Na vida dez, na escola dez: breve discussão crítica acerca de pressupostos psicológicos e seus desdobramentos sobre a avaliação em Matemática escolar

Autores

  • Jorge Tarcísio da Rocha Falcão Universidade Federal do Rio Grande do Norte

DOI:

https://doi.org/10.5935/1809-2667.20080011

Palavras-chave:

Competência matemática, Avaliação em Matemática, Modelos de inteligência

Resumo

O presente artigo busca oferecer subsídios, oriundos da Psicologia, à discussão acerca da avaliação de competências cognitivas em Matemática. Os modelos atuais de avaliação escolar em geral, e avaliação matemática em particular, repousam, necessariamente, sobre concepções acerca de um sujeito humano fazendo Matemática. Tais concepções apóiam-se sobre modelos para o funcionamento cognitivo humano, em articulação com aspectos referentes à própria organização da Matemática, enquanto domínio de saber sócio-historicamente organizado e epistemologicamente circunscrito. Os modelos recentes fornecidos pela Psicologia da inteligência são aqui revistos, procurando-se evidenciar suas contribuições e limitações. Conclui-se, contudo, defendendo-se que nenhuma avaliação pode prescindir de tais modelos, mesmo que nenhum deles possa almejar a condição de definitivos, apresentando-se aqui pontos considerados cruciais para o delineamento de perfil de referência desejável de aprendiz de matemática, como referência para a avaliação da competência Matemática.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Jorge Tarcísio da Rocha Falcão, Universidade Federal do Rio Grande do Norte
    Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Professor Colaborador do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Pernambuco.

Referências

ABREU, G. M. O uso da matemática na agricultura: o caso dos produtores de cana-de-açúcar. Recife, 1988.

Dissertação (mestrado) Psicologia Cognitiva, Universidade Federal de Pernambuco.

ACIOLY, N. M. La juste mesure: une étude des compétences mathématiques des travailleurs de la canne à sucre du nordeste du Brésil dans le domaine de la mesure. Paris, 1994. Tese (doutorado), Université de Paris-5.

ACIOLY, N. M. A Lógica Matemática no Jogo do Bicho: compreensão ou aplicação de regras? Recife, 1985. Dissertação (mestrado) Psicologia Cognitiva, Universidade Federal de Pernambuco.

ARSAC, G. et al. La Transposition didactique à l’épreuve. Grenoble: La Pensée Sauvage Éditions, 1994.

BACHELARD, G. A formação do espírito científico. Rio de Janeiro: Contraponto, 1986.

BROUSSEAU, G. Théorie des situations didactiques. Grenoble: La Pensée Sauvage, 1998.

BRUNER, J. Atos de significação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

CARRAHER, T. N.; CARRAHER, D. W.; SCHLIEMANN, A. D. Na vida dez, na escola zero. São Paulo: Cortez, 1988.

CHC PROJECT Cattell-Horn-Carroll (CHC) Definition Project. Disponível em: http://www.iapsych.com/chcdef.htm. Acesso em: jul. 2008.

CHEVALLARD, Y. La transposition didactique. Grenoble: La Pensée Sauvage, 1985.

FALCÃO, J. T. R. Os saberes oriundos da escola e aqueles oriundos da cultura extra-escolar: hierarquia ou complementaridade? Saber & Educar, Porto, n. 13, p. 109-123, 2008.

FALCÃO, J. T. R. Conceptualisation en acte, conceptualisation explicite: quels apports théoriques à offrir à la didactique des mathématiques et des sciences? In: NUMA-BOCAGE, L.; MERRI, M.; VANNIER, M. P. Activité humaine et conceptualisation: questions à Gérard Vergnaud. Toulouse (France), Presses Universitaires du Mirail, 2007.

FALCÃO, J. T. R. Psicologia da educação matemática: uma introdução. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.

FALCÃO, J. T. R. Lenguaje algebraico: un enfoque psicológico. Uno – Revista de Didáctica de las Matemáticas (Barcelona – Espanha). v. 14, p. 25-38, 1997.

FALCÃO, J. T. R. Clinical analysis of difficulties in algebraic problem solving among Brazilian students: principal aspects and didactic issues. Proceedings of the XXth International Conference for the Psychology of Mathematics Education. v. 2, p. 257-264, 1996.

FALCÃO, J. T. R.; HAZIN, I. Dez mitos acerca do ensino e da aprendizagem de matemática. Pesquisas e práticas em educação matemática. v. 1, n. 1, p.27-48, 2007.

FRADE, C. Castro, FALCÃO, J. T. da Rocha. Exploring connections between tacit knowing and situated learning perspectives in the context of mathematics education. In: Watson, A., Winbourne, P. (Orgs.). New directions for situated cognition in mathematics education. London: Springer, 2008.

HAZIN, I. A atividade matemática de crianças com epilepsia idiopática generalizada do tipo ausência: contribuições da neuropsicologia e da psicologia cognitiva. Recife, 2006. Tese (doutorado), Programa de Pós-Graduação em Psicologia Cognitiva – UFPE.

IAP CHC theory. Disponível em: http://www.iapsych.com/IAPWEB/CHCTheory.html. Acesso em: jul. 2008.

INEP Instrumentos de avaliação da educação básica. Disponível em: http://www.inep.gov.br/. Acesso em jul. 2008.

KANE, M. T. Current Concerns in Validity Theory. Journal of Educational Measurement, v. 38, n. 4, p. 319-342, 2001.

KUHN, T. S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1978.

LAKATOS, I. La metodologia de los programas de pesquisa. Madrid: Alianza, 1987.

LATOUR, B. Ciência em ação. São Paulo: UNESP, 2000.

LAVE, J.; WENGER, E. Situated learning: Legitimate peripheral participation. New York: Cambridge University Press, 1991.

LEONTIEV, A. O desenvolvimento do psiquismo. São Paulo: Moraes, 1977.

LIMA, N. Carvalho. Aritmética na feira: o saber popular e o saber da escola. Recife, 1986. Dissertação (mestrado) Psicologia Cognitiva, Universidade Federal de Pernambuco.

MARKOVÀ, I. Dialogicidade e representações sociais: as dinâmicas da mente. Petrópolis: Vozes, 2006.

MEC. Ministério da Educação e do Desporto – Brasil. Parâmetros Curriculares Nacionais – 1 ciclo do ensino fundamental – Matemática. Brasília, Secretaria de Ensino Fundamental, 1997.

O VERBO. Menina britânica é recebida como heroína um ano após tsunami. Disponível em: http://www.overbo.com.br/modules/news/article.php?storyid=446. Acesso em jul. 2008.

PERRENOUD, P. La transposition didactique à partir de pratiques: des savoirs aux competences. Revue des sciences de l’éducation, v. 24, n. 3, 1998, p. 487-514. Disponível em: http://id.erudit.org/iderudit/031969ar. Acesso em: jul. 2008.

PERRENOUD, P. Diez nuevas competencias para enseñar. Barcelona, Graó, 2004.

PERRENOUD, P. Construir competências é viras as costas aos saberes? Pátio. Revista pedagógica. Porto Alegre, n. 11, p. 15-19, nov. 1999.

PERRENOUD, P. Construir as competências desde a escola. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

PIAGET, J. Biologia e conhecimento: ensaio sobre as relações entre as regulações orgânicas e os processos cognoscitivos. Petrópolis: Vozes, 1973.

PIAGET, J. Epistemologia genética. São Paulo: Martins Fontes, 1990.

PIAGET, J. Réussir et comprendre. Paris: Presses Universitaires de France, 1974.

PISA. Program for international student assessment. Disponível em: http://www.pisa.oecd.org/pages/0,2987,en_32252351_32235731_1_1_1_1_1,00.html. Acesso em: jul. 2008.

POLYA, G. How to solve it. Princeton: Princeton University Press, 1973.

PRIMI, R. Inteligência: Avanços nos modelos teóricos e nos instrumentos de medida. Avaliação Psicológica, v. 1, p. 67-77, 2003.

PRIMI, R. Inteligência fluida: definição fatorial, cognitiva e neuropsicológica. Paideia, v. 12, n. 23, p. 57-75, 2002.

PRIMI, R et al. Competências e Habilidades Cognitivas: diferentes definições dos mesmos construtos. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 17, n. 2, p. 151-15, 2001.

ROMMETVEIT, R. On the role of “a psychology ofthe second person” in studies of meaning, language, and mind. Mind, culture and activit, v. 10, n. 3, p. 205-218, 2003.

SAEB. Relatório SAEB 2001 – Matemática. Disponível em: http://www.inep.gov.br/basica/saeb/saeb_01.htm. Acesso em: jul. 2008.

SCHELINI, P. W. Teoria das inteligências fluida e cristalizada: início e evolução. Estudos de Psicologia 2006, v. 11, n. 3, p. 323-332. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/epsic/v11n3/10.pdf. Acesso em: jul. 2008.

SCHLIEMANN, A. D. Mathematics among carpenters and apprentices. In: DAMEROW, P. et al. (Eds.). Mathematics for all, Paris: UNESCO, 1984, p. 92-95.

STARNEWS. O que são tsunamis? Disponível em: http://www.starnews2001.com.br/tsunami/tsunami.html. Acesso em: jul. 2008.

STERNBERG, R. J. A component process in analogical reasoning. Psychological Review, v. 84, n. 4, p. 353-378, 1977.

VERGNAUD, G. The nature of mathematical concepts. In: NUNES, T.; BRYANT, P. Learning and teaching mathematics: an international perspective. London, Psychology Press, 1997.

VERGNAUD, G. La théorie des champs conceptuels. Recherches en Didactique des Mathématiques. v. 10, n. 23, p. 133-170, 1990.

Publicado

05-04-2023

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Na vida dez, na escola dez: breve discussão crítica acerca de pressupostos psicológicos e seus desdobramentos sobre a avaliação em Matemática escolar. Revista Vértices, [S. l.], v. 10, n. 1/3, p. 117–140, 2023. DOI: 10.5935/1809-2667.20080011. Disponível em: https://editoraessentia.iff.edu.br/index.php/vertices/article/view/1809-2667.20080011.. Acesso em: 18 abr. 2024.