O recrudescimento penal em meio a pandemia do coronavírus no Rio de Janeiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.19180/1809-2667.v22nEspecial2020p805-819

Palavras-chave:

Sistema prisional, Política penal, Coronavírus

Resumo

A política penal ganha novos contornos no Rio de Janeiro durante a pandemia do novo coronavírus. O Estado manifesta seu direcionamento ultraconservador e punitivista para gerir a crise de saúde pública no precário sistema prisional, reduzindo direitos e expandindo a economia carcerária. O objetivo desse texto é refletir sobre alguns elementos introduzidos e/ou reafirmados durante a pandemia no sistema prisional, como o aumento dos gastos de familiares, que com as visitas suspensas, entregam mais alimentos e dinheiro; o trabalho voluntário exercido pelas presas na produção em massa de máscaras e a cogitação do uso de contêineres e alteração das normas de arquitetura prisional. Como metodologia, o estudo é bibliográfico e documental, esses últimos produzidos pelo MEPCT/RJ, órgão que monitora e fiscaliza espaços de privação de liberdade no estado, e apresenta indícios para pensar as novas dinâmicas no cárcere, de forma qualitativa. Ao fim, identifica-se a instrumentalização da crise de saúde mundial para a agenda de recrudescimento penal no Brasil, garantindo lucratividade e reprodução do capital.

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Biografia do Autor

  • Ionara Santos Fernandes, Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói/RJ
    Mestre em Sociologia e Direito (2017) pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Doutoranda no Programa de Pós-graduação em Sociologia e Direito da Universidade Federal Fluminense (UFF) – Niterói/RJ – Brasil. E-mail: inr_fernandes@hotmail.com.  

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Publicado

31-12-2020

Edição

Seção

Dossiê Temático: "Violência de Estado e política social"

Como Citar

FERNANDES, Ionara Santos. O recrudescimento penal em meio a pandemia do coronavírus no Rio de Janeiro. Revista Vértices, [S. l.], v. 22, n. Especial, p. 805–819, 2020. DOI: 10.19180/1809-2667.v22nEspecial2020p805-819. Disponível em: https://editoraessentia.iff.edu.br/index.php/vertices/article/view/15799.. Acesso em: 22 dez. 2024.