Violência do Estado e expropriação das populações indígenas no Brasil contemporâneo: terra, território, trabalho e criminalização da Questão Social

Autores

  • William Berger Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Vitória/ES

DOI:

https://doi.org/10.19180/1809-2667.v22nEspecial2020p907-927

Palavras-chave:

Violência, Terra, Território, Trabalho, Questão social

Resumo

Este artigo apresenta a problemática indígena como expressão da questão social na formação econômica, social e espacial brasileira e suas expressões na contemporaneidade. As categorias terra e território, a partir da centralidade do trabalho, são tomadas como fundamento histórico do desenvolvimento desigual e combinado. Desde a formação do capitalismo dependente na América Latina, sob a exploração e opressão das raízes indígenas e negras, perpetuou-se o sentido da colonização escravista. Processo marcado por uma profunda violência do Estado com expropriação e superexploração dos povos tradicionais da região. No contemporâneo contexto urbano com o contínuo processo de expulsão desses povos de suas terras, criminalização e furto de direitos, em uma sociedade supostamente democrática, dá-se a tônica da expropriação. Terra, território e trabalho são, assim, três categorias fundantes da questão social na América Latina, que só se compreende a partir da centralidade da questão agrária.

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Biografia do Autor

  • William Berger, Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Vitória/ES
    Doutor em Serviço Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2017). Professor adjunto do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) – Vitória/ES – Brasil. E-mail: williambergere@gmail.com.  

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Publicado

31-12-2020

Edição

Seção

Dossiê Temático: "Violência de Estado e política social"

Como Citar

BERGER, William. Violência do Estado e expropriação das populações indígenas no Brasil contemporâneo: terra, território, trabalho e criminalização da Questão Social. Revista Vértices, [S. l.], v. 22, n. Especial, p. 907–927, 2020. DOI: 10.19180/1809-2667.v22nEspecial2020p907-927. Disponível em: https://editoraessentia.iff.edu.br/index.php/vertices/article/view/15801.. Acesso em: 3 jul. 2024.