O risco construído: reflexões sobre o desastre ocorrido em Mariana, estado de Minas Gerais, em 2015

Autores

DOI:

https://doi.org/10.19180/1809-2667.v23n12021p234-255

Palavras-chave:

Desastre, Rompimento de barragens, Grade estatística, Vulnerabilidade, Distribuição espacial

Resumo

O risco é formado pela interação tempo-território específica de dois fatores, que consiste nas ameaças e nas vulnerabilidades sociais. Nessa perspectiva, este trabalho analisa o rompimento da barragem de rejeitos de mineração, localizada no município de Mariana, em Minas Gerais, a partir de uma discussão teórica sobre os desastres. A abordagem parte da concepção de construção social, bem como da reflexão sobre um risco construído historicamente, e as implicações de defini-los como tal. A metodologia utilizada foi de análise dos riscos implícitos, da distribuição espacial da população e das estimativas de população atingida, empregando os dados disponibilizados em grades regulares pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes ao Censo Demográfico (2010). Através da utilização dessas células regulares realizaram-se estimativas da população atingida, informação importante para o momento pós-desastre. Também foram estimados os potenciais impactos, considerando diferentes distâncias em relação aos cursos d´água que foram afetados pelo desastre.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Tathiane Mayumi Anazawa, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), São José dos Campos/SP
    Doutora em Demografia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Pesquisadora em estágio pós-doutoral pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) – São José dos Campos/SP – Brasil. E-mail: tathiane.anazawa@inpe.br.
  • Roberto Luiz do Carmo, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas/SP
    Doutor em Demografia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Professor Livre Docente do Departamento de Demografia, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (IFCH/UNICAMP) e pesquisador do Núcleo de Estudos de População "Elza Berquó" (NEPO/UNICAMP) – Campinas/SP – Brasil. E-mail: roberto@nepo.unicamp.br.

Referências

ANA. Agência Nacional das Águas. Encarte Especial sobre a Bacia do Rio Doce: Rompimento da Barragem em Mariana, MG. 2016. Disponível em: http://www3.snirh.gov.br/portal/snirh/centrais-de-conteudos/conjuntura-dos-recursos-hidricos/encarteriodoce_22_03_2016v2.pdf. Acesso em: 18 ago. 2020.

ANAZAWA, T. M. A Grave Escassez Hídrica e as Dimensões de um Desastre Socialmente Construído: A Região Metropolitana de Campinas entre 2013-2015. 2017. 371p. Tese (Doutorado em Demografia) - Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Campinas, 2017.

ANAZAWA, T. M.; BONATTI, T. F.; CARMO, R. L. O risco construído: reflexões sobre o desastre ocorrido em Mariana, estado de Minas Gerais, em 2015, a partir da perspectiva da relação entre população e ambiente. In: CONGRESO DE LA ASOCIACIÓN LATINOAMERICANA DE POBLACIÓN, 7., ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS POPULACIONAIS, 20., 2016, Lima. Anais […]. Lima: ALAP, ABEP, 2016. Disponível em: http://www.abep.org.br/~abeporgb/publicacoes/index.php/anais/article/view/2565. Acesso em: 7 out. 2020.

BECK, U. Sociedade de risco: rumo a uma outra modernidade. 2. ed. São Paulo, SP: Editora 34, 2011. 383 p.

BRASIL. Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres. Anuário brasileiro de desastres naturais, 2012. Brasília: CENAD, 2012. Disponível em: https://www.mdr.gov.br/images/stories/ArquivosDefesaCivil/ArquivosPDF/publicacoes/AnuariodeDesastresNaturais_2013.pdf. Acesso em: 18 ago. 2020.

BRASIL. Ministério Público Federal. Linha do Tempo. Disponível em: http://www.mpf.mp.br/grandes-casos/caso-samarco/atuacao-do-mpf/linha-do-tempo. Acesso em: 10 dez. 2020.

BRASIL. Portaria nº 222, de 10 de novembro de 2015. Disponível em: https://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-n%C2%BA-222-de-6-de-maio-de-2019-87304779. Acesso em: 18 ago. 2020.

CARDONA, O. D. Evaluación de la amenaza, la vulnerabilidad y el riesgo. In: MASKREY, A. (org.). Los Desastres no son Naturales. Panamá: LaRED - Red de Estudios Sociales en Prevención de Desastres en América Latina, 1993.

CARMO, R. L. População, riscos, vulnerabilidade e desastres: conceitos básicos. In: SIQUEIRA, A. et al. (org.). Riscos de desastres relacionados à água: aplicabilidade das bases conceituais das Ciências Humanas e Sociais na análise de casos concretos. São Carlos: RiMA, 2015.

D’ANTONA, A. O.; BUENO, M. C. D.; DAGNINO, R. S. Estimativa da população em unidades de conservação na Amazônia Legal brasileira: uma aplicação de grades regulares a partir da Contagem 2007. R. bras. Est. Pop., v. 30, n. 2, p. 401-428, 2013.

D’ANTONA, A. O.; BUENO, M. C. D.; DAGNINO, R. Using regular grids for spatial distribution of census data for population and environment studies in Brazil. In: POPULATION ASSOCIATION OF AMERICA ANNUAL MEETING PROGRAM, 2011, Washington. Anais […]. Washington: PAA, 2011.

DEICHMANN, U.; BALK, D.; YETMAN, G. Transforming Population Data for Interdisciplinary Usages: From census do grid. Palisades, N.Y.: Center for International Earth Science Information Network (CIESIN), Columbia University, 2001.

DOBSON, J. E. et al. LandScan: A Global Population Database for Estimating Populations at Risk. Photogrammetric Engineering and Remote Sensing, n. 668, p. 49-857, 2000.

DUARTE, A. P. Classificação das Barragens de Contenção de Rejeitos de Mineração e de Resíduos Industriais no Estado de Minas Gerais em Relação ao Potencial de Risco. 2008. Dissertação (Mestrado em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2008.

ESPINDOLA, H. S.; NODARI, E. S.; SANTOS, M. A. Rio Doce: riscos e incertezas a partir do desastre de Mariana, MG. Revista Brasileira de História, v. 39, n. 81, p. 141-162, 2019.

FREITAS, C. M. et al. Da Samarco em Mariana à Vale em Brumadinho: desastres em barragens de mineração e Saúde Coletiva. Cad. Saúde Pública, v. 35, n. 5, p. 1-7, 2019.

GRUPO FORÇA-TAREFA. Relatório: Avaliação dos efeitos e desdobramentos do rompimento da Barragem de Fundão em Mariana, MG. 2016. Disponível em: http://www.agenciaminas.mg.gov.br/ckeditor_assets/attachments/770/relatorio_final_ft_03_02_2016_15h5min.pdf. Acesso em: 18 mar. 2016.

HODGKINSON, P. E. Technological disaster-survival and bereavement. Social Science Medicine, v. 29, n. 3, p. 351-356, 1989.

IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Laudo Técnico Preliminar. Disponível em: http://www.ibama.gov.br/phocadownload/noticias_ambientais/laudo_tecnico_preliminar.pdf. Acesso em: 12 dez. 2015.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Grade Estatística. 2016. Disponível em: ftp://geoftp.ibge.gov.br/malhas_digitais/censo_2010/grade_estatistica/Grade_Estatistica .pdf. Acesso em: 4 mar. 2020.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estimativas populacionais para os municípios e para as Unidades da Federação brasileiros em 01.07.2015. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/estimativa2015/estimativa_dou.shtm. Acesso em: 12 dez. 2015.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010. Características da população e dos domicílios: Resultados do universo. 2010. Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/93/cd_2010_caracteristicas_populacao_domicilios.pdf.Acesso em: 21 dez. 2016.

ICOLD. International Commission on Large Dams. Tailing Dams Risk of Dangerous Occurrences: Lessons learnt from practical experiences. Paris, 2001. (Bulletin, 121).

LAVELL THOMAS, A.; FRANCO, E. Estado, Sociedad y Gestión de los Desastres en América Latina: En busca del paradigma perdido. Lima, Perú: La Red-FLACSO-IT; Perú: Lahmann, 1996.

LAVELL THOMAS, A. Desastres y desarrollo: hacia un entendimiento de las formas de construcción social de un desastre. El caso del huracán Mitch en Centroamérica. In: GARITA, N.; NOWALSKI, J. (ed.). Del desastre al desarrollo humano sostenible en Centroamérica. San José de Costa Rica: Banco Interamericano de Desarrollo, Centro Internacional para el Desarrollo Humano Sostenible, 2000. p. 7-45.

LAVELL THOMAS, A. Ciencias Sociales y Desastres Naturales en América Latina: Un Encuentro Inconcluso. In. MASKREY, A. (org.). Los Desastres no son Naturales. Panamá: LaRED - Red de Estudios Sociales en Prevención de Desastres en América Latina, 1993. p. 135-154.

LIEBER, R. R.; ROMANO-LIEBER, N. S. Risco e precaução no desastre tecnológico. Cadernos Saúde Coletiva, v. 13, n. 1, p. 67-84, 2005.

MARANDOLA JR., E. J.; D'ANTONA, A. O. Vulnerabilidade: Problematizando e Operacionalizando o Conceito. In: CARMO, R.; VALENCIO, N. (org.). Segurança humana no contexto dos desastres. 1. ed. São Carlos: Rima Editora, 2014. p. 45-61.

MINAS GERAIS. Fundação Estadual do Meio Ambiente. Inventário de barragem do Estado de Minas Gerais. Ano 2014. Belo Horizonte, 2015. Disponível em: http://www.feam.br/images/stories/2015/DECLARACOES_AMBIENTAIS/GESTAO_DE_BARRAGENS/correo_inventrio%20de%20barragens_2014_final.pdf. Acesso em: 18 mar. 2016.

MINAS GERAIS. Fundação Estadual do Meio Ambiente. Inventário de barragem do Estado de Minas Gerais. Ano 2015. Belo Horizonte, 2016. Disponível em: http://www.feam.br/images/stories/2016/RESIDUOS_MINERA%C3%87%C3%83O/Invent%C3%A1rio_de_Barragens_2015_Final_V01.pdf. Acesso em: 18 mar. 2016.

ROMERO, G.; MASKREY, A. Como entender los desastres naturales. In: MASKREY, A. (org.). Los Desastres no son Naturales. Panamá: LaRED - Red de Estudios Sociales en Prevención de Desastres en América Latina, 1993.

SILVEIRA, E. M. O. et al. Object-based change detection using semivariogram indices derived from NDVI images: The environmental disaster in Mariana, Brazil. Ciência e Agrotecnologia, v. 41, n. 5, p. 554-564, 2017.

A TRAGÉDIA do Rio Doce: a lama, o povo e a água: Relatório de campo e interpretações preliminares sobre as consequências do rompimento da barragem de rejeitos de Fundão (Samarco/VALE/BHP). Belo Horizonte, MG: UFMG; Juiz de Fora, MG: UFJF, 2016. Disponível em: http://www.ufjf.br/noticias/files/2016/02/ufmg_ufjf_relatorioexpedicaoriodoce_v2.pdf. Acesso em: 18 fev. 2016.

VALENCIO, N. Sociologia dos desastres: construção, interfaces e perspectivas no Brasil. São Carlos: RiMa Editora, 2013.

ZHOURI, A. et al. O desastre da Samarco e a política das afetações: classificações e ações que produzem o sofrimento social. Cienc. Cult., São Paulo, v. 68, n. 3, p. 36-40, 2016.

Publicado

30-04-2021

Edição

Seção

Dossiê Temático: "Riscos e Desastres Socioambientais"

Como Citar

ANAZAWA, Tathiane Mayumi; CARMO, Roberto Luiz do. O risco construído: reflexões sobre o desastre ocorrido em Mariana, estado de Minas Gerais, em 2015 . Revista Vértices, [S. l.], v. 23, n. 1, p. 234–255, 2021. DOI: 10.19180/1809-2667.v23n12021p234-255. Disponível em: https://editoraessentia.iff.edu.br/index.php/vertices/article/view/15835.. Acesso em: 18 nov. 2024.