O risco construído: reflexões sobre o desastre ocorrido em Mariana, estado de Minas Gerais, em 2015
DOI:
https://doi.org/10.19180/1809-2667.v23n12021p234-255Palavras-chave:
Desastre, Rompimento de barragens, Grade estatística, Vulnerabilidade, Distribuição espacialResumo
O risco é formado pela interação tempo-território específica de dois fatores, que consiste nas ameaças e nas vulnerabilidades sociais. Nessa perspectiva, este trabalho analisa o rompimento da barragem de rejeitos de mineração, localizada no município de Mariana, em Minas Gerais, a partir de uma discussão teórica sobre os desastres. A abordagem parte da concepção de construção social, bem como da reflexão sobre um risco construído historicamente, e as implicações de defini-los como tal. A metodologia utilizada foi de análise dos riscos implícitos, da distribuição espacial da população e das estimativas de população atingida, empregando os dados disponibilizados em grades regulares pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes ao Censo Demográfico (2010). Através da utilização dessas células regulares realizaram-se estimativas da população atingida, informação importante para o momento pós-desastre. Também foram estimados os potenciais impactos, considerando diferentes distâncias em relação aos cursos d´água que foram afetados pelo desastre.Downloads
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