Cartas de Liberdade (1885-1888) e a Resistência: Reflexões para o Ensino de História na Educação Profissional e Tecnológica
DOI:
https://doi.org/10.19180/1809-2667.v27n12025.23445Palavras-chave:
educação antirracista, Cartas de Liberdade, NEABI, resistênciasResumo
O presente artigo é proveniente da pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT) do IFFluminense, cujo objetivo é promover a utilização das Cartas de Liberdade, documentos de fontes primárias, localizadas no Centro de Documentação de Carangola/MG, no Campus Bom Jesus do Itabapoana (RJ), a fim de contribuir para a promoção de uma educação antirracista. A metodologia do estudo está fundamentada em pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e pesquisa de campo. Pautada em uma proposta de educação antirracista, a investigação está materializada por meio de um minicurso, estruturado em dois momentos distintos. O primeiro enfoca o contexto desde a ocupação pela Família Lannes à emancipação de Carangola destacando os fatos históricos relacionados ao povoamento da região e às relações escravistas. O segundo, por meio de uma pesquisa bibliográfica, classifica as Cartas de Liberdade, a fim de destacar os escravizados como sujeitos do processo, suas formas de resistência e as estratégias de sobrevivência. Os resultados apontam que é fundamental apresentar as questões étnico-raciais por uma outra conjuntura, que não a do europeu, mas capaz de ressaltar a riqueza cultural das sociedades africanas.Downloads
Referências
AÇÃO de Liberdade: nº18, Maço: 06, Centro de Documentação Histórica de Carangola/MG Ação de Liberdade, maço 7, feito 11 1886, Centro de Documentação Histórica de Carangola/MG.
ALMEIDA, S. Racismo estrutural. São Paulo: Pólen, 2018.
ALVES, C. S. Registros da liberdade: condições e possibilidades para alforria em Feira de Santana (Bahia, 1850-1880). 2022. 257 f. Tese (Doutorado em História) ‒ Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2022. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/36444. Acesso em: 16 jun. 2025.
AMORIM, A. M.; PAULA, M. H. Configurações de liberdade em cartas de alforria de Catalão-Goiás (1861-1876). MOARA–Revista Eletrônica do Programa de Pós-Graduação em Letras, v. 1, n. 50, p. 169-186, 2019. DOI: http://dx.doi.org/10.18542/moara.v1i50.6810. Disponível em: https://periodicos.ufpa.br/index.php/moara/article/view/6810. Acesso em: 17 jun. 2025.
BBC. 'Não foi a 1ª, nem 2ª e nem 3ª': dez vezes em que Vini Jr foi vítima de racismo na Espanha. G1, 22 maio 2023. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2023/05/22/nao-foi-a-1a-nem-2a-e-nem-3a-dez-vezes-em-que-vini-jr-foi-vitima-de-racismo-na-espanha.ghtml. Acesso em: 22 out. 2024.
BLOCH, M. A história, os homens e o tempo. In: BLOCH, M. Apologia da História ou O ofício do Historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001.
BOECHAT, M. C. C. R. A ocupação da Região de Carangola: um estudo sobre a expansão das fronteiras agrícolas da zona da mata mineira na segunda metade do século XIX. 2006. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Severino Sombra-UNIVERSO, Vassouras, 2006.
BRASIL. Lei 10.639 de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2003. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm. Acesso em: 21 mar. 2023.
CAIXETA, M. R. Por uma pedagogia multirracial: inclusão, emancipação e ressignificação dos estudantes negros no ambiente escolar. 2020. Dissertação (Mestrado em Educação Profissional e Tecnológica –EPT) – Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Triângulo Mineiro, Uberaba, 2020.
CARVALHO, M. J. M. Liberdade: rotinas e rupturas do escravismo no Recife, 1822- 1850. 2. ed. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2010.
CARVALHO, R. A. B. Imigrantes italianos em uma nova fronteira: Noroeste Fluminense (1896–1930). 2001. 135 f. Dissertação (Mestrado em História Social do Trabalho) ‒ Universidade Severino Sombra-UNIVERSO, Vassouras, 2001.
CASTRO, H. M. M. Das cores do silêncio: significados da liberdade no sudeste escravista. Brasil, Século XIX. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998.
CHALHOUB, S. Visões da liberdade: Uma história das últimas décadas da escravidão na Corte. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
CORRÊA, R. R. Cotidiano, criminalidade e relações escravistas em Santa Luzia do Carangola (MG) – 1873 e 1888. In: CONGRESSO INTERNACIONAL UFES/PARIS-EST, 6., 2017, Vitória. Anais […].
COSTA, E. V. Da Senzala à Colônia. São Paulo: DIFEL. 1966.
DIAS, S. O. As ações de liberdade de escravos na justiça de Mariana 1850-1888. 2010. 156 f. Dissertação (Mestrado em História) ‒ Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2010. Disponível em: http://www.repositorio.ufop.br/handle/123456789/2586. Acesso em: 17 jun. 2025.
IFFLUMINENSE. NEABIs: Núcleos de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas Disponível em: https://admin.portal.iff.edu.br/o-iffluminense/extensao/programas/nucleos-de-estudo-afro-brasileiros-e-indigenas-neabi/neabis. Acesso em: 21 jul. 2025.
KARASCH, M. C. A vida dos escravos no Rio de Janeiro (1808-1850). São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
LEAL, F. P. Diversidade e relações étnico-raciais na educação profissional e tecnológica: uma proposta de curso livre enfrentamento ao preconceito. 2023. 101 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT)) ‒ Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul, Campo Grande-MS, 2023. Disponível em: https://sucupira-legado.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=14036904. Acesso em: 17 jun. 2025.
MACEDO, J. Descolonizando a narrativa: O papel da história africana na construção da identidade nacional. Revista de Teoria da História, v. 23, n. 1, pp. 233-258, 2020.
MASSA, F. Um francês no vale do Carangola: Alexandre Brèthel, farmacêutico e fazendeiro (pesquisa sobre sua correspondência brasileira, 1862-1901). [s. l.]: Crisálida, 2016.
MATTOSO, K. M. Q. Ser escravo no Brasil. 3. ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 2003.
MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência: obra poética. [3. ed.]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005.
MERCADANTE, P. Crônica de uma Comunidade Cafeeira o vale e o rio. Belo Horizonte: Itatiaia, 1990.
MERCADANTE, P. Da Aventura Pioneira ao Destemor à Travessia: Santa Luzia do Carangola. Belo Horizonte: Itatiaia, 2003.
MOURA, C, Rebeliões na senzala: quilombos, insurreições, guerrilhas. São Paulo: Ed. Ciências Humanas, 1981.
MOYA, I. Redação do Enem tem valorização da herança africana no Brasil como tema. Estadão, São Paulo, 3 nov. 2024. Disponível em: https://www.estadao.com.br/educacao/tema-redacao-enem-2024/. Acesso 4 nov. 2024.
PACINI, H. F. O silêncio de griot: as representações da escravidão africana nas aulas de história no ensino fundamental. 2016. 153 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de Educação. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016. DOI: https://doi.org/10.11606/D.48.2017.tde-30032017-160359. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-30032017-160359/. Acesso em: 17 jun. 2025.
PINHEIRO, B. C. S. Filosofia de onde? Filosofia para quem?: considerações éticas em afroperspectiva na filosofia ubuntu. 2021. 40 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Filosofia) - Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH). Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2021. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/34929. Acesso em: 17 jun. 2025.
RESENDE, L. S.; SILVA, A. V. A concessão da liberdade no Brasil escravista: os sentidos de liberdade em cartas de alforria. identidade!, São Leopoldo, v. 21, n. 1, p. 4-17, 2016. Disponível em: https://revistas.est.edu.br/Identidade/article/view/1478. Acesso em: 17 jun. 2025.
SANTOS, J. V. Liberdade na escravidão: uma abordagem semântica do conceito de liberdade em cartas de alforria. 2008. 257 p. Tese (Doutorado em Linguística) - Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, 2008. DOI: https://doi.org/10.47749/T/UNICAMP.2008.436056. Disponível em: https://revistas.est.edu.br/Identidade/article/view/1478. Acesso em: 17 jun. 2025.
SIQUEIRA, Y. P.; DIAS, I. A. D. S.; AMORIM, C. R. Formação em Educação das Relações Étnico-Raciais: dialogando sobre práticas educativas. Revista Eletrônica Pesquiseduca, Santos, v. 12, n. 28, p. 628–647, 2020. DOI: https://doi.org/10.58422/repesq.2020.e1011. Disponível em: https://periodicos.unisantos.br/pesquiseduca/article/view/1011. Acesso em: 20 maio 2025.
SLENES, R. W. Na Senzala uma Flor: esperança e recordações na formação da família escrava- Brasil Sudeste, século XIX. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
SÔNEGO, M. J. F. Cartas de alforria em Alegrete (1832-1886): informações, revelações e estratégias dos escravos para a liberdade. 2010. 113 f. Dissertação (Mestrado em História) - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2010.
SOUZA, E. A. A lei 10.639/03 na formação de professores e o pertencimento étnico-racial em escolas públicas de Porto Alegre. 2009. 140 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009. Disponível em: http://hdl.handle.net/10183/21374. Acesso em: 20 maio 2025.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Dayane de Barros Mazotto, Jefferson Manhães de Azevedo, Karina Hernandes Neves

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os autores do manuscrito submetido à revista Vértices, representados aqui pelo autor correspondente, concordam com os seguintes termos:
Os autores mantêm os direitos autorais e concedem sem ônus financeiro à revista Vértices o direito de primeira publicação.
Simultaneamente o trabalho está licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0), que permite copiar e redistribuir os trabalhos por qualquer meio ou formato, e também para, tendo como base o seu conteúdo, reutilizar, transformar ou criar, com propósitos legais, até comerciais, desde que citada a fonte.
Os autores não receberão nenhuma retribuição material pelo manuscrito e a Essentia Editora irá disponibilizá-lo on-line no modo Open Access, mediante sistema próprio ou de outros bancos de dados.
Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada na revista Vértices (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico.
Os autores têm permissão e são estimulados a divulgar e distribuir seu trabalho online na versão final (posprint) publicada pela revista Vértices em diferentes fontes de informação (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer tempo posterior à primeira publicação do artigo.
A Essentia Editora poderá efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com o intuito de manter o padrão culto da língua, contando com a anuência final dos autores.
As opiniões emitidas no manuscrito são de exclusiva responsabilidade do(s) autor(es).