por discordâncias em relação a encaminhamentos dados pela Reitoria do já Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense. Por solicitação da Reitora, que pediu que eu sugerisse alguém para dar continuidade ao trabalho, indiquei para ocupar a função de Editora-chefe a Bibliotecária Inez Barcellos Andrade, que durante minha gestão havia me auxiliado em questões de biblioteconomia e a quem eu via com condições de assumir a tarefa. A partir de então, atuei apenas no Conselho Editorial até o ano de 2018, quando me aposentei. Registro ainda que, após a gestão de Inez Andrade, a Essentia passou pela gestão da servidora Kíssila da Conceição Ribeiro e do docente Adriano Carlos Moura. Atualmente, refletindo novos tempos, a Essentia atua num sistema mais colegiado.

 

  1. Como foi recebida a proposta pela comunidade? E quais foram as maiores dificuldades?

A comunidade também considerou uma excelente ação, que vinha atender a demanda antiga, que se ampliava, com cada vez um maior número de servidores concluindo seus mestrados e doutorados e a implantação de mais cursos de nível superior na instituição. Cresceu a publicação de artigos na revista Vértices, novos periódicos foram sendo criados, e muitos eram os docentes que procuravam a editora para possível publicação de seus trabalhos.

Buscou-se integrar a editora à comunidade, por meio da divulgação de seu trabalho junto a bienais do livro, feiras e conferências, em nosso município e noutros, inclusive na capital Brasília; fomos convidados a compor Conselhos Editoriais de obras publicadas pela SETEC e participou-se de reuniões constituídas pela mesma com o objetivo de articular as editoras dos CEFETs; organizaram-se mesas redondas para discutir as obras publicadas; criou-se um site para a editora, vinculado ao do CEFET Campos, no qual disponibilizaram-se os livros e os periódicos com ISSN eletrônicos próprios; criaram-se banners e folders de divulgação das obras e da editora, inclusive em Língua Inglesa, que eram sempre levados por servidores que fossem participar de alguma atividade no exterior para que lá divulgassem; elaboraram-se vários releases para a imprensa campista e regional; estabeleceu-se contrato de consignação com as três mais conhecidas livrarias da cidade para divulgação e venda das obras, criou-se uma mala direta com várias instituições de ensino, pesquisa e gestão para distribuição gratuita de periódicos, conversou-se muito com servidores e pessoas da comunidade que buscavam a editora para publicarem seus trabalhos etc.

Há que se registrar, no entanto, uma certa dificuldade de entendimento de qual o verdadeiro papel de uma editora acadêmica, posto termos visto gestores defendendo em reuniões que todo o serviço que fosse ser impresso no CEFET Campos seria de responsabilidade da editora, confundindo-se a editora com uma gráfica, quando sequer possuíamos um parque gráfico próprio. Assim, inadequadamente, por alguns anos, imprimiram-se páginas coloridas para as comunidades interna e externa, aproveitando a impressora colorida da editora, como serviço prestado e cobrado; criaram-se cartazes para eventos institucionais e convites e folders para setores da instituição; criaram-se cartões de natal para a instituição; calendários letivos em diferentes suportes para distribuição junto à comunidade tanto do Campos Centro como de outras unidades; imprimiram-se certificados de eventos etc. Por certo muitas dessas atividades não cabem a uma editora acadêmica e a consideração por parte de gestores que ela deveria executá-las expressa a falta de compreensão de sua função e a dificuldade de estabelecimento da identidade de uma editora em um CEFET/IF.

Um outro desafio foi a falta de pessoal qualificado para a tarefa na instituição e em nosso município, pois não tínhamos profissionais com larga experiência ou profissionalização no processo de editoração de livros e periódicos. Assim, montar a equipe foi e continua sendo um processo delicado. Outro problema deste advindo é que tudo ficava dependendo da Editora-chefe que era quem possuía alguma experiência em editoração e publicação de obras, mas que, além de atuar na editora, ministrava aulas regularmente e não possuía Dedicação Exclusiva, pois atuava em outras instituições de ensino superior. Registre-se, pois, a importância de ter-se encontrado funcionários dedicados e competentes como o Designer André da Silva Cruz e a assistente de editoração Cláudia de Souza Caetano, que desenvolveram suas funções com seriedade e responsabilidade inquestionáveis e foram incansáveis no desempenho de suas funções.

Também houve e há a dificuldade de acesso a verbas para publicação das obras. Por exemplo, para a publicação da primeira obra, Educação Profissional e Tecnológica: memórias, contradições e desafios, estabelecemos parceria com a PETROBRAS, elaboramos o projeto dentro dos parâmetros dessa empresa participando de reuniões e elaboração de relatórios ao mesmo tempo em que realizávamos a editoração da obra. Da mesma forma estabelecemos parceria com essa empresa para viabilizar a publicação da revista Vértices n. 9 1/3, número especial de 10 anos desse periódico. Como não havia rubrica institucional, buscávamos parte das verbas em parcerias.

A venda da produção se apresentava como mais um desafio a ser vencido, pois a venda presencial era dificultada pela questão administrativa e legal da venda de produtos por um CEFET, e mesmo no caso da Fundação CEFET Campos, por motivos contábeis (emissão de nota fiscal, questão da venda por cartão de crédito que era muito demandada para compras realizadas via on line) etc.

Outro caminho foi tentar tornar a própria editora, pelo menos em parte, autosustentável por meio da oferta de seus serviços para o mercado externo ao CEFET Campos. Assim, elaboramos um modelo de contrato para venda em consignação e chegamos, mesmo nos anos iniciais, a prestar serviços nesse sentido, ainda que os valores obtidos nem de perto demonstrassem a possibilidade de reduzir significativamente os custos do CEFET Campos e da Fundação CEFET Campos com a editora.

Outro desafio a ser vencido foi a impressão das obras, pois o investimento em infraestrutura de impressão com qualidade de gráfica não era possível para o CEFET naquele momento e nem para o IF hoje ainda, não apenas pelos altos valores dos equipamentos, mas também porque estes demorariam a ter seus custos pagos, em termos de prestação de serviços. Destaque-se, no entanto, que, por vezes, as gráficas que ganham licitações ou pregões não entregam o material com a qualidade prometida.

Em termos de estrutura organizacional, ainda havia a questão do posicionamento da editora no organograma institucional, já que, ao mesmo tempo que estava vinculada à Diretoria de Pesquisa e Pós-graduação do CEFET Campos, tinha CNPJ e era nome fantasia vinculado à Fundação CEFET Campos.

Em tendo-se que indicar uma insatisfação dentro da comunidade do CEFET Campos, diria o fato de docentes desejarem que a editora publicasse suas apostilas de aula em formato de livro didático, mas sem desejarem trabalhar o material para que chegassem a essa estrutura; não se poderia publicar apostilas produzidas a partir de trechos de outras obras; era necessário que o material a ser publicado fosse original. Acabou o Conselho Editorial definindo, como parte de sua linha editorial, que a editora não publicaria materiais didáticos, livros de poesias e romances naquele momento inicial.

Pode-se afirmar que essas dificuldades permanecem, de uma ou outra forma, até os dias atuais.

 

  1. Qual foi o trâmite institucional para a implantação da editora?

Após o convite inicial do Prof. Luiz Augusto Pereira em finais de 2005, durante o ano de 2006, iniciamos a montagem da editora, com apoio da Fundação CEFET Campos (destaque-se aqui a atuação da servidora Mirian Ribeiro, à época presidente da Fundação), do Conselho Editorial da revista Vértices, até que se implantasse o da editora, e da Diretoria de Pesquisa e Pós-graduação, instância à qual a Vértices estava subordinada e estabeleceu-se que a editora também estaria.

Assim, em uma reunião de Conselho, sugeri e definimos o nome da editora como Essentia Editora, por compreender que esta deveria publicar obras que buscam a essência do conhecimento. Optou-se pela escrita latina, buscando-se enfatizar a perspectiva da busca pelo que é essencial, e original, e gerador, por desejar-se romper com a perspectiva que cada vez mais se espalhava, e ainda se espalha, no mundo acadêmico, de que qualidade de produção é volume de produção. Desta feita, tentava-se ir além da supervalorização do volume de publicações do mundo acadêmico moderno e da volatilidade dos conhecimentos em inícios do século XXI e propor apoiar trabalhos de qualidade.  

Ainda no que se refere ao nome da editora, avaliou-se a questão da pronúncia, mas optou-se por grafar Essentia em latim, e a pronúncia por nós definida na mesma reunião é a pronúncia latina mais próxima da Língua Portuguesa “essência”.

Foram criados os Conselhos Editorial (formado por servidores do CEFET Campos) e Consultivo (formado por especialistas renomados e convidados), a partir dos Conselhos da Vértices, e buscando sua ampliação.

A linha editorial ficou assim definida: “A Essentia Editora propõe-se a contribuir para a divulgação do conhecimento em todas as suas áreas, por meio da publicação de obras individuais e coletivas que discutam temas ligados às principais questões nacionais, especialmente aquelas presentes na região na qual está inserida, a do Norte do Estado do Rio de Janeiro”, ainda que essa linha inicial já tenha passado por alterações.

Registrou-se a editora junto à Biblioteca Nacional.

Em seguida foi criada a assinatura visual da editora (seu logotipo, papéis timbrados etc.), pelo então Designer que atuava na editora, André da Silva Cruz, tendo sido o registro do logotipo feito junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).

O primeiro Estatuto foi aprovado pelo Conselho Superior em 28 de novembro de 2013.

 

  1. Qual foi a estrutura física e o quadro de pessoal da editora no início de suas atividades? Esses recursos foram ampliados posteriormente? Se sim, quais foram as condições para essa ampliação?

 

Iniciamos a Essentia com a infraestrutura que a revista Vértices possuía, qual seja:

a) quanto ao espaço: começamos os trabalhos na própria sala da Diretoria de Pesquisa e Pós-graduação, setor ao qual a Vértices estava vinculada à época, situada no anexo do primeiro andar do Bloco A. Ainda utilizávamos um pequeno espaço da sala de em torno de 1,5 x 1,0m na qual ficavam as instalações do PABX da instituição à época, situada no Bloco A, térreo, debaixo da escada, que passou a ser dividida com a Vértices, para armazenamento do material impresso da revista (números anteriores, etc.);

b) quanto aos equipamentos: um computador, uma impressora em preto e branco e um armário pequeno, que eram da Diretoria de Pesquisa e Pós-graduação; um computador com capacidade para atuar adequadamente com os programas de diagramação, que ficava na sala do Laboratório Experimental de Design Gráfico, no Bloco D; adquirimos os softwares InDesign Adobe, o Novo Dicionário Eletrônico do Aurélio e o Dicionário-enciclopédia Koogan-Houaiss, para modernizar e agilizar a revisão de Língua Portuguesa.

Quanto ao pessoal que atuava diretamente: éramos eu, como Editora-chefe, que atuava coordenando as atividades, além de efetuar a revisão de normas da ABNT (em nenhuma hipótese publicávamos um material sem essa revisão, mesmo os artigos de periódicos, além de, é claro, as revisões de língua vernácula e estrangeira); as Professoras Edinalda Maria Almeida da Silva e Helvia Pereira Pinto Bastos, responsáveis pelas revisões de Língua Portuguesa e Inglesa, respectivamente; o Professor Luiz Claudio Gonçalves Gomes, responsável pelo Laboratório Experimental de Design Gráfico, que orientava a criação de projeto gráfico e diagramação da Vértices, junto a alunos do Curso de Tecnologia em Design Gráfico da instituição, e a servidora técnico-administrativa Conceição de Maria de Assis Rangel, assistente da Diretoria de Pesquisa e Pós-graduação que também nos apoiava nas atividades burocráticas. Importante destacar que as professoras Edinalda e Hélvia não recebiam redução de carga horária para o desenvolvimento de suas tarefas; assim como também não a professora Maria Amelia no que se refere à revisão de normas de ABNT; quanto à função de editoria tinha redução de carga horária de 8h/a nas aulas que ministrava, para estruturar a editora, treinar os funcionários e posteriormente bolsistas, coordenar a publicação das obras e editorá-las.

A expansão do espaço e dos recursos da Vértices deu-se durante o processo de implantação da editora, e seus recursos passaram a ser os mesmos, posto a revista tornar-se uma das publicações da editora.

Durante o ano de 2006, o principal avanço que obtivemos foi uma sala, ainda que minúscula, de apenas 9m2, a sala 25 do Bloco A, térreo, ao lado da boutique da Fundação CEFET Campos, próximo ao ponto eletrônico dos servidores. Nesse espaço editoramos o primeiro livro da editora entre os meses de janeiro e maio de 2006.

Ao final deste, tínhamos de equipamentos e mobiliário:

- 3 computadores com CPU, monitor e estabilizador (1 para a editoria, 1 para o funcionário do apoio administrativo e 1 para a diagramação);

- softwares originais: Corel Draw X3 e Photoshop CS2;

- 1 impressora com estabilizador (HP Colorjet 3.500);

- 1 scanner;

- 1 armário pequeno de ferro;

- 1 armário de madeira;

- 1 mesa de trabalho;

- 2 mesas pequenas para impressora e scanner;

- 4 cadeiras.

No que se refere a pessoal, por meio de processo seletivo, contratamos uma Assistente Administrativa (em janeiro de 2006), que atuava inclusive como copidesque após as revisões de Língua Portuguesa, atuava em toda a parte burocrática da editora e ainda organizava clippings das atividades e notícias sobre a editora na imprensa e arquivos de fotos impressas e digitais dos eventos em que a editora esteve presente, fazia o controle do fluxo de artigos entre os revisores, colaborava na elaboração de relatórios anuais apresentados ao Conselho Editorial, com o objetivo de, ao mesmo tempo em que se construía a editora, se guardassem registros para sua memória, e organizou a mala direta da editora com centenas de instituições etc. E em julho contratou-se um Programador Visual, que cuidava dos projetos gráficos e da diagramação das obras. A remuneração dos dois funcionários era efetuada pela Fundação CEFET Campos, mas era bem aquém do desejado, tendo havido momento em 2008 que seus salários quase equivaliam aos dos bolsistas da época.

Em 2008, diante dos resultados apresentados pela editora, em termos de produção, organização e articulação com a comunidade, conseguiu-se espaço ampliado, a sala 28 do Bloco A, térreo, na qual contou-se com uma sala de reuniões, um espaço estendido de trabalho coletivo e ainda uma área para depósito das obras ainda não comercializadas, além de um espaço na entrada para exposição das obras já publicadas para acesso do público. Para esta sala foram projetados armários e mesas adequados e também foi estruturado o espaço do depósito/arquivo morto. Me lembro de, na véspera da inauguração da sala, eu ter pintado um quadro com paisagem no qual foi colocado moldura e pendurado na parede ainda com a tinta molhada! Nesse período, continuávamos atuando com: apenas dois funcionários (um assistente administrativo e um Designer), três bolsistas de Design Gráfico, dois bolsistas que colaboravam com os serviços administrativos, duas revisoras de Língua Portuguesa, uma revisora de Língua Espanhola e uma prestadora de serviços para revisão de normas da ABNT. Nesse período (2008 a inícios de 2009), o tempo que eu tinha, como Editora-chefe, fora da sala de aula, disponibilizado para a editora, era de 20h/a. Esse espaço foi fundamental para a editora, pois, por ser um espaço extremamente bem posicionado na instituição, próximo à cantina, tornava fácil o acesso do público e a interação dos servidores, alunos e comunidade externa com a editora, além do que a preparação que se fez do espaço, de forma customizada, com grandes adesivos temáticos, etc. o tornou um espaço agradável para o qual as pessoas gostavam de se dirigir e estabelecer contatos.

Numa posterior reorganização dos espaços do IFFluminense, a editora, infelizmente, foi retirada dessa sala para ela preparada e realojada numa sala do bloco A, segundo andar. Atualmente, funciona no prédio da Reitoria em Guarus.

 

  1. Qual era o enquadramento inicial da editora no organograma da instituição?

Inicialmente a editora foi, no organograma institucional, vinculada à Diretoria de Pesquisa e Pós-graduação, noutro momento denominada Diretoria de Pesquisa e Inovação. A justificativa legal estava no artigo 4, § 1, inciso VI, do decreto n 6.095, de 24 de abril de 2007. O decreto “estabelece diretrizes para o processo de integração de instituições federais de educação tecnológica, para fins de constituição dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia – IFET, no âmbito da Rede Federal de Educação Tecnológica”. No inciso indicado, que trata da vocação dos IFETs, lê-se “oferecer programas de extensão, dando prioridade à divulgação científica”.

Esse espírito é mantido pela lei n 11.892, de 29 de dezembro de 2008, que “Institui a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, cria os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, e dá outras providências”, pois, em seu artigo 7, inciso IV, indica como um dos objetivos dos IFs “desenvolver atividades de extensão de acordo com os princípios e finalidades da educação profissional e tecnológica, em articulação com o mundo do trabalho e os segmentos sociais, e com ênfase na produção, desenvolvimento e difusão de conhecimentos científicos e tecnológicos”.

Mas a editora também estava vinculada à Fundação CEFET Campos, diante da necessidade de ter-se um CNPJ para a venda dos produtos. Na verdade, Essentia Editora foi registrado como o nome fantasia da Fundação CEFET Campos junto à Secretaria Municipal de Fazenda, no ano de 2006, tendo-se, inclusive que, para tal, alterar-se o Alvará de Licença, concedido pelo Departamento de Fiscalização da Secretaria de Fazenda da Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes, para funcionamento da Fundação, que passava a ter entre suas “atividades autorizadas” indicadas no alvará, a de “Pesquisa em Ciências Artísticas e Tecnológicas, Livro, Atividades auxiliares ou complementares”. No alvará atual, de 19 de janeiro de 2012, lê-se, entre a lista de atividades permitidas à Fundação “Atividades de apoio à educação, exceto caixas escolares, comércio varejista de livros, edição de livros”.

Destaca-se, ainda, que os dois funcionários da editora eram remunerados pela Fundação CEFET Campos e a importância da Presidente da Fundação à época, a servidora do CEFET Campos, Mirian Ribeiro, que foi fundamental no processo de legalização da editora.

 

  1. A situação da editora sofreu alguma modificação após a criação dos Institutos Federais?

No que se refere ao funcionamento cotidiano e às dificuldades ou possibilidades já indicadas, avaliamos que não. Mas, em termos de organograma, a editora passou a estar vinculada à Pró-reitoria de Pesquisa, Extensão e Inovação, sob responsabilidade do professor Vicente de Paulo Santos de Oliveira. Registre-se, no entanto, que a criação dos IFs  ocorreu em dezembro de 2008 e que eu entreguei minha função em abril de 2009. De qualquer forma, como estou presente nas reuniões de Conselho Editorial, posso afirmar que a realidade efetivamente pouco se modificou, no sentido de conseguir-se pessoal fixo, obter-se verba para publicações etc.

 

  1. Reconheceu-se, desde o início, a importância de existir uma editora na instituição?

Sim. Desde o início. Além da necessidade tanto de se profissionalizar a publicação dos periódicos como gerenciar-se academicamente as demandas que iam sendo apresentadas pela comunidade, de publicação de livros, de criação de novos periódicos, e mesmo de anais de eventos etc., havia a possibilidade efetiva de ter-se uma editora que permitisse à instituição continuar sua estruturação para atender as novas demandas advindas da verticalização, após a passagem de Escola Técnica Federal para CEFET Campos.

O reconhecimento dessa importância, no entanto, nem sempre se equiparava à disponibilização de pessoal e condições para a realização dos trabalhos. Por exemplo, havia um certo entendimento por parte de gestores que era possível efetuar os trabalhos da editora com bolsistas do curso de Design Gráfico, sem a contratação de funcionários fixos, o que fazia com que o trabalho sempre se reiniciasse a cada troca de bolsistas, aos quais era necessário ensinar todos os detalhes do trabalho, e ainda assim garantir a qualidade da publicação como se a equipe fosse toda ela experiente.                                   

 

[*] Adaptação da entrevista concedida à Profa. Vanderleida Rosa de Freitas e Queiroz, Coordenadora da Editora do IFG, em 25 de abril de 2017.