Na vida dez, na escola dez: breve discussão crítica acerca de pressupostos psicológicos e seus desdobramentos sobre a avaliação em Matemática escolar
DOI:
https://doi.org/10.5935/1809-2667.20080011Palavras-chave:
Competência matemática, Avaliação em Matemática, Modelos de inteligênciaResumo
O presente artigo busca oferecer subsídios, oriundos da Psicologia, à discussão acerca da avaliação de competências cognitivas em Matemática. Os modelos atuais de avaliação escolar em geral, e avaliação matemática em particular, repousam, necessariamente, sobre concepções acerca de um sujeito humano fazendo Matemática. Tais concepções apóiam-se sobre modelos para o funcionamento cognitivo humano, em articulação com aspectos referentes à própria organização da Matemática, enquanto domínio de saber sócio-historicamente organizado e epistemologicamente circunscrito. Os modelos recentes fornecidos pela Psicologia da inteligência são aqui revistos, procurando-se evidenciar suas contribuições e limitações. Conclui-se, contudo, defendendo-se que nenhuma avaliação pode prescindir de tais modelos, mesmo que nenhum deles possa almejar a condição de definitivos, apresentando-se aqui pontos considerados cruciais para o delineamento de perfil de referência desejável de aprendiz de matemática, como referência para a avaliação da competência Matemática.Downloads
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